terça-feira, 31 de março de 2009

salsifré ou vade retro !

Anda o povaréu do sportém, ou melhor do fcp b, aos gritos com o penalty da Taça da Liga. No culminar da indignação, o zé pereira de torres que faz por ali as vezes de presidente, fez com que o clubezito se demitisse da Liga. Deu jeito, bem se vê, ao clima de nojo e guerra que tanto anima e motiva o seu patrão do norte, homem mais fácil de encontrar na barra do tribunal sentadinho de arguido, mas ainda assim seu grande amigo e mentor. Voltando à questão da indignação, por onde andavam os meninos agora zangados quando em 2001 o menino mau Duarte Gomes deu um festival de roubalheira e atraso mental ao poupar quatro expulsões aos riscadinhos Hugo Viana ( agressão a Andrade ) Beto ( pauzão e 2º amarelo ), João Pinto ( outra entrada a matar por trás e 2º amarelo, até os comentadores idiotazinhos do costume conseguiram perceber !! ) e Jardel ( a simular um penalty tão ou mais idiota que o da Taça da Liga, coisa a roçar o surreal ), num jogo que empataram 2-2 e onde deviam ter apanhado os cinco que se andam a tornar costume naquelas bandas? Por onde andavam ? Pedro Barbosa, o qualquer coisa desportivo do fcp b, estava em campo a jogar e a rir da roubalheira ! O zé pereira da altura nem sei quem era, sei sim que já o clubezito que passou de segundo da capital, para filial do que ganha com frutita e café com leite, já nessa altura tinha a memória curta, esquecia o quantas vezes este mesmo árbitro de polichinelo os beneficiara escandalosamente. E riam e riam. Agora choram, fazem queixinhas ao clube papá, fazem o que ele manda! É triste descer-se tanto e tão descaradamente ... Por isso amiguinhos ...não foi penalty de facto, o mesmo Luciliozinho que já TANTO roubou o SL Benfica com aquela cara de penteadinho arrogante, também não viu uma entrada a matar sobre o Diogo Luis minutos antes, o Polga a jogar que parecia um Rambo, tanto era o ' pau ' a varrer ( deve ter sido para esquecer a figurinha que fez em Munique ) , já para nem falar de um rapaz anafado que joga pouco mas bate muito e de um Derlei que também teria ido para a rua muito antes. Indignados ? F....... -SE , eu também estaria se trocasse uma história que chegou a ser de algum interesse, pelo papelucho de filial de um clube do norte que aprendeu a ganhar com guerrinhas provincianas e a gritar alto injustiças, por entre o tempo que lhe sobrava a armar o circo de frutas e meias de leite que o ajudou a experimentar ser grande. E a verdade, a triste verdade, é que já têm filiais na 2º circular .... às riscas deitadinhas e ... verdes de enjoadas !! VADE RETRO santa hipocrisia !!!

domingo, 29 de março de 2009

concluindo.... !




Marcel cruzava e descruzava as pernas, num passar de tempo despreocupado em mais uma tarde de calor, típica em Ouagadougou. Ainda não entendera porque aceitara aquele prémio ganho numa inofensiva rifa dos escuteiros parisienses, antes o plasma ou o cruzeiro virtual pelo Amazonas, mas quisera a sorte, sorte como quem diz, que a ele saísse uma semana com tudo pago na capital do antigo Alto Volta, hoje Fasso, Burkina Fasso, apresentação à boa maneira bondiana, ou bondensse como queiram. Marcel, decorrida que estava a ensolarada tarde, cruzava e descruzava as pernas numa tímida tentativa de espantar incómoda comichão por partes baixas, mesmo em África não ficava mal ser-se discreto no alívio de incomodidades púbicas e púdicas.


Na mesa ao lado, na mesmíssima e única esplanada onde se podia disfrutar de algum recato e cerveja fresca por aquelas bandas, Gregory, doutor Greg para os amigos, House para os milhões de seguidores em sua saga pel Fox, olhava o franzino francês e diagnosticava-o através do modo como cruzando e descruzando os membros inferiores continuava o repetido movimento de erguer um dos superiores, membro claro, numa ânsia pouco escondida de refrescar a goela. Mais, sendo fumador, conclusão óbvia do médico pela presença de dois maços de Marlboro, e fanático do Manchester United, dica que resultava da t-shirt do Cristiano Ronaldo que envergava, não por uma questão homossexual de idolatria ao macho em si, mas por devoção ao futebol bonito dos ' devils ' personificado no madeirense, sendo franciú e estando no Burkina, era práticamente certo que sofresse o desgraçado de Fibrodisplasia Ossificante Progressiva, nem mais nem menos, viesse de lá quem viesse contrariá-lo, a Cameron, o Chase ou o Foreman, trouxessem a Cuddy ou o Wilson se quisessem, aquele cruza/descruza em fim de tarde Fassense era coisa de FOP e ' mainada '... ouviram?

Na mesa ao lado da mesa ao lado, ou seja, duas mesas ao lado da mesa onde começa esta saga, Holmes, Sherlock de graça própria, ali aparecido não por artes de rifas mas depois de uma espectacular escapadela de um dos romances onde do nada descobre crime e meio e mais um par de botas, salvo seja, Holmes dizia, fazia ombrear o frio de sua expressão com o das imperiais que aterravam em catadupa de modo a fazer esquecer algum mistério mal resolvido ou a falta de uma escapadela por vícios nunca a nu trazidos, apenas entendidos por utensílios por ele meneados e que nada tinham a ver com lupas, cachimbos ou chapéus à ' raistaparta '.. Olhando o francês Marcel e seu consecutivo cruzar de perna, rápido o detective concluíu tratar-se o elemento do principal suspeito de todos os crimes resolvidos e por resolver na última semana de Ouaga ( abreviatura doravante utilizada para o local deste fim de tarde !! ). Ainda que não lhe tendo sido pedida qualquer opinião, em três penadas ficaram resolvidos meia dúzia de mistérios que se não tinham ainda assolado as redondezas se preparavam para o fazer. Assassino e ... siga a marinha, viesse de lá mais um ' fino ' ....

Marcel, o desgraçado Marcel, francesinho de gema mas longe da aura de um Proust ou Duchamp, seus homónimos de graça primeira, continuava absorto em sua dúvida acerca das ironias do destino, que de um nobre gesto solidário para com a ' escuteirada ' dos Champs Élysées o atirara para o bafo de uma tarde africana e uma comichão que o atazanava e lhe impedia um pingo mínimo de felicidade em pôr-do-sol numa esplanada de celebridades. Coçar ou não coçar... era a questão e Marcel haveria de resolvê-la.
Como Greg o fizera fibrodisplasiando o moço, como Holmes fizera apodando de canalha um desgraçado rifeiro originário do banlieue e metido a fino. E se eram moços de confiar, ai se eram, dupla de respeito, da Fox e da Velha Albion e sua Londres mundana.
Marcel, num rasgo de liberdade, levantou-se, acabou com sua tormenta de cruza, faz que não cruza e sim, coçou os testículos, vulgo bolas, vulgo tomates.
Gregory e Sherlock, saíram de fininho, apanharam um avião, aterraram na Cidade Maravilhosa, entraram num táxi e foram directos à Rocinha.

Ouaga... essa nunca mais foi a mesma, em suas tardes faltariam para sempre três mesas a abarrotar de ' cervejame ' , comichões, conclusões e outras coisas coçadas acabadas em ' ões ' !!...


domingo, 22 de março de 2009

PUB


Aceita-se parceiro para se viciar em PADEL !!!

sexta-feira, 20 de março de 2009

coisas da tv ....


A Polícia Judiciária (PJ) do Porto anunciou, esta manhã, a detenção de três homens e duas mulheres, todos estrangeiros, por presumível autoria de crimes de tráfico de pessoas, lenocínio, lenocínio de menor, sequestro e ofensa à integridade física, entre outros, tal como o DN avançara ontem.
in DN

Parece que ouço o bruá de espanto e indignação em todos os lares portugueses que acompanham a notícia nos telejornais. Como é possível ? Que crueldade...! Num exercício fantasioso, questiono-me quantos desses milhares de indignados passaram já uma boa meia hora, por entre ' bóbós ' e ' entradas de quatro ', em finais de tarde ou fins de semana com ' amigalhaços ', por entre fins de noite para desenjoar da rotina prometida a um padre longinquo e de feições já esquecidas... Quantos? Hummmmmmmm, quantos? ... Acho que muitos. E no entanto não deixo de estranhar semelhante número de mera suposição minha. Prostituição? Como assim? De 'gaja' que gosta muito de cama e é uma puta ou .... da outra? Que move alguns milhões largos de euros, num negócio tão escondido, tão escondido, que comprando um qualquer jornaleco, desportivos incluídos, podemos apreciar as ' bombas ', assim ao jeito de carro em segunda mão, onde anunciam ' dotes ', medidas de peitõezões, quantidades de pelos púbicos e de números de circo em que se especializaram ? Negóciozinho clandestinio, que tal como durante a Lei Seca americana fez com que o preço do whisky disparasse na época para valores superiores aos dos tinteiros para impressoras, passe a tradução para preços absurdos nos dias de hoje , faz com que todo este negócio, inexistente desde os tempos em que Salazar assim o declarou, fuja ao controle do estado, nomeadamente através da cobrança de impostos e do controle sanitário. E de.... não menos importante, protecção dada a quem dele faz profissão. Sendo, segundo a crença e sabedoria popular, das mais velhas actividades do mundo, a prostituição ainda não chegou cá ao burgo, ao Portugalzinho de Viriato e D. Sebastião. Deve acompanhar na viagem a corrupção que, pelos vistos, é coisa de pouca monta por cá também.

- E que vergonha o que aquela rede fazia. Que crueldade, já viste marido?
- Já... mulher, como é possível?
E de mão dada trocaram ;-) com ;-) e viveram felizes para todo o sempre. Na riqueza e na pobreza e mais no blá blá que ainda lembravam, claro.


' Crianças guineenses contam com a solidariedade dos portugueses em operação urgente ao coração ... '
in noticiários televisivos de 20 março


Comovente. Sério... comovente!! Não há como os portugueses para se chegarem à frente quando as notícias lhes gritam uma desgraça. Aparecem, atropelam-se, vão aos bolsinhos e toma lá de dar com lágrimazinha ao canto do olho. E Portugal salvou as crianças... Quantas ? Quais? E quantos destes solidários de apelo televisivo diáriamente, semanalmente, mensalmente, se atropelam também na táctica de enganar o proximo e o estado, fugindo a impostos como quem muda de camisa ou de faixa na 2ª circular , atirando para o esquecimento, para a rua, velhos, crianças, doentes e outros mais fracos? Faça-se a notícia rapazes, divulgue-se: por cá, nas nossas ruas e cidades, no nosso País, não se morre apenas de operação urgente por fazer, morre-se de solidão e abandono, lento e cruel também. Desprezado e não olhado ... Ai... que coisa cruel ..como aquela crueldadezinha dos meninos maus da notícia acima.

- E tu marido, já deste, já pagaste os impostos?
- Mas... eles já pediram na TV ?


E trocaram ;-) com ;-) e foram ter bébés saudáveis e felizes. Dos que não precisam de corações operados de urgência , dos que não acabam ' de quatro ' nem em bóbós que não são Aniki ...

quinta-feira, 19 de março de 2009

tempo de ser !

Queria pedir-te perdão
tempo
Talvez até dar-te razão
Mas não te tenho
Sabes tempo ?
Não te guardo, logo a ti
Raro
Vivido e perdido
Dividido
Caro
Quase esquecido
Como poderia eu então ?
... tempo,
Fazer-te dentro de mim
Eternizar-te
Em bocados de amor
E olhares de perdão
Que raro, que caro
Assim tu parado
Lembrado
Que vivo sejas
Enquanto de ti
Me queira lembrar
Perdoa-nos
tempo perdido
No medo da morte
De quem esqueceu
O tempo seu
O tempo de se ser
Sendo tu tempo
E sendo eu

quarta-feira, 18 de março de 2009

a espera no elefante!


Deixo o Kuka na escola, são nove e poucos, tempo de ir tomar um café e muito provávelmente ler a eterna ' A Bola ', mais por vicio e companhia acho, café e cigarro também, ' noblesse oblige ', quando olho para o lado e vejo o elefante, não o do zé mas o azul, o das lavagens de carro, e a verdade é que o meu já não vê água daquela faz muito, zás à direita e pronto. é sexta-feira, é manhã ainda mais ou menos cedo, deve ser coisa rápida.
Entrado no recinto deparo-me com todas as estações ocupadas e... todas menos uma já com um carro em espera. Enquanto estranho o que faz toda aquela gente por ali, a escolha óbvia atira-me para o buraquinho onde me tornava o próximo também, fico atrás de uma dupla que lava um pequeno Polo. E que dupla! Dava para fazer uma tripla, se não uma quádrupla, tal era o volume carnal das lavadoiras que me precediam. Sem o jornal ainda, sem café à ilharga, restou-me sacar e acender um paivante de modo a amenizar a espera, debruçando-me sobre o esmero com que a baleia de serviço à mangueira à minha frente lavava, escovava, rebuscava, enxotava, expulsava qualquer arremedo de sujidade do seu carro. O espectáculo de ver os cetáceos entrar na viatura findo o duche e SPA que ofereciam à mesma trazia-me na expectativa, fazia-me imaginar o quanto não suava o desgraçado Polo na tarefa de as passear e entendia pois aquele duche eterno que lhe ofereciam. A cada final de período de água e sabão respondia uma das da parelha com uma rápida ida à carteira em busca de mais trocos e moedinhas. Posso jurar que o c.....ão do carro já reluzia mais que as estrelas da fé cristã e outras que tais, o que não demovia a Calamity Jane de mangueira na mão em sua compenetrada fúria de o decapar em seu último vislumbre de pó ou sujeirinha. Deus testava-me a paciência, nada que um segundo e terceiro cigarros não ajudassem a superar. O branquinho Volkswagen já se esparramava em seu torpor orgásmico de quem é massajado como nem na Tailândia e eu temia que o fundo de maneio da baleia financiadora do evento não se esgotasse. Todos os outros companheiros do triste momento de lavar o carrinho se haviam já revezado e trocado, já não tinha por ali conhecidos da hora de chegada, o vaivém nas outras ' boxes ' era o normal em pessoas que consideram que lavar a viatura não é o mesmo que sair para beber um copo e perder horas de enfiada. Aceitando a penitência e desafio divino acendi um quarto Marlboro, troquei olhares vazios com as massas disformes que torturavam a porra do carrinho e ganhei esperança quando giraram a opção para o ' enxaguar ' que normalmente precede os últimos minutos da tarefa, lançei um olhar ao céu e exigi o reconhecimento e recompensa pela minha humilde espera onde me mantive sem trejeitos ou palavras entre dentes. E o céu, em sua grandeza e alguma divindade também, respondeu-me e devolveu-me alguma crença: acabou com os trocos à avantajada financeira no exacto momento em que apenas meio carrinho se vira livre do tsunami de espuma com que o haviam afogado na meia hora precedente. Voilà.... não iria a dupla passar ao penteado e unhas, acabou-se-lhes o guito, acabou-se a cegarrega. Entraram no hiper lavado que não enxaguado, lançaram um último olhar à mangueira e arrancaram, certamente em direcção a uma caixa ATM para levantar mais uns vinte euritos p'ró que restava da lavagem!
Três minutos depois, lavado que estava o meu carrito com uma de sabão e meia de jacto, arranquei e reentrei na Marginal. Chegado à rotunda de Carcavelos ia jurar que o Polo branco que circulava em intermináveis e enjoadas voltinhas naquela geometria rodoviária era ocupado pelo binómio de brancura obssessiva que acabara de partilhar comigo quase meia manhã. Ou não encontravam um MB ou .. se a coisa estava ali havia de ser contornada e usada até à exaustão, que era lá aquilo, não eram parolas de não dar uso às coisas, castigo à rotunda ao jeito do paquiderme. Azul claro!!

terça-feira, 17 de março de 2009

história ! ... e um pouquinho mais !!!


Abadir vagueava por entre as noites de céu estrelado e as idas e vindas em seu barco irmão que o levava e trazia Mármara adentro, companhia calada em baloiços de geometria numa pesca de vida e alimento ao corpo. Abadir olhava a noite numa paixão cúmplice, segredo guardado de seus passeios sonhados por céu de deus apenas seu, com nome de memória nenhuma, com obra de gente aconchegada e fugida à ira implacável de dias de sol em brasa e forno e gentes iradas. Na quietude perdida num horizonte de azuis e negros aqui e ali salpicados, olhou o traço rasgado e divino que lhe entrou em sonho perdido e o acordou ao torpor da noite calada. Os peixes de Abadir continuaram mudos em seu destino traçado e pendurado, mortos e a secar. Abadir olhou-os na esperança que voltassem à vida e lhe dividissem o medo em dois. Ignorava, simplesmente ignorava, que no céu se abria o quinto buraco do mandamento de Dragata, a deusa estelar chegada em sua frota voadora, aos ombros de soldados de Ptom, planeta vingador do acabado mundo na era perdida em palavras dos templos. Dragata nada tinha contra Abadir, nem contra seus peixes antes mortos e agora secos. Dragata e Abadir não se amavam, não se sabiam ou sentiam, temiam-se e desconheciam-se apenas, como se fossem um só ao olhar o fim dos dias que haviam aprendido a esquecer, largados em suspiros de poeiras celestes e profundos azuis do Mármara. Ptom não ficava perto e Abadir não lhe conhecia trejeitos ou orações, promessas rezadas ou ajoelhadas. Na santa ignorância de um olhar perdido, acompanhou o traço de luz com o indicador que lhe puxava a linha e exclamou:

- Que me quereis deus, se um deus és, que quereis a insignificante pescador fugido e escondido dos males da escuridão dos filhos da confusão?

Dragata temeu o pobre homem e ordenou à vida escondida que voltasse ao planeta Mãe. A cor dos olhos de Abadir prenunciava o frio dos caminhos perdidos, a salvação do simples homem recordava-lhe a infância perdida alguns milhares de anos atrás quando era apenas uma criança enganada pelo brilho dos templos. Vestiu-se de nuvem branca e zarpou ao destino, por entre buracos negros inventados e tempos sem fim nem princípio.
Manhã cedo o Mármara chamou o pescador, as suas águas de sempre acolheram o pequeno e assustado ser e o embalaram em ondas gigantes que o fizeram partir. Abadir não mais foi visto e seus peixes permaneceram secos e mortos para todo o sempre das horas.
Dragata, Dragata naturalizou-se humana, casou e teve muitos filhinhos. Lindos e com olhinhos lindos. E o mundo continuou, ao invés do pescador !

... anos mais tarde, sacerdotes de Ptom clamaram pelo regresso de Dragata. Esta amuou, bateu o pé em trejeito de infante contrariado copiado de seu mais novo rebento.
Bihtar, alto-sacerdote, mostrou-lhe as planícies de cinza onde antes se colhia o cereal, os rios de pedra que antes davam de beber, as nuvens de pó que antes entornavam chuva. Ptom, mundo irado, cuspira fogo das entranhas pela partida de Dragata e estava agora prestes a imolar os seus.
Cobrindo a face com as mãos, Dragata sentiu o peso da humanidade por si escolhida na noite da viagem de Abadir, pois sendo mulher como se poderia dividir em duas?
Atormentada sentou-se nas escuras encostas de onde podia espraiar a vista na mágica noite do Mármara e levantou o olhar para o distante veludo negro incrustado de jóias de rainha sobre a sua cabeça.
Um traço, rasgão largo no veludo mimetizava o fulgor do cristal e da filigrana o rendado. Brilhou sobre Dragata e ela sorriu ...

by XR

sexta-feira, 13 de março de 2009

maçã


'Questionado pela Lusa, o gabinete de imprensa dos bloquistas afirmou que o partido não se vai fazer representar no encontro de Eduardo dos Santos com o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e os partidos com assento parlamentar, por estar em desacordo com o Governo angolano “no que diz respeito aos direitos humanos, à liberdade de imprensa e à própria concepção de democracia”. '

in O Público, 9 de Março de 2009

Então pois... os senhores do BE, liderados pelo sumo Louçã, com seu ar e fraseado de padre inflamado saído do seminário, imagem não muito católica, bem sei, não compareceram à cerimónia de recepção ao presidente angolano.
Este grupo sui generis do panorama político português, nascido da fusão entre a UDP e o PSR, duas forças do mais democrático que o demo pode conceber, de inspiração marxista e trotskista, dois baluartes na concepção de soluções políticas e sociais que tiveram exemplos fantásticos em países como a ex-URSS, a Albânia, a China, a ex-RDA e por aí fora, ou seja tudo locais a roçar o paraíso social, com direitos humanos ao nível da Idade Média e a fazer corar a Inquisição, com níveis de vida ao género de Amadora + Rive Gauche elevado ao cubo, este grupo dizia, recusa-se a estar presente em tal cerimónia, nem sequer cuidando de pelo menos tentar interceder pelos homosexuais, fumadores de charros e adolescentes histéricos em busca de porra nenhuma, coisinhas lindas e diferentes só porque sim... que naquele país de África haverão por certo também. Francisco, Fernando e Miguel, o trio de mosqueteiros com a visão La Palissiana do que está errado e com um saco de soluções cheio de ar e coisa nenhuma, não estiveram presentes a receber José Eduardo dos Santos. Eu também não estive.. e quase que aposto que o senhor deu pela ausência dos bloquistas do céu prometido e caos garantido como terá dado pela pela minha...


Bernard Leon Madoff (29 de abril de 1938) foi o presidente de uma sociedade de investimento que tem o seu nome e que fundou em 1960. Esta sociedade foi uma das mais importantes de Wall Street. Madoff também foi uma das principais figuras da filantropia judaica. Em Dezembro de 2008 Madoff foi detido pelo FBI e acusado de fraude. O juiz federal Louis L. Stanton congelou os activos de Madoff. Suspeita-se que a fraude tenha alcançado mais de 50 000 milhões de dólares, o que a torna numa das maiores fraudes financeiras levadas a cabo por uma só pessoa.

in Wikipédia

A acusação pede uma pena de cento e cinquenta anos para Madoff. Este, arrependido, assumiu já toda a culpa e vergonha. Não sei se as suas artes de manipulação conseguirão um aumento de duzentos anos no seu prazo de vida na terra, de modo a gozar ainda algum tempo em liberdade, isto se a condenação atingir aquela verba temporal. O que sei é que o pobre Bernard se enganou, entre outras coisas, no local onde sediou a sua trapaça. Tivesse o ex-génio da NASDAQ desenvolvido o seu esquema branquista/rodista ( para citar duas situações que fizeram escola em Portugal ) cá pelo burgo e ... cento e cinquenta anos tinha garantidos sim, não de pena ou condenação mas de espera por entre recursos, incidentes, testemunhas de baixa médica, juízes de férias e por aí fora. E ainda a procissão estaria no adro e bem no adro, a coisa prescrevia, o rapaz reiniciava actividade com o mesmo logo e outro nome e dava corpo à saga Madoff II, um filme perto de si, num cinema português... Do que não se livraria por certo era da condenação ao género testemunha de Jeová que lhe moveria o nosso querido Louçã, logo que arranjasse um tempinho e uma vez auto-dispensado de cerimónias onde pouca falta faria ...

MAdoff e LouÇÃ .. dois casos a dar que pensar! Um que está sem estar, outro que não está mas podia bem estar!

quarta-feira, 11 de março de 2009

sete + cinco & os velhos trapaceiros !


7-1 !! Por mais que não se queira prestar atenção à coisa, sete são sete, se lhes somarmos cinco, entregues ao domicilio, perfaz doze, uma dúzia, coisa fácil de fixar. Sabem agora os lagartos o que se sente quando se enfarda assim, forte, feio e sem apelo! Eu soube-o em Vigo faz tempo....
Liguei a um ou dois amigos que sabem falar de bola, pena que são verdes, ou melhor assim, falamos, picamo-nos, divertimo-nos, choramos cada um para seu lado. Não há misturas, desde a infância que aprendi que jogo de futebol é Benfica-Sporting e o resto são trocos.
Há uns tempos, muito tempo aliás, o FCP começou a dar nas vistas. Lembro-me bem, com a conversa de Pedroto a acicatar os ânimos provincianos, a bandeira da revolta, começou o despudor de ganhar a qualquer preço. E podem crer que assim foi no começo, assim continuou, construindo um ' império do mal ' onde, com tanta fruta e café com leite, tanto árbitrozinho corrupto e analfabeto ávido de umas pernas bem abertas, uma rede que não deixava nenhum pormenor ao acaso, honra lhe seja feita, chegando aos dias de hoje com o espectáculo deprimente do Apito Dourado e do Caso do Envelope, onde testemunhas saltam de um lado para o outro, juízes debitam barbaridades que em qualquer País dariam azo a cabeças a rolar, com o foco da questão a sair de julgar e punir batoteiros e a entrar num mundo idiota de diz que disse mas não fez.
Nada tenho contra o clube FCP. Nem contra o SCP. Não gosto deles, nadica mesmo... mas passam-me ao lado. Quando ganho ou quando perco, junto dos meus AMIGOS de outras cores, brinco, provoco e encaixo quando é a minha vez. ODEIO a batota. E os batoteiros.
Ontem, na enxurrada parte II da triste aventura verde na Champions, tive pena do que sentiam alguns amigos, gozei a contagem de quem tantas vezes me atazanou com Vigo.
Hoje, hoje estou pelos de Madrid, embora saiba que dificilmente ganharão nas Antas.
Mas estou por eles porque me enjoa o cheiro a batota, as palavras doces de um cronista que acha que a inteligência parou nele e que engana tolos como quem vende livros, porque me irrita a impunidade de quem às claras, às claríssimas aliás, arma a feira, engana o incauto e nem com a bófia se tem de preocupar. Bófia? Qual bófia ??
O cronista, o tal, pergunta se foi sempre tudo à batota. Como diz o povo, quem rouba um tostão rouba um milhão. E foi! Quase sempre mesmo, não significa que tenha de ser em mil jogos, basta naqueles em que estão de aflitos. Beira-Mar, Estrela... ahn ahn, o pai já vem. E a caminho da champions, golo invalidado ao MU, coisa limpa como as coisas limpas. Lembra-se cronista distraído? Eu sei que lembra mas faz que não. Como a justiça aliás. Basta ser no momento certo... no sitio certo, com as pessoinhas certas e o nojo veste-se de freira!

Fuerza Atlético de Madrid... Danke Bayern !!

ps: o menino Veloso surgiu inesperadamente a titular, levou com Schweinsteiger, trocaram-se-lhe os olhos e as voltas, que não o penteado! Não deve ter deixado grande cartel naquela terra, calhando os tais ingleses que se dizem interessados vão pensar melhor... o IKEA também, com aquele arzinho parecia um abat-jour o petiz!

psII: o ps anterior explica muita coisa ... digamos que uma meia dúzia ( para não enjoar ) de coisas!!

segunda-feira, 9 de março de 2009

pontos nos iiii do reiiiiii na barriiiiga !


Costumamos elevar a nossa indignação ao alto quando numa qualquer reportagem ou artigo nos apercebemos que 'os americanos' não fazem ideia onde fica Portugal, ou pensam mesmo tratar-se de uma província de Espanha, quando os ingleses, tirando os camionistas que vêm de férias para Quarteira e arredores, não fazem a mínima ideia de quem sejam Sócrates ( não o filósofo, esse sabem-no bem - exceptuando claro está o ror de adolescentes papás e mamãs e os hooligans, que aqui não contam já que se encaixam nos veraneantes ao destino algarvio ) ou Cavaco ( a não ser que se trate dos manos que fugiram da prisão e criaram uma aura tipo Frank e Jesse James ). Quando qualquer alemão ou outro europeu mais para o norte sabe de Portugal apenas os nomes de Eusébio e Cristiano e por aí se avia. Como é possível, perguntamo-nos, confundirem-nos com províncias ' hermanas ' ou nada saberem de Lisboa e suas particularidades ? E no entanto, seria engraçado pedir ao cidadão comum da nossa terra que apontasse, e já não se vai exagerar no pedido, cinco, vá nem tanto, três dos cinquenta estados norte americanos. Ou que nomeassem a capital norte-americana. Não chegando à crueldade de lhes perguntar o que lhes diria o nome de François Fillon, Angela Merkel ou Giorgio Napolitano, bastaria uma incursão básica sobre capitais europeias e monumentos históricos dentro da nossa Europa para entender que vivemos mais longe dela do que um bando de 'arrogantes' americanos ou japoneses de câmera digital em punho.
Num país onde a corrupção, a pedofilia, a impunidade de governantes 'hard core' em desvios de dinheiros públicos, o desrespeito obsceno nas estradas, a violência doméstica que abandona velhos, crianças e mulheres como nem os animais fazem, são assuntos de segunda ou terceira na ordem do dia, muito a seguir aos Benficas-Sportings e arraiais carnavalescos de outras bolas ... num País assim, apetece perguntar... que interessa mesmo se o Joe acha que nós somos um género de Andaluzia ou Galiza? Se calhar o analfabeto Joe, em sua camisa de labrego cowboy, está apenas a dar-nos uma dica de caminhos a seguir. Começando talvez por olhar para o reiiiiizinho na barriiiiga que tão inchadamente gostamos de exibir. E que não é da cerveja !!

quarta-feira, 4 de março de 2009

milhões sem fim ... ou a cor a preto e branco!


E cem eram os dias de espera
Assim cem parecessem tantos
Que a morte longe
Longe
Se escondesse
Quedando-se a vida em espera
E de dias se vestindo
Aos homens sempre mentindo
Em bocados se esvaindo
Desfeita
De tudo vazia
Espalhada em toscos pedaços
Como ser inanimado
Rascunho de ténues traços
Acabado
O Ser
O ser
O vê-la sem ver
Tê-la não tendo
Vida pouca em tempo tanto
Esmagado e vadio momento
De morte em tempo e alento
No tamanho de cem dias

Por onde parava a vida de Manaco, cidadão de direito e papel passado, era coisa que ninguém poderia responder. O ser, aparecido aos dias seguidos por ali, avenida de correrias e gentes sem rosto, estendia a mão aos céus, como se nele deus o esperasse e tempo tivesse a perder em insignificância tal. Jorravam os milhões. Jorravam milhões, assim rezavam as novas nada novas. Morriam milhões, aos milhões, ainda que vivos e de pé, de pé e mão, esta estendida, que de cansada não podia já cavar. Manaco sorria, um lindo sorriso de espanto e dó, pelo deus em suas falhas, por si em suas migalhas, da gente de olhos cegos que não pedia nem vivia, porém atenta aos milhões. Que jorravam como vimos. E como Manaco podia em fé testemunhar. Boa e má. A fé!
Javier rebuscava em monte de lixo a ementa diária. Agoniava-o o cheiro. Não do monte onde chafurdava refeições e dignidade, mas o do perfume da humana gente que encarreirava as filas perdidas, de almas falidas e vidas esquecidas. Gordos e com trejeitos maneiros de quem não perdoa. Os milhões jorravam. Os dias não acabavam. Em noites de descanso.
Claudomiro parara. Há muito que domara o corpo em sua incessante ladainha de chorar alimento, cortara cerce tal veleidade, de mirra e incenso fazia a dieta, se à alma serviam ao corpo caberiam. Claudomiro pesava o impossível número de quinze quilos, contrariava a ciência e a fome desmedida de quem o esperava para adubo. Miro, o avô Miro como lhe chamavam os meninos da rua, havia morrido morte sábia e mantivera-se de olho aberto e respiração fingida. Era parte dos milhões jorrados, no lado errado por desdita sua, no dos milhões despejados melhor seria dizer. Que sábio era Shimabukuro, o senhor Shimabukuro que no secreto mundo dos sonhos lhe aparecera em trajes de fome longinqua e lhe ensinara a arte aparte de não fazer parte.
Manaco, Javier, Miro e Shima, não deixavam um dia só passar sem rezar pelos deuses, perdidos em sua ciclópica tarefa de ao homem ensinar a ser homem...

E jorrando sempre e para sempre
Os milhões de isto e daquilo
Que não se esquecessem os homens
Do tamanho e pequenez no olhar
Que não via os dias
Não olhava aos homens
E os mandava aos deuses ajudar

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