sexta-feira, 25 de abril de 2008

perdido jesus !

E havia este homem, simples homem filho de deus, de deus sem nome
E a ele correram os homens, tantos homens, filhos de gente homem
E havia o sol, esse grande sol, como grande era o calor e sua cor
E a ele rezaram também os tementes, a ele choraram a vida os crentes

E girava a terra, começavam os dias, começavam as noites e estrelas
E tudo um dia acabou então, foram-se os deuses, as velas e os choros
E de tristeza se cobriram as vestes de purpura e as estrelas cairam
Perdoem gentes a confusão do templo, eram afinal vivos os vendilhões

Perdoem gentes o sangue perdido em rezas de sangue roubado e ferido
Que um dia venha deus a sua terra, que um dia possa ele a ti ajoelhar
E nos dias, nos olhos, nas mãos, no choro de um dia que nunca nasceu
Que nesse dia caia a cruz, se apague a vela, nasçam o homem e a mulher

E não se dê nome nem dono
Não se reze de passo incerto
Porque é na terra seu trono
De vida, amor e morte perto

quarta-feira, 23 de abril de 2008

repescado ... this post !!

e a 26 de março de 2007 escreveu-se neste canto:

vontade expressa em vida e em lucidez ......

... e quando arrancar daqui sabe Deus para onde, e quando olharem para mim e por mais que me falem ou perguntem obtiverem como resposta uma paradez tal que vos obrigue a concluir que de facto parti.... quero que saibam:

- a cerimónia do até à vista, vulgo funeral, apenas pode ser frequentada com a roupa do dia a dia, onde vocês sejam vocês...
- que se fume e fale em voz alta, recordando apenas os momentos em que soube ser parte da vossa vida, que vos suscitem sorrisos e comentários do tipo... ' e lembras-te quando ? '
- que após todas as conversas e na hora de arrumar com o corpito de sessenta e poucos quilos, se opte pela redução a cinzas, menos emocional e mais poética ( e para que irei precisar dos ossos e compêndios se não há Estádio da Luz no além ?? )
- que quando nos dias seguintes das vossas vidas estiverem a ler ou ouvir musica, se lembrem que uma dessas coisas eu fazia muito e outra pouco....
... e que nunca esqueçam, sempre que o Glorioso ganhar ou o 6 de Novembro passar , lembrem-se que continuo nalgum lado e nesse momento devolvem-me a vida, porque consegui por aqui alguma coisa descobrir.... um espaço dentro dos amigos que nunca nos deixam partir de vez...

Assim faço com a Licas,a minha querida Avó Alice, todos os dias de novo entre nós, assim ensinarei também a quem trouxe .....

E manifesto este público desejo porque na hora do aperto, tudo se faz a correr e nem tempo temos de perguntar ao partidor como gostaria da sua festinha de despedida...

Deal?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

estoril ... not open yet !!!



Começou nos idos de 90, idos e bem idos, já lá vão dezoito anos, esta é a 19ª edição ! Ultrapassando todas as dificuldades inerentes a quem empreende qualquer coisa de jeito neste País, logisticas, humanas e financeiras, o facto é que um até então meio desconhecido João Lagos lá foi trazendo jogadores de renome, do top 100 mundial no inicio, enfrentando mesmo assim o desdém e inveja de quem pensava ser fácil trazer a Portugal, para jogar torneios do ATP, jogadores de alto nível. Lá se foi socorrendo de muitos espanhóis, muitos e bons diga-se de passagem, e de outros que viam ali a oportunidade de iniciar a época de terra batida, preparando cá e em Barcelona, no Conde de Godó, a subida de forma para Roland Garros. Era pois com os espanhóis e toda a sua hiper-influência que Lagos se batia, tentando angariar os melhores tenistas para o quadro do seu torneio. Ainda assim ... muitos exigiam, poucos ou nenhuns davam. A não ser uma infatigável equipa que soube criar, de verdadeiros amantes do ténis e não só, amantes da luta de criar e consolidar o .. impossível também. O facto é que cada ano que passava, o prestigio do 1º cabeça de série do nosso Open subia a escadaria. E de entre alguns ex-top 5, passando por autênticos marcos na modalidade, começámos a ter ténis de muitissimo bom nível ali pelo Jamor, na eterna luta contra um Abril de águas mil, João Lagos conseguiu que as presenças aumentassem e aumentassem a cada ano que passava. De amantes deste desporto e ..... fundamental e inevitávelmente de .... socialites. De figuras da raquete e de amantes daquele som inimitável de uma bola a saltar entre dois lados de uma rede. Por sorte e acréscimo, quem botava figura por cá conseguia por norma boas performances em França.
Todo o mundo queria aparecer naquela semana, a ida e presença no VIP's Lounge era condição obrigatória. Quem por ali não passa , tem queda garantida no ranking bajulatório. Todo o bicho macaco metido a gente importante entra naquele espaço e, com ar de quem não quer a coisa, faz tudo por ser fotografado, entrevistado, bajulado, beijado, apaparicado, servido à borla, de drinks e mesa de rei ... ! Tudo com um ar de .... semi indiferença e meio blasé. São ministros, banqueiros, construtores, autarcas, secretários de estado e toda a sua árvore genealógica governativa, ex e actuais, quiçá futuros, tios e tias, catrefadas de lindos sobrinhos, feios e gordos também os/as há, jogadores da bola, treinadores disto e daquilo, medalhados ( coisa relativamente nova por esta banda tuga ) e mais uma ou outra espécie representativa deste tão nosso bravoduckismo de ricos que não pagam cheta de impostos, enfim, um verdadeiro mundo de Tuguismo e suas elites ou candidatos a elas ! E tudo, para esta parafernália de .. suportadores/aturadores de ténis, ' à borliu '. Para um cada vez maior número de verdadeiros apreciadores, à espera ia estando um recinto cada vez mais acolhedor, pensado e executado por um autêntico engenheiro ( ainda os haverá por cá, dos autênticos ?? ) que do impossivel foi fazendo um espaço fantástico, funcional, bonito. Tirando o imponderável da chuva, que nem com a padroeira Fátima, a Senhora, a Nossa, eleita como VIP também, deixa de azucrinar a semana do Open, tudo está a um nível para que apenas Lagos e todos os patrocinadores que a custo conquistou para a sua causa contribuem. O público merece porque ... comparece. Quanto aos ' aparecedores em fotografia ' com algum poder de decisão, desde presidentes de câmara, a secretários de estado, para já nem falar dos ministros , a sua única contribuição nestes dezoito anos foi emborcar coparia à borla, fazer tristes figuras a tossir charutos, mamar à mesa também, dar cabo da paciência a fotógrafos, usar e abusar do tempo de repórteres sem futuro !
Quanto a arranjar uma solução, um espaço em condições para impôr o Estoril Open como passagem obrigatória dos melhores do mundo ... todos os anos, para deleite de milhares de pessoas que mostram como gostam deste desporto, que gostam e acompanham gente como João Lagos, quanto a isso NÉPIA, NICLES, NÉRIBI !!! Afinal, na hora de arcar, montar e desmontar aquela mini cidade, estão a tratar de outros carnavais, bulir que é bom, vai lá vai, não é hora ainda de espaventos e caipiroskas !! Pena é que ... toda esta corja de exibicionistas de paletó da politica continue a ver-lhe franqueada a porta das mordomias ! Eu, bem eu mandava-os FODER , comprar bilhetinho e chegar de navette ou a penates como todo o povo, o mesmo povo que os vê por lá nesta caça ao ' aparecer ' e que quando toca a votos e a elegê-los ainda vai lá quiçá com a mesma tenacidade com que se desloca ao Jamor, com chuva, neve ou sol. A um espaço apenas possível pela mão invisível de uma equipa que há vinte anos acreditou, ainda hoje o faz. Pois aí, nessa de lhes dar os votos por ali escarafunchados em presenças bacocas, fiz o que a organização devia fazer a tanto prometedor de banha da cobra: mandei -os foder, faz tempo. Por ironia, talvez vinte anos mesmo !!

PS: Este ano veio o Roger Federer, um dos melhores tenistas de sempre. O povo agradeceu e está a deleitar-se . Na tenda VIP, os politiqueiros de polichinelo perguntam: Roger quê ? Moore ?

PS: Foda-se !!!

pequeno apontamento !



Há trinta e dois anos sentei-me a meio da noite para vê-lo correr. Hoje sentámo-nos os dois para ver correr o Federer !!

terça-feira, 15 de abril de 2008

deus, menino homem ...



E rezava o Deus homem
Ao surdo e Homem deus
Falando do alto da cruz
A tementes e esquecidos
Que velas assim consomem
E tantos céus fazem seus
Temendo o escuro sem luz
Fugindo dos olhos caídos

Fugia o menino das palhas
Fugia Deus homem da cruz
De gente que por migalhas
Deixa morrer meninos nus
Orava pois Deus ao tal Pai
Que houvesse outro amanhã
Onde não se chora ou cai
Falho de mãos em coisa vã

sexta-feira, 11 de abril de 2008

NY ... de novo !



Não me canso daquele lugar. Lugar de gente, de todas as gentes, de coisas, todas as coisas, de vida, todas as vidas, mesmo as que nunca acontecem.
Chego pelo PATH à estação do WTC, saio à rua e vejo-me no ground zero, viro à direita pela Church St. de novo à direita nos semáforos com a Liberty e tomo o pequeno almoço num lugar por ali logo, por onde andaram bombeiros e outros socorros naquele dia que ali não passa ao lado, dali nunca sairá. É um tipico sitio de ' american breakfast ' este lugar que gosto mesmo, tem tudo e de tudo, ovos e baked beans, donuts, pancakes, muffins & derivados, café em barda, sumos e outros. E tem um tal de Mocha Java, coisa batida de café, banana e chocolate, gelado ' comme il faut '! Os pedidos de mil combinações calóricas, alimenticias e de fraco fervor dietético são ao ritmo da actividade bolsista tipo Wall Street, de ordens gritadas e apanhadas no ar, parece que ninguém se governa mas no fim nada falha, berrou quem podia, ouviu quem necessitava, tudo está lá... no tabuleiro, é pegar, seguir e sentar ! Assim faço então ... no meio de todos e de ninguém , no meio do mundo e em mundo meu ! Adoro isso em NY, todos temos um bocado nosso, um caminho nosso, algo que ninguém cobiça, rouba ou invade, a liberdade de por ali se ser, sonhar, olhar, sentir, VIVER !! Dali saio, café na mão, cigarro noutra, pronto para um dia de cheiros e olhares novos, as mesmas ruas e avenidas num dia de as ver de outro jeito, as mesmissimas pessoas, novissimas pessoas, pessoas, lugares de arranha céus, semáforos, grafitti's, táxis, molhos de gente que atravessa em passadeiras de boneco verde ou encarnado, numa comunhão espiritual com os carros, que lugar algum do mundo tem que se compare, a eterna buzinadela ' honk ' de tamanho e sonoridade de marca registada que nos lembra onde estamos, cidade que nos cruza com um longo cardápio de judeus, brancos, altos, gordos, transparentes, negros, muçulmanos, budistas, junkies, pernas altas, hindus, pernas curtas, yuppies de ténis, gente que no chão se senta, pets que mendigam o dólar da sobrevivência, e elas de ténis também, gente que tripa em viagens de ácidos novos, em loucuras de cores e paredes que mexem e os agarram, como monstros gigantes, música em todo o lado, silêncio onde quiseres, gente que pede, que dá, que olha, que escuta, a ti e outros deuses, gente que morre e se vai em sirenes que os buscam, lugares onde páras e te sentas em minuto teu de NY, a luz e aquele cheiro, aquela esquina eterna onde viras ou te perdes. O mundo mandou para lá representantes seus, em NY há de tudo e toda a gente, a que vive e sonha, ou morre sem ousar, os de preto e os das flores, até o Divino por lá se faz ver .... Percebemos isso quando entramos ... e parece que nascemos de novo . Amo de facto aquele lugar .... Por lá existem as gentes ... ainda que não o queiram ou saibam !!

sábado, 5 de abril de 2008

noticias !!

Fujo dos tablóides, noticiários e outros ' diz que disse ' que diária e inevitavelmente se cruzam no dia que me espera ao saltar da cama. Já dou de barato as costumeiras prescrições na justiça, negligências médicas, chusma de aumentos em tudo o que mexe ... enfim ! Pego n' A Bola ' companheira de infância, mesmo aí cuido de passar os dedos ao de leve em novas sobre ' velhas coisas ' que não mudam nunca, bebo um café, dou conta dos afazeres profissionais, paternos ou de passarinho livre, consoante a conjuntura e .. tento chegar ao fim do dia sem aquela sensação de viver num falso País, falso lugar, de gentes que guardam para o ' dia do voto ' a sua participação máxima neste ninho de cucos ! Ontem, distraído confesso, deixei-me apanhar nas malhas noticiárias: aumentam os casos de abuso infantil, a violência sobre os idosos ! Vomito sem pôr os dedos à boca. No entretanto ouço que um caso de burla ao estado passado há 10 anos ( sim, DEZ ! ), no montante de perto de 10 ( sim DEZ ! ) milhões de euros vai agora ser analisado no sentido de se concluir se merecerá intervenção do Tribunal. Passo a desabafar :

1ª Foda-se !!!!

2º Neste lugar, entre andar a fugir à violência das extremidades vitais, parece que o cérebro se nos pára numa agonia de que nem os cabrões dos Zombies que me aterrorizaram a infância padeciam.

3º Votem, nunca se esqueçam de votar. Eles pedem-nos e assim, comportadinhos, damos azo a que acreditem que entre a merda e o cagalhão ainda temos um sabor preferido.

4º Estou com 45, safei-me da parte infantil, não sei se me safo da geriátrica, mas se tal acontecer ... digo aos meus filhos que em próxima vida os amaldiçoo, como reza a mensagem querida por esta gente de tanto deus e cabeça nenhuma !!

5º Vou dormir e sonhar que não ouvi aquele c .... ão de noticiário !!

mendigo !

Cala-te mendigo, em teu olhar
Tão sujas tuas mãos, de nada
Fracos, teus olhos de abandono
Cabelo, cheiro e pés de morte
Ainda lembras o sitio de amar
De manhãs e noites de mão dada
De deuses e orações sem dono
Almas de uma corte sem sorte ?

Perdida a vontade de te querer
Os lugares teus para conhecer
Em paisagens de sol e tanto ver
De mil dias e tempo de teu ser
Perdoarias mendigo meu esquecer
Tanta indiferença sem perceber
Que de vida de gente vi morrer
A vontade esquecida do teu sofrer

A verdade te diria, essa verdade
Tão dura, suja, feia e com rosto
Teus olhos veria, em mim guardaria
Neles leria, veria e aprenderia
O bocado de gente e medo guardado
Lugar que temo e onde te vejo posto
Mendigo, morro e sonho com o dia
Em que teu cheiro e vida amaria

quinta-feira, 3 de abril de 2008

homem !

Porque em nada nadas ?
Em ti perdido te afogas ?
Temores a deuses guardas ?
E em mágoas choradas
Aos céus, temendo rogas
Lonjura de vidas pardas

Que são tuas
As tuas
Perdidas
Em luas
Não tuas
Fugidas

Onde em nada nadas
E contudo com tudo
Que em ti vive e morre
Breves as passadas
Em rezas de mudo
De vida que não escorre

De ti sem deus
De deus sem ti
Homem bicho divino
Tristes e seus
Perdidos em si
Homens de fraco destino