quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

porque ...


... nos dias em que acontecem coisas que as palavras não descrevem .... sorrimos e guardamos o momento. Gosto muito de ti Pipa !

:-)


Quando se tem juízo e não se liga muito ( nem pouco ) à bola !!!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

e um dia ...


... os sonhos ganham um rosto!

domingo, 12 de dezembro de 2010

joão

Guardamos nós coisas ? Coisas das pessoas ? Quer dizer, gestos ... sorrisos ... trejeitos ...? Aprendemos a lembrar alguém por momentos desse alguém, tornando a naturalidade dos seus movimentos numa espécie de DNA dele próprio, tornando-o ocupante de espaço único nas nossas memórias e ... quiçá espaço importante nas nossas vidas? Aprendemos a crescer com sorrisos sábios e alheios, que tornamos nossos porque neles nos tornamos melhores?
João sempre sorriu sereno, ensinando a transformar a vida dos nossos dias em dias da nossa vida. Escreveu e falou. E quando escrevia e falava dava-me a chance de o ler e ouvir. Ao lê-lo e ouvi-lo acrescentei sempre algo à minha vida. É uma sorte, uma fortuna, cruzarmo-nos com pessoas assim no nosso trajecto. Poder tê-las e guardá-las para sempre nos escritos que gravam na nossa vida.
Guardo-te João Fortuna. Levo-te comigo em gestos que aprendi no teu sorriso, no teu olhar convicto de que a vida se faz com verdade. Que sorte poder ler-te mil vezes mais. E olhando para dentro de mim, ver-te sorrir.
Um abraço deste miúdo a quem os teus abraços sempre souberam, sabem e saberão .. a coisas de vida !

sábado, 11 de dezembro de 2010

viver como antigamente ...


23,30. Ou seja, a 30 minutos do fim de um dia ocupado por várias incidências.
Pouca gente na rua, aliás vivalma, apenas candeeiros e carros estacionados. Um transeunte, a esperança de ajuda, de luz, de informação ... Carro parado, janela aberta e:

- Por favor, a Rua 5 de Outubro .. sabe onde fica ?
- Rua quê ?
- 5 de Outubro, onde fica a Farmácia Central ...
- 5 de Outubro, 5 de Outubro ... aqui em Carcavelos ?
- ' Não ', apeteceu-me responder, Rua 5 de Outubro em Bragança ... mas aconselhou o momento a deixar ironias de parte, em noite de procura da farmácia de serviço ... Sim, aqui em Carcavelos.
- Eh pá ... vais de carro?
( o demandante estava ao volante de um carro, motor a trabalhar ... o inquirido pôs a hipótese de, obtida a informação, a pessoa sair e procurar a paragem dos autocarros ou chamar um táxi, esquecendo que neste caso a informação pedida passaria para a área de responsabilidade do ' chauffeur de praça ' - não é bela a vida e insondáveis seus desígnios ??? )
- Vou ( temendo que me perguntasse em qual ) !
- Eh pá ... viras aqui à esquerda ( de repente parece colega do liceu ou da tropa ) ... vais em frente, sempre em frente ... vais e vais ... até chegar às bombas da gasolina, viras na última antes..
- Antes de quê ?
- Das bombas, das bombas .. portanto ... viras aqui à esquerda e depois é só seguires .. conheces as bombas?
- Sim ( de facto não, mas não era altura de apresentações, relembre-se que estávamos perto da meia-noite e o cansaço pedia mais celeridade que outra coisa ).
- Então viras aí ... vais sempre em frente até à linha do comboio, estás a ver ?
- Sim, sim ... ( nem comboio, nem linha, mas sim em nome do despacho ... ! )
- Pronto .. aí viras à esquerda e é só seguir a linha ( vá lá, não necessitava de aguardar chegada e acompanhar o comboio ) ... sempre em frente, sempre em frente ... e a 5 de Outubro é logo ali .. atrás do Centro Comercial, conheces o Centro Comercial ?
- Sim, o Centro Comercial ... ( tal qual via a linha, o comboio e as bombas !! )
- Pronto ... então a farmácia é aí ... mesmo atrás, não tem nada que enganar ( estranho agora não me perguntar ... ' A farmácia, conheces a farmácia ? ' ) !
- Obrigado, boa noite ...
- Agora viras já aqui ( a rua ajudava a entender tal acção, pois acabava ali mesmo e a esquerda era sentido obrigatório, mas o inquirido era pessoa de bons e decididos inícios !! ) ... e não passes as bombas, não passes as bombas.
- Certo, certo .. não passo ... boa noite e obrigado!

Perdi-me e acabei em Oeiras, com o deus dos desamparados a embicar-me a viatura para a Farmácia da Estação ... com luzes, gente e antibióticos à disposição!
Equacionei finalmente a aquisição de um GPS ... Pura e irreflectida reacção. Seria perder a vida, com gentes e momentos. Únicos. Reais. Obrigado amigo informador. Pelas evidências e certezas do caminho para a farmácia. Por estar ali. Por tornar algo automático, em algo tão pessoal.
- E sim ... não deixei passar as p #"?****% s das bombas, mas sabe, o senhor não me conhece, mas eu para me perder na estrada, preciso de um simples cruzamento.
- Percebes ??

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

neblina


É quase noite. A neblina envolve a cidade, toda a cidade, é densa e brinca com os contornos dos edificios, faz truques de ilusionismo com a luz que emana dos candeeiros públicos, das janelas aos milhares em seu mundo quadriculado e anónimo, veste a lua de mistério e pouca exactidão. Em breve a escuridão irá avançar e a noite far-se-á rainha em seu esplendor, os animais de rua recolherão aos lugares conquistados em geografias de betão e asfalto, os pássaros suspenderão seus voos, os humanos dividir-se-ão entre sonos justos, sonos inquietos, noites de trabalho, de sobrevivência, as horas curtas para uns, longas e frias para outros.
Adensa-se a neblina e tornam-se felizes as coisas inertes, recolhidas a paisagem de quietude imensa, de privacidade única, usufruindo o proibido sentido da vida dos desalmados.
Algures numa estrada perdida, que deixou há muito para trás os arredores da cidade, conduzindo sem rumo e ao sabor do tempo que se escoa em programa de rádio, Joaquim acende um cigarro, mais por companhia do que por vontade dele, abre a janela e extasia-se com a invasão do aroma das madrugadas, escuta o desfiar de melodias e as palavras sós do locutor. À sua frente tem por paisagem a enormidade simples da planície, uma serpente negra por onde levará seu destino e o contraste envergonhado da primeira luz da manhã. As cores surgem-lhe nítidas, límpidas, respira uma golfada de um ar puro e transparente, Joaquim sente-se ele mesmo com a liberdade sempre sonhada, guia, guia e guia. Sem fim e com vontade. Voltará à cidade, sabe que sim, sabe-o bem, despido de todas as penumbras que não as trazidas pelas neblinas dos céus. Ganhou um abrigo, um nome, um lugar, ganhou-se, reganhou-se.
Na cidade é agora de manhã, um cinzento aberta alumia todos os destinos, ninguém nota a partida de Joaquim, mas sentem-lhe a falta.
Voltarão os três, a noite, a neblina, Joaquim. Todos acreditam que sim!
Joaquim também.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

povo que não lavas no rio....

Será táctil ?
A estultícia
A necedade
Não, mas porém
Contudo
E com nada
Tanto lugar
Habita

Caminha, caminha, caminha. Não pares, digas ou penses. Vai.

Afinal ela
Não sendo táctil
Ou evidente
É sim retráctil
E assim certamente
Te confundirão
Com gente