O sol saltava de brilho em brilho, de cor em cor, de sonho em sonho, a música na rádio fazia dançar as ideias, os autómatos regressavam num divagar calado e uníssono, aos poisos de lar, ao fastio de rotinas sem sabor, amálgama de chapa reluzente e gente dormente, três minutos à frente, no tempo e na estrada, na estrada do tempo, um acidente sem história diferente, sem nada de quente, a vida havia de levar um mais, um menos, no caso e em três minutos, ou três quilómetros, na vertigem do sol que saltava de brilho em brilho, na melodia que cantava em todos os rádios, o destino espreitava o tempo de aparecer, e passado esse tempo anunciado, passado o bocado para o destino guardado, passou o sol de brilho em brilho, e a música de sonho em sonho e, não morrendo ninguém, morreram todos, o sol também, o destino não aparecido, coitado também ele sem brilho, e apagou-se o rádio e chegou-se ao fim, e se preparou o sol para brilhar de novo, e afinal tudo não era senão um sonho, duram três minutos os sonhos, porque mil são as vontades de esquecer o sol quando pára sem saltar!
Estacionou o carro, saiu, entrou em casa, jantou balbuciou, acenou, cansou-se da lua que brilhava sem saltar!
sábado, 23 de janeiro de 2010
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