quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

como uma bola saltitona !!


que nos entra na cabeça e não sai.... sem saber, sem perguntar... fica apenas lá, a ser um bocado de nós !!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

será onde ...

... Braga ?? Será longe... não.... é mesmo ali.... vou para lá!!! Tem lá algo que me chama... e eu vou!!!

saltar para o momento....

... para o momento do salto ! De uma conversa de passagem para a marcação de um momento de loucura. Loucura a ser vivida, saltada sem se pensar, a 13000 pés e com uma janela aberta... uma janela por onde caiem as pessoas. Vou cair, agarradinho em tandem, mas vou cair... de lá de cima, do sitio onde só os pássaros estão sossegados! Nem quero pensar no momento de olhar aquela janela aberta e saber que não se pensa... cai-se! Quando chegar conto-vos, quando chegar ao chão, de volta ao meu lugar! Com um bocadinho mais dentro de mim, vista a vida do lugar onde os pássaros vivem. E pensar que pensava que voava há 20 anos !

e como tu és....

... sem saber.... de alguém que quiseste descobrir, que fosse teu para te ter, para te dizer e mostrar como um espelho em que sabias existir mas não te vias, uma pessoa para viver, para olhar para o lado e perceber, como é bom gostar de ti! Perguntei-te um dia... sabias? Disseste que sim que sabias... ainda bem, porque quero que saibas sempre!

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

e assim......

.... de repente, ainda que esperasse que pudesse esperar-te, vejo-te aproximar, sentar e ficar ao meu lado ! Há quanto tempo, querida? Há quanto tempo estamos aqui?
- Há muito , muito mesmo, porque me disseste para ficar ?
- Porque te queria viver !!

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

parece-me esquisito.....

Palerma, palerma, palerma..... chamam-me três vezes palerma... fico feliz ! Ninguém chama palerma três vezes a ninguém, sem gostar um pouco dele ! Vou pensar nisso, assunto que me merece a maior e melhor atenção ... Palerma não é? Também gosto de ti....

dizer o quê ?

Não há como dizer-vos, não há, creiam meus filhos, não me ensinaram as palavras, dizer-vos o que são, digo como, digo o quê? Que são mais que a minha vida, são o medo e o amôr, a luta e única certeza, que ter-vos é mais que viver, viver-vos é muito mais do que alguma vez sonhei ser, dizer-vos o quê Miguel e Francisco, que ver-vos juntos e abraçados me faz chorar, me faz grande e pequeno, que mais que serem meus, sou vosso até me quererem, convosco aprendi que não há fim, não há beleza nem fealdade, não sou grande nem pequeno,.... sou apenas o João que por sorte quis ser o vosso Pai, por sorte aprendeu a ser o vosso Pai .... Convosco aprendi sim.... porque um dia nasci também !!!!

coragem...

Não faço ideia ao que sabe ou o que se sente, mas nasci dela e com ela aprendi a viver e ser quem sou! Tive o seu colo, o seu cheiro, o seu toque e perfume. Foi a minha vida, acompanhou-me de longe, amou-me sem me prender, amou a vida que me deu, foi feliz com a minha felicidade, triste com a minha tristeza... Acabei por lhe dar outro nome ... chamo-lhe Mãe e só assim vejo o seu significado ! Aprendi a guardá-la dentro de mim, aprendi a ensiná-la a quem por mim veio... sei assim que nunca viverei só... tenho a coragem comigo !

sei que te vi .....

Sei bem os momentos em que te vi.... vestido de sorriso num velhinho desdentado, de brilho nos olhos de uma franzina mulher, no braço dado de uma avó penteada e com pó de arroz! Vi-te numa batalha de morte onde ensinaste a vida a ficar, num beijo na bôca de um passarinho dourado ! Sei sim onde te vi e como aparecias vestido... de lágrimas no meu coração no meu diário e repetido adormecer, onde não passa um dia sem te sentir e te tocar enquanto me recolho para perto de ti! Posso chamar-te Elvira ou Manel, posso chamar-te Kuka e Rato.. posso ver-te sem te ver, sentir-te sem te tocar!
Sabias Avó Alice que ainda hoje adormeço perto de ti... naquele dia 15 de Outubro de anos atrás... e que aprendi com os beijinhos que me deste quando naquela ultima tarde de sol me puxaste para ti , me chamaste sem me chamar, que aprendi que se ama até ao fim ?

cheguei cedo.....

... e fui ficando por ali....! Calculava que pudesses aparecer, mais cedo, mais tarde, mas sabia que isso podia acontecer! O tempo passou e levou-me para longe, fui andando por onde nem sei! Quando chegaste desmoronou-se o caminho por onde passeava, tremi um pouco por dentro e reganhei a compostura! Sei lá quem és, mas porque gosto quando te vejo? Quem és tu?

outro comboio.....

Estou sentado à janela, não me apetece falatório de circunstância, ponho um ar pensativo e assim fico.. Uma eternidade, penso , tudo leva uma eternidade! Não me lembro de o comboio arrancar... e adormeço! Passa algum tempo, será que passa?... quanto não sei e saio na minha estação, páro para comprar um postal, escolho um com côres que me são familiares, é a fotografia de um comboio cheio de gente pensativa, à janela reconheço-me parado no tempo.
O despertador toca e levanto-me com a habitual pressa... saio para ir trabalhar... hoje vou a pé !

um comboio....

Entro já apressado e sento-me no ultimo lugar disponivel. Impaciente olho para o relógio, espero, inquieto-me e olho à volta, ninguém mais olha para os relógios, não vejo preocupações, sinais de vida ou impaciência! Passam segundos, minutos, quase horas e.... nada! Na linha ao lado passaram já várias carruagens, inicialmente em marcha lenta, a boa velocidade depois. Na dúvida pergunto à senhora sentada a meu lado...
- Mas este comboio não anda ?
- Não, amassam-se tristezas , não sai para lado algum !
- E estes aqui do lado ? Fartinhos de passar...
- Ah, viu-os também ? Eram para outra gente, gente com um destino !
- Que destino? - pergunto confuso ....
- Certamente a vida, iam certamente viver as suas vidas, de um modo estranho bem se vê, iam acreditando, sorrindo, chorando também !
Saio a correr e de um salto entro na ultima carruagem do ultimo comboio que parte naquele dia... Tenho lugar sentado, muitos à escolha mesmo. Antes ainda de olhar pela janela ouço a voz de um alguém que me parece familiar...
- Olá JohnyJohny, estávamos à tua espera !!

está escrito......

... que não é assim, as coisas são como são, como sempre foram, mas e se de repente me apetece que sejam diferentes, mais como eu gosto, virar-me para um lado e querer ir e ir.... descobrir se desse lado há outros lados mais, lados que podem ter o caminho que quero percorrer ? E com o mundo e a vida a dizer que não é assim, sigo em frente e sou eu mesmo.... conheci-te em lado nenhum, não sei quem és mas no teu cantinho sinto-me a conhecer-te e a imaginar que vais ficar ! Penso então... de um modo ou de outro, descobri um modo de te ter! Leio-te e nesse momento estamos sós, ouço-te, conheço-te e guardo-te para mim! Mesmo que não voltes a estar em lado algum, se fôr essa a página que leio no amanhã, durante uns momentos mostrei-te o meu mundo ! Mesmo sabendo que as coisas não são assim .... fi-las assim e feliz senti-me dono de mim !

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

uma gata chamada....

Pára o comboio, pára a correria e enquanto espero olho pela janela! Na luz de um escritório alguém trabalha até mais tarde, tão perto estou que parece que lhe vejo a beleza, na secretária, na moldura do costume uma fotografia, não é de rapaz ou rapariga, é apenas a fotografia de um gato, ou será gata? Passo as minhas memórias e vejo então a moldura no meu escritório, não é um gato, é um rapaz, chama-se Kuka... pergunto-me como se chamará aquela gata então... seria Kuka também? Não páro de pensar nisso, nos dias seguintes o comboio volta a passar, e a parar por acaso, no mesmo sitio consigo ver a mesma pessoa, sempre por acaso, acaso o acaso não somos nós ?
Um dia ganharei coragem e irei falar-lhe! Esse dia foi hoje, passei no mercado a comprar flores, era para o primeiro encontro disse... já não há respondeu a vendedeira... mas e nessa caixinha não tem nenhuma mesmo?... Esta caixinha é o meu jantar .... são cogumelos ! Frescos?.. pergunto desmoralizado... Não, gratinados !!! Compro-lhos e levo-os, pode ser que a pessoa goste!
Hoje o comboio não parou... uma avaria provocada por uma qualquer construção ao lado, deu cabo de tudo, foram as águas e os telefones, tudo, tudo ! Ninguém pára hoje então... e agora que faço? Saio e espero? Não.... volto amanhã... afinal esta era apenas a primeira de muitas paragens !!

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

um voo, outro voo, uma queda !

Voltava para casa depois de mais uma viagem, em mais um daqueles vôos sempre iguais, olhava pela janela como fizera milhares de outras vezes, quando pela primeira vez viu as nuvens como elas eram ... um molho de mundos, um mundo de ilhas, sentindo que em cada uma seria alguém , em cada uma poderia ser feliz sendo alguém. A viagem de regresso cumprira os rituais de todas as outras, as lembranças para a sua mulher, para os filhos que eram a sua vida, o memorando para o cliente que dele fizera um homem rico e sem lugar! Pela milésima vez ou mais entrara no aeroporto, deixara o carro alugado no parque, fizera o circuito de controles e mais controles, entre bilhetes e raios X, cada dia mais louco viajar, cada vez maior a paranóia, entre controladores e controlados, tudo gente simples, gente boa, alguma má e complicada, outra nem por isso, turbantes e barbudos, yuppies de juntar água, saloios, apressados, gordos, policias, policias gordos, familiares, namorados tristes que partem , namorados felizes porque bazam, nem em Babel se teriam lembrado de compor melhor ramalhete que nos aeroportos onde passava agora grande parte da sua vida!
Depois dos habituais discursos, de uma refeição que nem em Babel se lembrariam também, com a nova proibição de fumar, leu um pouco e deu por si a rodar de posição, a escolher-se e encolher-se! Ao fim de um tempo, adormecer foi a coisa mais emocionante que encontrou para fazer! Com mais um discurso acordou, estavam a descer, estava frio ou calôr em Lisboa, nem ouviu, apertou o cinto e olhou então pela janela .. olhou e viu pela primeira vez as nuvens como elas eram. Sentiu que tinha de um dia chegar até elas, sabia que descobrir aquelas ilhas seria descobrir a sua vida. Teve saudades dos seus filhos, pensou ainda em Teresa sua mulher, adormeceu e partiu ! Ninguém deu pela falta, nem o parceiro do lado que passara as duas ultimas horas entre espirrar e chamar a assistente de bordo, nem a própria assistente, nem ninguém naquele avião deu pela falta de pessoa ou coisa alguma ... e no entanto partira, deixara para trás o lugar 3F e suas mordomias, volatilizara-se e fizera-se nascer de novo...Voou o mais que pôde, pareceu-lhe ver duas caras de menino na primeira nuvem que passou, hesitou e quis parar mas era tarde, voava sem destino escolhido, ao sabôr de um vento em que sem razão confiava o suficiente para se lhe entregar.... voava e voava pela sua vida, o vento trazia-lhe tudo de volta, os momentos da sua ingenuidade, onde deixara o segredo de acreditar na vida e nas pessoas, onde ainda era possivel sorrir ao acordar, esse sorriso que era hoje a única preciosidade que guardara desse lugar, esse sorriso que não dividira com ninguém até lhe cair na vida um menino, depois outro, os mesmos meninos que sabia ter visto nas nuvens também ! Sem mais saudades, espantou-se ao aterrar sem estrondo naquele paraiso desabitado.... estranhou apenas tanta areia!! O céu que o olhava estava limpo e vazio, o mar não o conhecia tão grande e infindo, a paisagem era apenas de vida com seus sons e silêncios, suas côres e desenhos !
Sentou-se a olhar o mar, deixou passar o tempo e viveu-o pela primeira vez como sempre o desejara ter feito, olhando para dentro de si! À noite, bem à noitinha mandou três beijos e finalmente caiu cansado, o dia começara longe e para longe o tinha levado !

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Um pelicano que fala !

O sol ia alto e espraiava a sua luz a meias com um vento tão próprio daquela terra de ninguém. Brincavam entre si e desafiavam outros a compôr a dança. Há muito que assim mandava a tradição, entrava o sol e sua lei, manhã inaugurada, e a partir daí era um fartar vilanagem, valia tudo, mesmo tudo, chuvas e arco-iris, ventanias e vendavais! No momento em que pela lei do homem se definiria por fim da manhã, o pelicano saiu da água e com ele dois grandes peixes pela bôca pendurados !

- Toma, come senão morres ! E se morres não tenho com quem falar!!
- Tu falas? Mas tu és um pelicano!... Tu falas de verdade ?
- Também tu és um humano e nem um peixe soubeste tirar... come e cala-te agora! Ganha forças e começa a pensar como irás daqui sair!!
- Sair daqui? Talvez não, talvez fique, talvez queira entender porque vim aqui parar!
- Não deves querer ficar, não percebeste ainda? És o unico!! Como te chamas ?
- O único??? Como o único? Janas !
- Janas ? O que dizes, perdeste o juizo? Janas o quê?
- Janas, Janas é o meu nome ! E o teu?
- O único que não percebeu ainda, o único por aqui.... que não aprendeu a viver!! Queres ficar ?
- Quero.... ajudas-me ? A ficar? A aprender?
- Vou tentar humano, vou tentar mas não posso prometer! Graudo!!
- Graudo o quê?
- Graudo, é o meu nome ! Agora come e descansa, bem precisas, sonhaste alto a noite inteira, cuidei que ias morrer!

Entre a conversa do pelicano, o sol que ia alto e quente e o peixe que lhe soube pela vida, Janas sentia que aquele era o caminho do não retorno... o caminho com que sonhara em tempos, num tempo ainda tão próximo e no entanto já tão longe. Voltava a casa de mais uma viagem, em mais um daqueles vôos sempre iguais, olhava pela janela como fizera milhares de outras vezes quando pela primeira vez viu as nuvens como elas eram ...

... continua

domingo, 7 de janeiro de 2007

... continuava a chover torrencialmente !

Tentava calcular há quanto tempo estaria por ali. Alma alguma para perguntar, ninguém e nada tão pouco pareciam existir por ali, nem barulhos nem cheiros a não ser os do mar e areia, apenas as ondas e a sua dança, rotina de vai e volta e o vento também, esse vento que como ele não sabia se ir ou voltar, se estar ou partir. Mais do que fome, sede, frio ou cansaço, sentia o corpo a traí-lo, que vontade de o sentir e voltar a ter como antes , sem aquela estranha sensação de ter desaparecido, como se de si tivesse saído... Adormeceu, finalmente e uma vez mais, cada bocado de tempo que passava entre o sol, as estrelas e marés que iam e vinham, tornara-se a sua vida, uma vida que queria apenas compreender e para a qual não tinha sequer a sua própria companhia, queria apenas saber quem era, de onde viera ou para onde iria, mas ali teimava em não haver alma, nem barulho ou rasto deles. Exausto sonhou então, um sonho com água da chuva, tanta chuva com o seu barulho, cheiro e côr, sonho povoado de sitios e lugares estranhos onde lhe parecera haver algo de tão familiar, onde juraria ter existido em tempos....
Manhã cedo a borrasca partira, do sonho e daquele lugar, deixara uma luz de côres diferentes, uma textura impossivel impregnada no ar! Sabia agora que não interessava há quanto tempo estava ali, desaparecera a ânsia de respostas e sentia algo voltar. Voltara para dentro de si e pela primeira vez em tanto tempo, fosse lá o que tanto durasse, entrou no mar e viveu, viveu o frio e o sal, sentiu o corpo a explodir no seu regresso à vida. Nadou o quanto pôde, uma, duas, três horas, ou dias ou minutos .. ? Nadou e da água saiu reparando então no detalhe da paisagem em que já não acreditava ainda crer..... no seu sitio, no seu lugar na terra debaixo de um novo céu, havia afinal lugar para outro ser ...
-Bom dia pelicano, que raio fazes aqui ? cumprimentou perguntando .
Assim passou as seguintes horas ou espaços de tempo que não sabia já definir, assim por ali, tentando que a visão pós-natatória se lhe apresentasse como um caminho de saída, de volta, de partida, queria lá saber.... um caminho que pelo menos pudesse percorrer sem se ter por única companhia!
-Fala pelicano, fala como souberes, mas fala, diz-me o que traz por cá, queres companhia para o jantar, podíamos, sei lá, rachar uns momentos, dividir umas memórias, vá pelicano, sais desse marasmo ou és parte desta paisagem do silêncio?

Pela primeira vez depois do sonho, sentiu que o corpo lhe falava, tinha fome era evidente, não por salivar com culinários cheiros, mas porque tinha fome apenas! Alguma coisa tinha de mudar, ia mudar, longe dum inútil que se lhe fugia na memória, olhava para si imaginando que disfrutar da vida passava também por vivê-la nos seus momentos..... Naquele, momento claro, tinha fome e nada à frente! Ergueu-se sem pressas, voltou ao mar não para novo banho de vida, voltou ao mar para de lá tirar a sobrevivència, o seu jantar, pela primeira vez seria parte do jogo de se viver a si mesmo!
Não foi preciso passar tempo que se visse, braçadas para cá e lá, mergulha e sobe, ganha ar e volta, a pesca não era como lhe ensinaram noutras vidas, para que lhe servia ali ser humano, se de humano pouco tempo lhe restava se não descobrisse breve como alimentar a própria vida.
Voltou à areia e seu cantinho, com frio, medo, sede e fome, adormeceu pensando por onde andaria o colo da sua mãe, por onde andaria aquele cantinho quente e seguro a quem em tempos confiara o seu coração, por onde andarias tu chuva da minha infância ??

way to go.....

Nascemos e em principio, se saudáveizinhos da Silva, vamos entrando a berrar, bom sinal.. a saudinha parece ser da boa, agarradinhos pelos pés à laia de coelho caçado levamos com o Apgar e entre o nove e o dez deixamos todo o mundo contente, pai, mãe, médico e enfermeira, mais quem haja na sala, naquela ali mesmo, nas outras onde se espera e desespera, noutras ainda onde haja quem esteja ao corrente de tão relevante chegada ! Com o berro vem o primeiro momento de atenção, limpeza e vestimenta, prontos então para viver, para pela primeira vez testar as regras do jogo para onde nos lançaram ao fim de muitos meses de quentinho num paraiso sem julgamentos, demandas e outros seres a complicar!
A mamada como sequência do choro será o primeiro dado que cedo tratamos de analisar numa perspectiva esquiva e obliqua... o ponto de partida para uma contenda em que o nosso fraco fisico e ausência de linguagem nos levam a concluir que aquilo a bem não vai lá... ou a coisa sai com uma boa estratégia..... ou talvez o pequenino esteja em maus lençóis.... assim como assim, saia berro a eito, birra e patada mais tarde, alguém tem de entender que não é por mal, desculpem lá amigos mas a pessoa tem de se governar!
A coisa segue e segue, pelos anos nem damos passar, o espelho diário não nos deixa perceber que de bébé e garoto já nada temos, nem o buço ou a borbulhagem de alerta servem , como querem afinal que perceba que está na hora de parar o choro da mama, como querem que entenda outro caminho sem esta esperteza saloiita tão eficaz, que engana meio mundo e parece um boomerang, vai e volta sempre a bombar, não falha um .... quem está quem cai, que interessa se caio também, alguém cai mais fundo ... sou dos que se safa, há sempre outro com mais frio, fora os que têm fome, que raio me interessa tudo isso, se não fui (calha que nem estava por lá )... quem inventou as regras do jogo ?
Mas porque lua, alguém me diz ? ... havíamos de pensar noutro jeito, neste está-se tão bem, novelas e shoppings a torto e a direito, quero hoje pago antes de morrer, o nosso mundinho do chega para lá, quero lá saber, é tão bom ter, ter, ter, já para não falar do falar, falar e falar!!!! Ui, ter e falar e mostrar, do telemovelzinho ao barcão, meu Deus como isto é um mundo !! Mas porque raio de merda de ideia havíamos agora de mudar... de tentar voltar a sentir, a fazer e a estar lá? ... a querer dar antes de ter, a ser gente no meio de gente, a gostar do vulgar que é ser-se pessoa ? Tanta josta, tanta bosta a copiar...... tão fácil que nem necessita de água juntar ..... mmmmm vidinha no automático, venha mais... venha mais, tudo menos parar, pensar e mudar!! Para isso não nasciamos a chorar, nasciamos a pensar .... E assim pensamos que nascemos .... que crescemos ... que nos tornámos gente, ainda que nunca tenhamos percebido para onde foi aquele chorão que um dia fomos nós !!!!! Quando o Senhor der pela troca, então sim nascemos adultos e morremos bébés ... isto é se o Senhor der seja lá pelo que fôr !! Até lá .... there´s a easy way to go !

sábado, 6 de janeiro de 2007

talvez........

...fosse o momento de acreditar.... estamos aí, debate-se a IVG, vulgo aborto, debate-se é modo de expressão, a coisa é mais bate-se, vai de pau e venda nos olhos, tacadas no quarto escuro .....
- Em que equipa jogo, de que lado? ah.. ok ! Cá vai disto então, opsssss, onde está o meu taco, ah já vi.... lá vai argumento então... desculpe defendo o quê? digo o quê, o do costume ? ah.. bom isso é fácil então!
.... Vão ser por certo uns tempos de verdadeiro desperdicio de falas e ideias, opssssssss.... ideias não, não daquelas com conteúdo, pensadas e sentidas, faladas e vividas, nada que nos faça compreender o flagelo da tristeza... de quem sofre e sente perto ... Legalize-se a coisa, não se legalize a coisa, mas esqueça-se o assunto, tempo de ir em frente, mas em frente para onde?... Pois, isso também é querer saber demais........ não voltem essas mulheres, essas vidas e caminhos a ser assunto, já podem chegar tarde, serem miseráveis e tristes, ricas, pobres ou mesmo gordas, já démos para o peditório do drama... ou talvez e porque não?.....
- Ah meu Deus, como é possivel essa gente fazer isso? Que gente? Essa pois, a de que se fala... não, não conheço, não são da familia, pelo menos da nossa ou da de amigos, as nossas mulheres, filhinhas, amigas e amigas de amigas, são crentes, crentes no GPS que as ajuda a descobrir onde tal não é pecado, onde Deus deu uma fechadinha de olhos... mas afinal de que falamos, referendo a quê? Ah já foi? Quem ganhou? Prolongamento? Mas isso não pode ser... ai pode? Nas nossas consciências? Mau, tenho de ir ao dicionário na net ... consciência? Dasssss, lembram-se de cada uma.... mau afinal não acabou? Nem começou?
E se parássemos só para formatar o disco, só para o pôr com a tecla de pensar, mmmmm ... talvez um software que nos deixasse refletir um pouquinho nas coisas, nas pessoas, nas pessoas todas.... nas que estão e não queriam estar, nas que queriam e nunca estarão, em nós que somos essas pessoas, que toleramos esta nossazinha indiferença ao mais básico sinal de sofrimento, ao mais evidente grito de solidão..... e se fosse este o momento de pensarmos como uma gente.... que entendessemos que mais que a IVG, mais que o aborto, é da Interrupção Voluntária do Pensamento, do aborto que é o nosso software social que desta vez deveríamos tratar? Se de repente e mesmo que por acaso, a tristeza de objectivos deixasse de ser vulgar, o ser-se bom por espertismo, o melhor fintador, o melhor esquecedor de que por tanta vitualha e maneirismo deixámos de ser quem éramos, se de repente tudo isso mudasse e acordássemos .... se de repente nos voltássemos a lembrar da chuva que nos caía em crianças, se de repente voltássemos a ser gente entre gente, fracos e fortes sem peneiras nem medos, apenas um monte de nós mesmos ? E se então sim falássemos sobre as coisas, como as sonhámos e não tivémos ......
Mas como diz o inicio..... talvez.... mas talvez o quê? Valesse a pena pensar? Nahhhhhh, venha de lá o taco e... já agora, que lado defendo, onde uso esta minha demagogiazinha fácil de juntar água?... Afinal, ser imbecil é tão fácil!

chovia torrencialmente....

Devia ter percebido naquele momento, tantos tantos anos atrás..... quando a chuva sempre lhe parecera acolhedora, sua amiga de infância, sua nos momentos de desespero, fria amante que o protegia, sempre ela em todo o lado! Amara-a desde que pela primeira vez a tivera, refugiara-se com ela quando nos momentos do escuro se fechava dentro de si, onde não havia medos, não havia falhas nem mais ninguém, apenas ele e a chuva, apenas ele e a vida para ser vivida! Naquele momento ela viera despedir-se, era tempo de viverem por si, ela e ele, não havia mais companhia a dividir...
No dia seguinte de novo a chuva, não a mesma, não a sua! Apenas uma chuva de tristezas e de pessoas tristes, de caminhos sem continuação, de desejos que não duram nem suscitam batalha... uma chuva de caminhos fáceis e estupidos, recheados de imbecis que em tempos terão amado qualquer coisa também. Perguntou-se pela primeira vez a partir de que idade a inocência forte das crianças dá lugar à vulgaridade idiota dos adultos, a partir de que momento deixamos de amar a chuva para passar apenas a fugir dela?