quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

repescado da semana ... this post !!

e a 27 de agosto escreveu-se neste canto :

ventos !

E dos ventos que ouvira
Dos lugares que sentira
Nos momentos então tidos
Em sonhos de menino grande
De tudo um pouco guardara
De tudo muito deixara


E na solidão a surpresa
De se saber na mão de alguém
Desculpem ventos
Voltem lugares
Nos dias, em todos os dias
Aprenderei a ficar

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

passeio no paredão !!

Entro na estação de serviço do costume, dirijo-me aos jornais onde pego n ' A Bola ' enquanto lhe agarro as ' gordas ' da 1ª página, peço um café ao balcão ao mesmo tempo que preparo isqueiro e cigarro. Um sol quente e anormal para quadra natalicia a pedir cenários de neve e pistas de trenós para renas de autómatos Santa's , crucificados em varandas e fachadas onde patéticamente trepam para chaminés em forma de ventiladores, um sol quente dizia, dá ao ambiente um toque inesperado de acolhedor sitio para o ritual diário da tríade BB&M, bola, bica e marlboro ! Duas baforadas, um gole a medo sorvido e algumas noticias com nada de novo mas em obrigatório tom encarnado, são invadidas por frases entrecortadas em vizinha chamada de telemóvel. Mais que desconcentrarem-me, obrigam-me a um olhar inevitável , como se necessidade sentisse de dar rosto àquelas palavras escutadas por inerência geográfica. Uma mulher de terceira idade, seja lá que idade possa essa ser, ensaia desajeitado diálogo de frases soltas em torno de tudo e nada, do tempo estranho que nos aquece ao desfiar do que fez ontem e fará de seguida. Por mais que queira voltar às desportivas actualidades, sinto-me levado naquele timido namoro, imagino as respostas possiveis vindas do outro lado da linha, a minha companheira de pastelaria de estação de serviço conduz o momento para um momento mais que os seus olhos indicam desejar. Percebo que não está fácil, não se vislumbram os imediatismos de quem vive a correr, mistura-se-lhe o brilho de esperança e o cansaço de imaginar solidões, esqueço a actualidade não lida, arrefece-me a bica e queima-se o cigarro, invade-me também pequena agonia que possa resultar de tudo terminar por ali. Apetece-me pegar no aparelho, fazer uso de práticas sedutoras e em nome da já minha amiga, tal é a ternura que sinto naquele olhar de vida que não morre, levar o interlocutor a dizer que sim ... que iria passear em paredão de sol junto ao mar, dar as mãos que voltaram a acordar sós, trocar beijos do mesmo velho amor , com aquele coração que batia por companhia. Dir-lhe-ia mesmo, que bonita é a tua namorada meu velho.... que beleza de mãos gastas , de olhos que brilham quando não choram nem desistem , que linda é esta mulher !
O facto é que a vida me queria noutros lados, já nem cumpri o ritual com a cadenciada devoção, saí de volta ao carro não sem antes lançar um ultimo olhar em busca de um sorriso que em sua certeza me apaziguasse. Reentrei na Marginal e fui ao cantinho dentro de mim onde Lhe peço que interfira ! Deus queira pois que passeiem por esta hora !

voando sem fugir ...

Descanso de sol a rodos, mergulho em mornas águas, abro e fecho os olhos como quem pensa que pensa entretanto, escuto o ritmo abalançado que dança no ar, o corpo cede e pede alimento e de corrida encontro um banco corrido, sento-me e sacio-me, choco olhar com pessoa nunca vista, volta meia volta trocam-se-me as voltas e a olhar volto, não reparo bem no momento mas ainda o lembro, um pássaro pousa bruscamente no prato com polenta e voa lesto e livre num bater de asas que prende e agarra, faz tempo que não via janela assim ! Não é normal, mas saí a voar também ... Sem medos das alturas !

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

noites frias ...

Como se houvesse
Frio e calor
E a pessoa soubesse
Um caminho sem dor
Se risse e tivesse
Um rosto de amor
E querendo quisesse
A inocência repor

E viver em dias tantos
Olhares voando vazios
Ventos em palavras ditos
Gritos em triste demente
Pisando , esquecendo prantos
De gentes e sitios baldios
De bocados apenas malditos
Em vida fantasma e dormente

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

e trouxe o vento...

... pela janela que teima em quedar-se aberta em tempestade de mortas quietudes :


I only ask of God
He won't let me be indifferent to the suffering
........ outlandish

Tudo que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais
........................................................vanessa da mata

Got you both !

repescado da semana ... this post !!!

e a 18 de julho escreveu-se neste canto :

em nome do pai


E em nome de Deus
De todos os Deuses
Aprenderam a matar
Viveram a pisar
Esqueceram as cruzes
Os iguais seus

Grande o perdão
Divina a missão
E dos pregos na mão
Sobrou a solidão
Não creias que foi em vão
A fraqueza do coração

Perdoa Deus Pai
De nomes sem lugar
Tanto uso, tanto abuso
Este homem que cai
De fraca vontade de amar
Que te fez um intruso

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

história de um natal diferente !

chegou-me daqui ...

' ... A travessa das rabanadas caiu estrondosamente no tapete. No mesmo tapete onde os dois se tinham sentado 20 anos antes. No mesmo tapete onde tinham feito amor, na única vez que estiveram juntos! Naquele tapete, onde os dois viam agora em simultâneo, um passado escrito a açucar e canela! ... '



... O embaraço da situação, um chão cheio de rabanadas ao som de uma travessa que se estatelava desajeitadamente, o olhar atávico e parado de Ambrósio e Miquelina, seus tios de sempre e para sempre a quem nunca soubera explicar um adeus nunca dito, um aperto de coração que se lhe rebentava num mar de lágrimas que nunca chorara e sabia perdido, tudo resultou como um murro no estomago que o arrancou daquele torpor de vida rasgada. Teresa continuava a mesma calma rapariga de sempre, num rápido e quase invisivel movimento tudo repôs em seu sitio, Carlos acordou daquele pesadelo de diálogo interior em que tudo vira de pernas para o ar num malabarismo da imaginação , sentou-se no lugar que durante vinte anos parecera esperá-lo e num silêncio gritado olhou para a mesa onde havia uma cadeira ainda vazia. A ceia de Natal, daquele Natal, de todos os Natais que não se recordava de ter celebrado, contava certamente com uma pessoa mais, não se atreveu a fazer perguntas, vencia apenas as barreiras, os muros e distâncias que tão desesperadamente sabia ter cavado. Sem recriminações nem questões suspensas de todos aqueles que pareciam acabados de acordar naquela longinqua manhã de há vinte anos atrás, a noite e a ceia acolhiam-no num mundo onde sabia pertencer, onde receara desde sempre ficar, numa agonia inexplicável de medos de vida.
Delicada e frágil no seu corpo de decidida mulher juntou-se à mesa aquela misteriosa companhia, olhos de querer numa educação de gestos perfeita . Teresa, soltou então as guardadas palavras no seu coração de Mãe e mulher:

- Inês, nunca te menti acerca do Pai Natal. Hoje, mulher que és podes então entender. Estes são os teus. O teu Natal, o teu Pai !

Carlos reparou então nos olhos acabados e gastos dos seus tios, de onde saiam lágrimas molhadas em esperanças ao nada arrancadas, nos olhos de firmeza feita naquela Teresa que agarrara num lume nunca perdido, olhou para dentro de si e pela primeira vez desde criança de colo voltou a sentir a força de um beijo, um beijo velho de vinte anos, cujo sabor o guiara de volta !

.... segue aqui ...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

lume por favôr !!

Apressado, angustiado, arrevezado, roído, embutido, já meio fodido, procuro lume para o miserável cigarro há mais de uma hora, mais a puta da chuva, vem batida ao vento, louca que dança e molha sem piedade e está fria, mesmo fria, como consegue entrar até ao osso ? ... Molhos de gente que se cruza, se toca e se empurra, ganha o espaço segue à frente, rostos fechados, cenhos franzidos, caras vazias em cenário fantástico de cérebros de plástico, num desejo monástico de sobreviver sem falar, querer, ler ou apalpar ... Continuo na busca, não passa mão com cigarro aceso, isqueiros proibidos em bolsos ensopados, fósforo para me alumiar a alma e pulmão é miragem que não ousa desenhar-se .... desesperozinho que cresce, enerva e sacode a pouca paciência que me restava, desisto da coisa pela coisa, saio do marasmo, páro um, páro dois, abano-os e grito-lhes aos ouvidos, roça a loucura o esgar de espanto da pessoa mexida, num sofrimento não preparado ao toque e divisão, de espaço e olhar. Desisto à décima e racho um ao meio, fulmino-o com o poder dos deuses abandonados, largados, esquecidos, gozados, abro-os um a um e enjoa-me o cheiro, cheiro a morto vivo, plástico derretido e acamado em cabeças de manequins. Deito fora o despedaçado resto de filtro e tabaco, atravesso a rua e sento-me encostado , acalmado, arrevezado, roído, embutido, inteiramente fodido ! Ao lado um velho desdentado com o ar alucinado de quem acordou para viver, oferece-me um cigarro de cheiro e curioso sabor, levanta-se e desaparece, não sem antes esboçar um esgar de esperança ..... também não desististe ainda estranho??

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

repescado da semana... this post !

e a 17 de julho escreveu-se neste canto :

estrada perdida !

E na doce tontura
Na lenta luxuria
Num vazio que perdura
Nessa fingida procura
Fingida incuria
Dura a minha loucura

Não ouço os gritos
Não vejo a dor
Falta-me o dar
Venero os mitos
Que num torpor
Pareço alcançar

Sei bem que minto
Que aprendi a viver
Numa loucura dormente
Sei que te sinto
Que um dia soube ver
Onde deixei de ser gente

Sofre na guerra
Na solidão de ser só
No abandono da vida
E de mesma e igual terra
Dizem que do mesmo pó
Se fez a estrada perdida

sábado, 8 de dezembro de 2007

cinzas!!

Escorregadas na mão
Cinzas e almas
Sentidas de volta
Voadas e calmas
Retive o teu cheiro
Em canto de parte minha

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

ode à chuva !!



Fantasma dança
Caída dos céus
Bocados de vida
Ténue esperança
Vida de momentos meus
Por ti despida

E assim vivida
Apenas sentida
Com sede bebida
Coisa com norte
Pouca a sorte
Que pára na morte

Que não te vê, mãos não tem
Te recebe em corpo fugido
Te toca leve sem sentir
Num destino sem mais além
Em traços de labirinto perdido
Que de medos vive a fugir

Chove chuva, cai com força
Lava, limpa, mostra a magia
De pingos dispersos nas almas
Que antes quebre, ninguém o torça
Fugaz momento, longinquo dia
De lentas mortes e vidas calmas

Por isso te olho quieto
Te recebo e guardo aqui
Cai em mim, molha-me a vida
Faz-me velho e completo
Não esqueça o dia em que te vi
Molhando gente perdida

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

repetir o natal




Dezembro de 2007, dia 6, grandes as semelhanças com igual data de há um ano atrás, de há dois, três e por aí fora até que me lembre. As correrias atrás das lembranças, cada vez mais esmagadoras de um orçamento que mesmo duplicado não se compadece com tanto familiar, amigo, conhecido, relacionado ou pessoa que se insira no quadro ' outros 'com direito a embrulho na noite de 24 / manhã de 25, 6 de janeiro no caso especifico de o lembrado ser espanhol. Nas ruas o mesmo de sempre, catrefada de jogos de luzes, árvores vestidas, edificios engalanados em jogos de luzes a puxar à quadra a atenção embevecida das pessoas, o frio ajuda à procura deste carinho extra, dar e receber que bom pode ser, há que aproveitar este mês em que as consciências são positivamente ligadas à tomada da generosidade! Nos cantos perdidos em esquinas protectoras de noites de chuva, nos semáforos aglutinadores de esperados carros com generosos condutores, os abandonados de sempre a quem se juntam os que em espiral de desatinos de vida entraram desde a ultima consoada, continuam de mãos estendidas e sorrisos perdidos em busca do extra nesta altura de solidariedade calendarizada ! Nas televisões, outdoors, rádios e todo o bocadinho por onde se vislumbre alma, ouvido e olhar de gente, uma despudorada caça ao niquel, nesta satânica barganha de comprar alivios de consciência, neste lavar, limpar, delete & reset de onze meses de egoista vivência em busca de caminhos de paraiso sem gente ao lado, pisados os caídos, ultrapassada a concorrência! E assim devagarinho, com as musicas e côres de sempre, nesta cimeira de tréguas de consciências abandonadas, canta-se e ri-se, vai-se como em todos os anos em busca de coisa alguma, o Natal é mesmo quando um homem não quer. Deixemos agora e por um pouco a fome de lado, aqui e em qualquer lugar, que Deus proteja os sós, coitadinhos, e nós tão queridos que até isso percebemos, pena em barda, moeda extra como prova da nossa grandiosidade de gente, tomem coitadinhos, olhamos para vocês com olhos de gente boa, para o ano haverá mais, para quem não morrer ate lá, de frio, fome, solidão e abandono! Não percam os neons, agarrem-se às cores, emarenhem-se nas filas e corropios, finjam ser gente como nós, ainda que sejam bem melhores. Porque o Natal é de perdão dado em caso vosso, comprado em caso nosso! E agora, dêem-nos licença, vamos só comprar uma lembrançazita mais!
A televisão passa excertos dos filmes padrão do totalitário regime do Natalismo, entre hordas de lembranças e oportunidades de ser magnânime e poupar uns cobres, o Natal Ideal onde se é bom e ainda assim se aforra, f......-se louvada seja a p.... da imaginação do capeta !! Nós corremos ! As mãos estendem-se ! E no mundo onde ninguém se evapora nesta noite, muitos continuam a morrer sós!
Para ELES, um bom Natal.
Para nós também !

guerra dos abandonados !



Ganância tanta e bruta
Urros de homem animal
Estertor de alma puta
Rasgado em luta calada
Rosto de gente desigual
Agonia de vida amarrada

Desistidos povos
Oprimidas ideias
Sonhados fins

Assim vos sinto seres
Brincados em rios de sangue
Amando coisa nenhuma
Negada a força do querer
Desistida a luz do tempo
Ofuscado o pensamento
Num lugar sem olhares
Algures na eterna escuridão
Dádiva de fracos deuses
Omissão de consciências
Sentença de morte em vão

domingo, 2 de dezembro de 2007

repescado da semana ... this post

e a 14 de fevereiro escreveu-se neste canto :

a colaboração de um povo .. !!!

...assim mesmo, à bruta e às claras, o povo dá-se na sua plenitude, nada pede em troca, nada mesmo, apenas que o recebam e abençoem ! E por mais que sejam as vicissitudes, com a vantagem de nem sonhar o que significa tal, acorda e prontifica-se sem mais senãos!!... e pedem-lhe que sejam gente e eles vão mais longe, tornam-se gente e da grauda e deixam crescer o bigode.. e esperam que ele crie, que inove.. e eles sem esforço saiem-se com a Quarteira e o Cacém... e pede-se-lhe que votem e eles lá estão, vão mais longe de novo e até pagam para, e votam e expulsam o marco da casa e não perdoam outras aberrações também, fala-se em reciclar e nem pingo de hesitação, recicle-se em barda ganância e estupidez ... e pedem-lhe beleza e harmonia e que disfrutem a natureza e ele dá-lhes mais ainda, marquisam em aluminio e exponenciam a vida com mais dois metros quadrados .. e pedem-lhe que pense nos outros e ele nem resmunga, pensa mesmo e pede facturinhas para os outros, os amigos de poderosa iniciativa que até Bm's compram... e pedem-lhe que pense, que pense um pouco, daquele pensar cerebral.. e ele.... fodidissimo, implacável e num altruismo sem par recusa... mas magnânime justifica.... se pensasse mandava-vos para a puta que vos pariu e tal transtorno não me seduz .... quem iria depois ser o eleito neste joguinho do rei manda ? ... E então antes de a loja fechar perguntam-lhe se pode ainda colaborar um pouquinho mais... vá lá.... sê um lusitaninho querido e ajuda a eleger o primus inter pares ....

- quê car... repete lá.. isso é comigo?....
- calma, calma, é só mais uma opiniãozinha ... então vamos lá a saber, quem é o presidente da junta de todos os tempos imemoriais que o zarolho poeta ajudou a imortalizar? quem é o melhor tuga... carago???

E numa lista de dez sobreviventes... o povo quer escolher, e desta jura que em consciência... e... abespinhado ergue-se e grita... um grito de genuina revolta.... mas .... esqueceram-se do Chalana ?????