terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

panóplia......

Adormeço ao sol e deixo-me levar, quentinho sinto-me seguir por um infindo labirinto de quereres e desejos, de coisas e momentos, de viveres e sensações ! Não reconheço lugar algum, estranho o vazio de cheiros e pessoas, mas por ali me quedo com gosto, atrevo-me e sonho , apanho os sentidos da coisa nova que me brota de um sono sem governo, sem regra, medida ou restrição, tudo é como é, vive-se a verdade em boa verdade, talvez então o espanto .... A escuridão da noite traz consigo um frio que me desperta, levanto-me e como um autómato contrariado caminho para onde parei, busco os caminhos andados, as coisas não tidas, os sonhos nunca ensinados, busco-me a mim como me desejei e, incrédulo sinto-me cair no vazio, não chego a ter medo.... e tudo sinto apenas terminar num mergulho que não quis dar .... não no mar, em nenhum mar... numa panóplia apenas ... uma curiosa e repetida panóplia de repetidas desilusões !
- Bom dia Senhor, que faz por aqui? ... pergunta-me a criança com cara de criança .
- Nada de especial, tentava somente encontrar o caminho de saída...
- Deste descampado de sóis e noites?
- Não... deste mundo da gente grande !!!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

a colaboração de um povo.. !!!

...assim mesmo, à bruta e às claras, o povo dá-se na sua plenitude, nada pede em troca, nada mesmo, apenas que o recebam e abençoem ! E por mais que sejam as vicissitudes, com a vantagem de nem sonhar o que significa tal, acorda e prontifica-se sem mais senãos!!
... e pedem-lhe que sejam gente e eles vão mais longe, tornam-se gente e da grauda e deixam crescer o bigode.. e esperam que ele crie, que inove.. e eles sem esforço saiem-se com a Quarteira e o Cacém... e pede-se-lhe que votem e eles lá estão, vão mais longe de novo e até pagam para, e votam e expulsam o marco da casa e não perdoam outras aberrações também, fala-se em reciclar e nem pingo de hesitação, recicle-se em barda ganância e estupidez ... e pedem-lhe beleza e harmonia e que disfrutem a natureza e ele dá-lhes mais ainda, marquisam em aluminio e exponenciam a vida com mais dois metros quadrados .. e pedem-lhe que pense nos outros e ele nem resmunga, pensa mesmo e pede facturinhas para os outros, os amigos de poderosa iniciativa que até Bm's compram... e pedem-lhe que pense, que pense um pouco, daquele pensar cerebral.. e ele.... fodidissimo, implacável e num altruismo sem par recusa... mas magnânime justifica.... se pensasse mandava-vos para a puta que vos pariu e tal transtorno não me seduz .... quem iria depois ser o eleito neste joguinho do rei manda ? ... e então antes de a loja fechar perguntam-lhe se pode ainda colaborar um pouquinho mais... vá lá.... sê um lusitaninho querido e ajuda a eleger o primus inter pares .... - quê car... repete lá.. isso é comigo?.... calma, calma, é só mais uma opiniãozinha, então vamos lá a saber, quem é o presidente da junta de todos os tempos imemoriais que o zarolho poeta ajudou a imortalizar? quem é o melhor tuga... carago??? .. e numa lista de dez sobreviventes... o povo quer escolher, e desta jura que em consciência... e... abespinhado ergue-se e grita... um grito de genuina revolta.... mas .... esqueceram-se do Chalana ?????

omnipresente....

... o manda chuva! Mal acabado de desabafar o drama da não conjugação entre o intestino e o mundo das letras e .... zááás! Especado encaro a caixa de correio e o olhar de súplica da revista dos pontos da galp e do boletim do acp.... pronto, não quero guerras, dividem um beliche ao lado do lavatório!!!

in extremis....

.. o momento anunciava-se há muito, lutava-se pela espera de condições com dignidade, momento intimo e de reflexão, a exigir um recato respeitador ! Entre apertos de pinguim, entre rezas de ' espera aí ' e os minutos que não passavam ...e o trono que não se vislumbrava, era o trânsito, a chave que não entrava, todos os poderes se conjugavam para a tragédia .... uma ricas levi's e uns boxers calvin klein preparavam-se para o destino humilhante de se substituir às banais fraldas dodot!
Por entre ai's e macumbas outras, mais uma ultima correria, portas a pontapé, botões arrancados sem método ou respeito, sento-me então para viver o momento da descarga... esse momento mágico sem pôres do sol mas ainda assim de uma rara beleza....
- Nãããããããão ! Nada para ler? Mas.... e ' A Bola ' de há três dias? Ou uma revista amarelada com as novas de há três meses? Nada ??? Mesmo nada ? ... Recuso-me a prosseguir, assim não, não mesmo, volta para dentro, espera-te à porta amigo.... há sempre um plano B.... Estico-me, agarro o tubo da pasta de dentes e fico a saber a completa composição do tubinho de higiene dental!... E assim, com dignidade e condições, remeto-me na solidão e confesso bem alto e para dentro... como é bom cagar na plenitude dos factos!!!

os extremos tocam-se....

... vindo de longe a vida corre-lhe bem, há de tudo, tem-se tudo, a bomba é mesmo bomba, a que o leva sentado, 250 cavalos, e a que leva ao lado sentado, uma cavalona de boas velocidades também...
... vindo de perto a vida corre-lhe como Deus quer, há pouco, tem-se pouco, o burro é mesmo burro, o que o leva sentado , não o que o usa sentado ...
Porque Murphy quis segundo reza, ou talvez porque assim destinou a entidade que regula os encontros não previstos, cruzam-se nas suas vidas, no mesminho espaço de alcatrão onde só cabe um de cada vez... onde estão os dois vá lá saber-se porquê !! os extremos tocam-se, um a 230, outro a chibatar o jumento, seguem juntos a viagem agora, num táxi celestial: " é para o céu, passando pelo inferno , por favor ! "
... morreram pois, um de soberba e estupidez, outro espalhado aos bocados... afinal, morre-se como se vive !!

cat & che !!!!!

E do nada surgem imparáveis, reeditam frankie & jesse james, dupla imparável para dar ao peito, não as balas mas os gritos, usa quem ousa, visão revolucionária do grito das massas, estampados não no rosto mas na pele que vestimos .. e criam e criam e sonham portar a bandeira. Che Guevarita de ideias bem fumadas, porte alto e muito à frente, Cat , o Stevens pequenito com a sua espada de côres e letterings ... mais uma barba de vanguardista resistência, às lâminas e status quo ... juntos criam o palanque onde as massas brotam os " já basta " !! E de rompante surge o estrondo, a certeza deste novo caminho sem fim, o ponto do não retorno, calemo-nos NUNCA mais!

E a ironia, essa a do destino, cala-lhes o erguer da bandeira , pega-lhes no não retorno e no NUNCA mais e de uma assentada senta-os de novo.. quietos e sossegadinhos, no banquinho de onde se levantaram, não retorno sim mas para tanta ideiazinha !! ...

E esta é pois e assim uma devida e singela homenagem, aos lyrics da safe-T.. que um dia sonharam ser os cavaleiros andantes da expressa revolta das barbas cool e sábias, e que, trágicamente foram engolidos pelo monstro mor que combatiam .. o capitalismo selvagem, desmedido e engolidor, engoliu-os de um selvagem modo também... desculpem, estamos com o inimigo, não temos tempo para vocês... voltem a sentar-se também !!

almoço sem hora marcada.....

... sim , porque eu disse, eu falei, referi, eu pensava que, mas tu não... não ouviste ou nem sequer imaginaste, e aí lá se foi, lá teve de ser, lá tive que pensar que afinal tu... já para não falar ainda de .. mas tu não sentes, não sentes que se sente... e não ouviste o detalhe, a hora... a hora... era aquela e eu disse, pois ... e agora?.. deixa... não interessa... ! ouviste ao menos?.. e é isso que tens para dizer?... afinal é só isso ? não, não, não... sabes que não foi assim... desculpa, estás aí? mas ouve, ouve outra vez, eu repito.. espera já te oiço, não é nada disso.... está bem esquece!!... depois então fiquei ali a pensar, ah é?
... a propósito, que tens feito? não dizes nada, tanta frieza, tanta distância.... nem te reconheço, nem me pareces o mesmo.. ! qual mesmo? mau .. recomeça ? deixa.... resolvemos isto em tribunal, o meu tribunal... fica assim como eu disse e mudamos de assunto... almoça-se um dia destes ?

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

oscilações ......

Começo a pensar que o nevoeiro veio para ficar, faz tempo que nem uma nesguinha de luz, daquela com côr e temperatura, daquela que me arranca ao lugar e me atira para o sitio das coisas, das que vivo e observo, das que somo e passam a ser eu também ! Sendo assim ... espero !!
Faz um calôr de morte, calôr mesmo, que justifica o nome e a aversão, mexer-me não me passa pela cabeça, recolho-me na minha sombra, na interior que da outra não há cheiro ou sinal e ... penso no que fazer... já sei... espero um pouco!!
Temperatura amena, nem é carne nem é peixe, antes o nevoeiro, pôrra, ao menos um dia de calôr.. assim é que não é nada... vingo-me e espero, quero lá saber!!
Chove que Deus a manda, mas manda a sério e com aviso, até granizo botou faladura, mais neve e artigos afins, vem puxada ao vento e acompanhada de uma gélida briza, está bonito está... esperem para ver.. por aqui faço o mesmo... espero, está bem de ver !
Hoje e de repente , sem nada o justificar, sai um dia lindo e do melhor, abençoado diria mesmo, agora é que é... saio do meu lugar e vou com tudo ... mas vou para onde, espero há tanto tempo que esperar está-me no sangue ... e agora, assim de sopetão... é para viver?
Matam-me estas oscilações, do tempo e seus aliados, as tristezas disfarçadas, as desgraças anunciadas, os fazeres inesperados ....
E agora faço o quê?

ir....

...Saía de casa não sabia para onde, levava tudo e nada consigo, tanto medo de perder o que perdido estava já, porque não pensara antes que para além da chuva fria e quente que o molhava e lhe aquecia o coração, havia também o momento de partir do mundo que era o seu, o das crianças, onde cabia apenas a ingenuidade de ser feliz, seria a chuva afinal uma mera ilusão e sonho, aquelas noites a ouvi-la no seu mais que seguro porto onde habitavam os beijos do pai e mãe, os aromas culinários de Alice sua avó e a indiferença de todos os outros da casa que mais do que o incomodar lhe deixavam o mundo para viver ?.. Saía, nesse momento era mesmo a única coisa que sabia e sentia , o caminho passava por ir !

outra foto, as mesmas duas côres !

... o mar crescia então com o seu fascinio, mergulhar, nadar o pouco que nem sabia, as ondas como primeira adrenalina, a alegria imensa de ver um pai criança que brinca também, assim passavam tantas horas quanto os dedos engelhados e bater de dentes permitiam, num momento de fortuna acontecia então nadar agarrado ao pescoço da irmã mais velha, bem para longe e fora de pé, confiança cega, medo nenhum, como era bom viver e gravar a vida, regressar à areia e outras emoções, a mulher das bolas de berlim quentinhas no lugar da nossa sofreguidão antes dedicada ao deus mar. Uma bola e um pão com manteiga, uma toalha e um simples sol, como era fácil amar a vida sendo criança, chegava o almoço e a sesta à sombra, ao fim da tarde a praia e seus rituais de volta. Como compreendo agora a dôr daquela chuva torrencial em que começava e acabava a despedida daquele João ao sol !

foto a preto e branco......

1966, Olivais Sul numa manhã de sol, encostado à parede quentinha da casa , não saberei nunca porque tal foi o momento primeiro a ganhar lugar na memória, estranho mais ainda pensar que aquele sol era quente e bom, que sorria para tudo e nada, enchia-me o prazer do quente, como poderia então imaginá-lo trocado por outra amante, amaria a chuva mais e com mais força, dela faria os irmãos que tinha sem ter, com ela dividiria toda a tristeza e felicidade com uma fidelidade que dificilmente repetiria na vida.....

kuka & rato





volto atrás no tempo, fico lá e de repente somos iguais, somos apenas um ! ..... queridos filhos que bom que é ter dois amigos como vocês... já vos disse que vos amo?

identifique-se por favôr....

- Bom dia, é o senhor que escrevinha por aqui?
- Não, é um bonequinho .. !
- Um bonequinho? Mas que pôrra de bonequinho?
- Um bonequinho na cabeça de alguém ..
- Ahhh, entendo, bem me parecia que não era o senhor, faltava o palavreado calão, a superficialidade de juntar água.. um bonequinho então... que puta de ideia ! Foi sua ?
- Em parte, parte minha , parte de sei lá quem , uma vontade de ir por ali...
- Engraçado, engraçado cumó caralho.... quase diria que lhe apanho uns bocados mas vê-se que não é o senhor, vê-se bem que não... sabe, os conteúdos , os contextos, os caminhos e contracaminhos enfim ... vê-se e pronto !
- Hum, hum ...
- E por onde o descobriu, mas por que raio de cabrões de sitios andou e o encontrou ... de onde lhe salta para as mãos semelhante achado... por onde lhe buscou as formas ??
- Foda-se! Mas foda-se mesmo!!! Você anda sempre a correr ??

momento certo... ?

Finalmente chega a hora e não a perco por nada.... Sentado no banco à frente do coreto espero o momento em que o baile vai começar !! Chega e senta-se ao meu lado uma linda e estranha rapariga, não lhe entendo as roupas nem o cabelo, tanto desenho no corpo e brincos conto perto de dez ou mais ... ! Passa o tempo e a conversa chega para quebrar o silêncio e a monotonia do lento andar dos ponteiros:
- Sabe menina, estou para o baile, aqui sentado neste mesmo sitio onde em tempos conheci e namorei a falecida, que Deus a guarde, ao som da banda da freguesia... também está para o baile?
- Avôzinho, se eu soubesse o que significava namorar, o que diz com falecida, a quem pede para a guardar, ou a banda do que seja lá o que disse.. se eu soubesse isso tudo Avôzinho, não me tinha aqui sentado apenas com o intuito de lhe roubar a carteira! Agora passou o timing, já não dá, despeço-me e bazo sem guito, gostei de si, seja lá de onde veio !!
De novo só, não páro de me intrigar... Timing??? Devia ser estrangeira, isso sim, aqui na terra não há disso !!

timings !!

Saio, de onde nem sei, choro e acodem-me, grito e vivo, mamo, quero e tenho colo, ensinam-me a andar e a exprimir, a ler e a estar à mesa, a querer e por vezes ter, a respirar as manhãs, a falar para conquistar, a guardar o que aprendo e a usar o que guardo, a conhecer o lado da dôr, do amôr também .. E aprendido o modo de ser, caminho para me aprender também e torno-me EU, e vou e faço e quero procurar, procuro querer também e chega o momento em que de novo apareço, mas agora ensino.. ensino outro eu a guardar, a entender o caminho de se ser sendo sem se perder, de se buscar nalgum lado e de se encontrar ... e tudo isto sem me aperceber que por momentos, muitos e mais do que supunha, me esquecia de simplesmente ficar... quieto e dentro de mim, olhando e disfrutando um pouco, um pouco apenas, da quietude da vida, da grandeza dos bocadinhos que juntos me tornaram um lugar na vida de alguém!
E ao adormecer e acordar vivo-me à bruta ... e feliz entendo que tudo tem um momento para acontecer! Ou não !

desencontros !

Três da tarde, num sitio qualquer, passo por ti e guardo o momento... o teu cheiro, o modo como te dança o cabelo, um olhar que sem querer deixaste cruzar! Num outro dia que acontece, quando não sei, num outro sitio qualquer e que não quero sequer identificar, entras em mim e não sais mais, são momentos de falta de ar quando não estás, não estamos, olhamo-nos e nada mais que nós vemos... corremos para a vida, para a de cada um e do outro e é lá que sabemos pertencer... dividimos então o nosso caminho, deixamos que o sonho seja dos dois, com o modo que cada um tem de sonhar, amamos o frio e o calôr, o escuro e a luz, assusta-nos a lembrança dos fins... não, nós vamos por outro lado, tanto queremos, tanto sabemos ... tanto tu e eu , vamos pelo lado que não acaba !
Três da tarde, no mesmo sitio qualquer, um tempo depois bem sei, quanto é que não, passo por ti e guardo o momento ... não estás lá, não estou também !

Amo-te e nasci para ti, sei que de outro modo não pode ser, amas-me e vives-me, queres-me como ninguém, és tu que sei que me vais ter, e ler, e perceber o que escrevo em todas as páginas da vida .... tudo em ti é perfeito, perfeito para mim e ti, olho-te ao lado e vejo então que afinal vale a pena sonhar, lutar pelo sonho, sonhar por ti, viver simplesmente a simplicidade de ter ... E tudo resulta porque nunca nos cruzámos em lado algum às três da tarde ... e assim fomos abençoados pelo desencontro que não permite desencontros ! E assim sei que não há fins !

E sem fim fomos até ao fim, não nos recorda onde começámos a ser quem éramos, não nos recorda onde começámos a deixar de ser... sabemos sim e recordamos que um dia achámos que tudo seria bom.... Esse dia foi talvez nosso... Todos os outros ... foram apenas a tentar voltar a ele! Sem desencontros !!

mais ilusões.....

para quê? nahhhhhhhh.... deixo-me estar, está quentinho e sossegado, não chove cá dentro, mais um pouco e é hora de jantar!! Amanhã, se tudo correr bem, é amanhã , a ver se não me esqueço de vestir a minha cara e o meu corpo quando acordar.... assim saberão todos que sou eu, aliás, saberei também eu que sou eu, ajuda a reconhecer-me... é isso, amanhã vai ser amanhã... e continuar quentinho... não me iludo quanto a isso !!! Bom assim, nem quanto a isso nem quanto a nada disso... se estiver frio, paciência.... há-de passar... como todos passamos... ainda que alguns sem dar por isso !!!!

ilusões.....

... e de repente era chegada a altura de olhar, lá bem para onde se chega a ter medo, lá bem para dentro de mim! De inicio era confuso, não parava de reconhecer o sorriso de quem acredita, estranho mais ainda, aqueles são os meus olhos, aquele sorriso nasce dentro de mim, olho o trajeto e reconheço o meu cheiro, o meu modo de caminhar! Pergunto-me onde estou, mas afinal, sou tão eu ali... mas onde estou ? Vejo-me velho, mais velho, e no entanto a mesma inocência no acreditar, cais e levantas-te ... será assim até quando, mas porque teimas em acreditar ?
Acordo então de manhã, uma manhã igual à de ontem e às de sempre e encontro a resposta que procuro.... quero ser e estar aqui enquanto houver ilusão, enquanto desejar que sejam elas... as ilusões, a chamar pelo menino que um dia me lembro de olhar a vida e querê-la... e saber tê-la para si .. !!

domingo, 11 de fevereiro de 2007

e afinal...

..... é bom nadar um pouco de volta a terra! Dois dias sem bateria no telemóvel e sem acesso à internet... longe de casa e sem telefone ! Agarro uns livros e leio, leio e leio , adormeço ao sol e acordo feliz com a companhia... euzinho ali mesmo, só para mim !

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

gastam-me o nome.....

.... e ensinam-me o seu significado !

Acordo com os teus puxões, Pai são horas de viver, o dia começou, não começou ainda filho, não para mim que corri a noite a correr para os teus chamados, Pai.. já começou já .... abro bem os olhos e entras por mim adentro, não era preciso, é lá que vives, salto de um sonho para outro e ziguezagueio pela nossa vida, a minha vida é a tua vida, faço-te flocos e dou-te banhos, revivo o Buzzlightyear que o mano me apresentou há anos, dou-te o braço e vejo bonecos na TV, agora mais isto e talvez aquilo também, queres bolachas, queres que me esconda, que te procure, assustas-te se me perdes de vista, vai o dia a meio e há ainda o lanche, o jantar, e a história da noite, e só mais cinco minutinhos na sala... estás cansado mas não cedes, com o Paizinho querido compras então uns momentos mais .... tudo o que queres ou quase...

Acordo ainda antes da manhã ela mesmo acordar, salto da cama e desperto-te para a carrinha da escola .. ardem-me os olhos e acompanho-te nas torradas, tu com ... água ( já se viu ?? ) e eu com sono ... falo-te nos testes e nas matemáticas - Pai outra vez ?.... passa o almoço,olho para as horas e com o Kuka chamo pelas cinco da tarde, a hora de te reapanhar... - Pai, estudo, banho e um pouquinho de computador? E volto a estudar quando estudamos, e páro a olhar-te nos olhos do mano..

Entre mesas postas e roupa apanhada, TPC's, Fedorentos e Noddy's, esconderijos e conversas de quase adulto, tento encontrar tempo para fazer qualquer coisa minha ! Coisa minha?
Não há coisas minhas fora de vocês.... hoje passei pelo vosso quarto, espreitei e vi as camas feitas, sei que irão ficar assim à noite ... fechei os olhos no regresso... assim consegui ouvir-vos e ver-vos ..... e pude ter saudades de não ter um minuto para mim !

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

aischa...



e se de repente entendessemos ? ..... aischa ?

So sweet, so beautiful
Everyday like a queen on her throne
Don't nobody knows how she feels
Aicha, Lady one day it will be real

She moves, she moves like a breeze
I swear I can't get her out of my dreams
To have her shining here by my side
I'd sacrifice all the tears in my eyes ...

será quem ou o quê ...? será onde, será como ...? tenho de ter a coragem de procurar o momento ... onde quero deixar parar a minha vida ... e vivê-la e deixá-la ser vivida !!

fomos nós que pedimos.....

... um mundo cada vez mais pequeno e com tanta encruzilhada? Onde estamos em cima uns dos outros sem sequer nos vermos e ouvirmos ... onde sabemos ao minuto e segundo os segundos e minutos das vidas .. com telemóveis, gps's e messengers traiçoeiros, onde as antigas cartas e carteiros são crucificados por correspondência 'on real time '.....
Ahhh ... e sózinhos estamos e falamos, e usamos o tempo que não tivemos, e somos e descobrimos e queremos mais .. mais velocidade, mais ajudas e mais chips, onde estás? mostra-te na tua web, beija-me num sms, diz-me quem és num blog... opssssss , mas que digo eu?
Não perco ainda a esperança.... the show must go on and indeed it does .. amanhã concebemos a vida por telepatia, esse sonho nunca descartado, nascemos num Outlook, vivemos no Messenger, morremos algures e quando fôr... na esperança de que se vele o momento online, se façam o enterro e as missas comemorativas numa base excel ou similar, mas por favôr não esquecer, rápido e com acesso por internet, afinal se não pudermos estar presentes, morto incluido, não queremos a cerimónia assinalada com falta a vermelho !!
Teremos sido nós a pedir isto .... tanto e para tão pouco? Devemos ter sido, devemos sim, afinal .... por aqui vamos sendo, estando, caminhando, fazendo que ainda nos lembramos do tempo em que para viver tinhamos de por lá andar!!!!!!

mudanças.....

1972, olivais sul, 6ª feira .... saio no paterno taunus 17M super a caminho da aula de ginástica semanal no centro recreativo popular da encarnação ! Tenho 10 anos e é uma emoção, o momento a aguardar durante seis dias !!
1996, estoril, 2ª, 4ª e sábado saio de casa com o meu filho de 2 anos para a aula de natação no tanque do clube dos bombeiros ...
2007, estoril ainda ... saio de casa para a natação de um e outro, há já um Francisco também, entre 2ªs e 3ªs e 4ªs e mais que haja... juntam-se as aulas de teatro do Miguel, meu filho .. 12 anos !!!!
Mudou o amôr? Não.... Mudou a velocidade de ser Pai!!!

2007, algures à volta de Lisboa ... Manuel e Elvira, com poucos dentes um e muito reumático outro, olham para trás e tentam não errar no número de anos que passou desde 1957 ... eu ajudo, são 50... isso, 50 anos desde aquele dia em que ela linda e ele sem saber ainda o sonho que acabara de conquistar, olharam em frente e palavrearam os dizeres do costume... na saúde e na doença, na riqueza e pobreza até que a morte os separe !!! Deviam saber do que falavam, ainda ali estão....
Mudou o amôr ? Deve ter mudado... já ninguém tem tempo para lutar ....

Há muitos anos atrás .. fazias parte daquela paisagem caseira, uma tarde a cozinhar, a coser, a limpar, quase sem nome. apenas o titulo de avó!! Hoje, esses muitos anos depois, cozinho para os meus filhos, lavo a roupa e faço as camas também...
Mudou alguma coisa Avó Alice? Não .... assistes a tudo dentro do meu coração, não há velocidade nem tempo que te levem de mim !!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

and to fly is.....

.... mmm.... what can I say?
....começa ali quando a porta do avião abre e passamos a estar a centimetros do vazio, e nós ali sentados à espera do momento da libertação... do momento em que pela primeira vez na vida voamos, entendemos o tamanho de nós mesmos, o tamanho do mundo da nossa pequenez! E caimos, porque Deus quer e por isso fez a gravidade, caimos para dentro de nós, da pura felicidade, da loucura de um momento que nunca julgámos possivel, caimos a cem, a duzentos, que interessa?? .. tudo é louco e rápido, tão rápido, olhamos à volta e vimos o céu por cima e ao lado, as nuvens que mais do que fofinhas e distantes, são agora o nosso abraço! O páraquedas abre , a brutalidade da beleza do silêncio arranca-nos da adrenalina da queda e toma conta de nós, toma João, usufrui agora que bem mereceste, saltaste do medo para este lugar onde por momentos te vais sentir tão perto do que amas, a chuva, o vento, o barulho da vida, nascem aqui, bem por cima de onde vives.... Brinca o pára com o vento, cambalhotas de pequeno, voa passarinho dourado, mãe estou aqui!!! Aterro e com os pés no chão quero falar, dizer o que acabo de descobrir, um caminho de liberdade, e não me sai nada.... diz-se o quê quando se descobre que somos pequeninos e nada daquilo que pensamos? AMEI o salto, vou repetir!!