quarta-feira, 20 de agosto de 2008

red @ NY !


... happens three times ! Yesterday, today and tomorrow !

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

manel, gente ninguém ...


Baloiçava a velha cadeira, o mesmo ranger de sempre e seu som, coisa dos dois, segredo de longe, como se os anos não significassem uma velhice e suas coisas idas, voavam as folhas e suas memórias a preto e branco, de antigos penteados e óculos de grossos aros, coisas do antigamente com cara de gente, desajeitados momentos de aprendizagem em robustos e pesados triciclos, abraços de tanto irmão, risos de esquecidos amigos, bailes e festas com danças de idos e tidos amores, partidas de coisas que acabam, novos caminhos e seus medos, por onde andaria gente aquela e tanta, momentos aqueles de paixão e segurança e crenças em deus menino, rangia a cadeira em seu eterno vaivém, o mesmo lugar, a mesma luz em casa sua, ali sentia o perfume único daquele bocado que tornara seu, como em trama onde não cabia ninguém mais, e agora pedia-lhe a memória viagem aos tempos da lentidão, de palavras que se trocavam, cartas que em angústia se esperavam, velha caixa de correio que tanto desejara, porta de rua e seus caminhos de liberdade gritada, de mundos de pequeno sem guerras que não de abraços, choros de menino a caminho de gente grande, velha e puta memória que o atraiçoava e passeava sem do baloiçar de uma cadeira sair, e as janelas iguais de sempre em pó escondidas de paisagem de vida, e a porta outrora grande agora apenas distante, baloiçava velho, gasto de pele e nome, Manel lembrava e sabia chamar-se, amigos adivinhava para sempre idos e perdidos em sua vida foragidos, e o vento, amado vento de fins de tarde e correrias, feito cumplice em torturas de folhear, chorava Manel velho suas lágrimas secando em ossudas formas de fim de vida, recordava seu primeiro tombo em cadeira aquela, o susto de reprimenda de mãe que não de nódoas negras de fácil esquecimento, lembrava as tardes de calor e sesta, de minutos de lenta vida que adiavam a liberdade anunciada, de um caminho de silêncio e sonhos sós que aprendera a desenhar em harmonia de ninguém mais, chorava ouvindo aquele ranger único, momento de volta de uma vida ao contrário, chorava como criança em memória, colo e cheiro nunca esquecidos.
Começara a chover, sentia pois o momento de voltas e regressos, despedidas e reencontros, levantou-se num desconhecido movimento como se a vida ali se deixasse, naquele ranger mágico que a vida lhe guardara, abriu a porta e saiu, para a intempérie de uma viagem sem volta, atravessou o abandonado quintal sem jogos nem gritarias de tempo pelo tempo, sentou-se no muro, eterno muro de companhia certa, quedo apanhou a chuva e nela se embalou, recordou tarde de loucura e primeiras liberdades na afronta à natureza selvagem do mundo que o esperava, fechou os olhos e morreu. Ali .. onde sempre viveu, morreu Manel, velho e criança de mundo seu !
Na sala, inventada sala de lugar que não existia já, baloiçava perdida Maria, pequena Maria neta de ninguém, embalada por um ranger de melodia, nostálgica de afagos e carinhos de um velho que não queria esquecer.

domingo, 10 de agosto de 2008

vade retro ( ou será vai de metro ?? ) ..cidadania !!

Em 1997, ali à beirinha da Expo, a rede do Metropolitano de Lisboa chegou ao Campo Grande, à mãozinha de semear do aeroporto por onde entrariam algumas dezenas de milhares de passageiros para o evento que mudou Lisboa e orgulhou o País, com este no seu melhor, vertente ajavardada de ultrapassagens e derrapagens de custos e prazos incluída! Mas ... estação do comboio subterrâneo no aeroporto ... tá quieto ó mau ! Entretanto, passados que foram perto de dez anitos, depois de amadurecida decisão de transferir a coisa dos aviões para outro lado, coisinha pensada, repensada, avaliada, estudada bem à Tuga, num vai para aqui ou vem dali, com insignificantes diferençazinhas de apenas alguns milhões largos de euros a serem sacados ao burro e costumeiro cidadão pagante de impostos mas que apenas discute penalties - que nunca chegou a entender ou saber contornos de coisa alguma, mas que interessa lá isso compadre ? - passados que foram esses anos dizia, o Metropolitano chega finalmente ao tal de aeroporto da Portela. Pergunto-me se se esqueceram de enviar fax ou mail aos rapazes, avisando da partida da estrutura para terras de Alcochete. Podiam ter mandado um paquete, de táxi bem se vê, afinal por ali há-os aos milhares, aos trilhares mesmo, coisinha poderosa do tio !!! O aeroporto no entretanto, a avaliar pelas obras ininterruptas lá por dentro, por onde andam e voam baixo os aviões, ou está a fazer as malas para ser encaixotado e transferido aos bocadinhos em contentores e camiões, ou vai expandir-se à rico e à pacóvio, com obra feita em dia de partida, quando em tantos anos e anos passados nadica de muito útil se fez por ali a não ser coser remendo atrás de remendo ...
A malta continua por aqui ... por entre táxis, metros, conversa de penalties e marcha atrás.
Reclamar, sem bençãozinhas de partidos mas à séria é que não ...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

... à volta do nada !

... para nada ! Há coisas que não chegam a sê-las. Pessoas também. O que não é obrigatóriamente mau, podemos ser nada num momento e lugar e essa condição tornar-nos satisfeitos, pode ser fantástico saber viver sem a eterna preocupação de para tudo termos uma posição, ideia ou ponto de vista alternativo. Essa é aliás uma coisa que quando entendida, não só nos retira grande parte do ' stress ', esta doença dos nossos dias, que acumulamos muitas vezes de um modo evidentemente desnecessário, como nos proporciona momentos de liberdade intelectual, emocional, que poderemos investir em pensamentos à volta de coisas interessantes como ir um pouco dentro de nós, de outros lugares em nós. Normalmente aprendemos isto à medida que avança a idade e pensamos ver reduzido o tempo que nos resta. Sensato. Menos tempo à vista, melhor tempo à mão ! Será?
Vem tudo isto a propósito do blogar, escrever, ler, conhecer ou mostrar um pouco de nós. E, por entre um mundo de conhecidos, temos a sorte de ver entrar outros também, nunca vistos e no entanto há muito esperados. Como em qualquer actividade, a diversidade de coisas novas pode ser do mais saudável, uma autêntica mais valia. Se no somatório de ideias deixadas e reconquistadas algumas provêm de anónima gente, abre-se um desafiante campo de ideias para cá e lá, por entre gente que parou também e ousou pensar. Impossível seria no entanto não encontrar na safra o eterno joio que dá sentido à vida ela mesmo, que faz entender a diferença entre valer a pena ou pedir arremesso para o caixote. Pobres anónimos anónimos que se escondem com nada, em nada, para nada !! Por norma e sorte, arremesso certeiro para longe sem sequer lhe guardar cheiro ou rancor !!