sábado, 31 de janeiro de 2009

era uma vez...

Era uma vez um sitio, um sitio com pessoas, quantas não se sabe, não porque não fossem contáveis, apenas porque algumas não o eram, algumas não, muitas, e assim era dificil dizer quantas pessoas tinha o sitio, que as havia devia haver, que se viam poucas era sabido, que se ouviam uma data delas sabido também, pessoas é que não se podia jurar que fossem, falavam como elas sim, quer dizer, falar falavam como humanos, mas daí a pessoas ia um bocado, e nesse sítio eram bem-vindas, ouvidas, escutadas, com a cabeça suas palavras meneadas, que sim pois e perdoadas em toda a extensão do seu vazio, era digamos que um sitio sitiado, que não por gentes e exércitos, apenas pela vontade grande de não a ter, a vontade claro, no sitio pois, o sitiado de que falamos. Estranhíssimo fenómeno um dia se deu por lá, um pingo, era uma vez um pingo, um pingo nem grande nem pequeno, apenas ele mesmo, por ali à vista, a tantos igual e no entanto especial, daqueles que impa, por se saber coisa rara, vista, revista, e no medo dos ignorantes malquista, mas isso não sabia ele, nem que dele nada sabiam, naquele sitio onde era uma vez. Um pingo e pronto. Murmúrios traziam ao vento as respostas, vestidas de medrosos palpites, ganhavam-se ares basbaques, aos tementes da mudança vinham achaques, e todos no sitio ficavam quites, que era de vergonha, nunca, de coragem, menos ainda, de senso do bom, impossível, de indignação, como é possível, de dignidade seria?. Foda-se ! Era de água, apenas um pingo de água mais. E o sitio, onde era uma vez, descansou, assobiou, coçou, limpou a caca eternamente agarrada, guardou o cheiro e invejou!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

em mundo teu ...

Diz-me velho, diz-me apenas
Agora
Segreda-me senão desespero
Por ora
Onde morreste, em que parte
Sem hora
Se perdem as vidas em solidão
Com demora
Cheiram a ninguém tuas rugas
Embora
Seja o fim, seja a morte a sorte
Que te adora
E que maldita seja a memória
À nora
Repetida tua morte e história
Que rasgo
E em teu vil e puro abandono
Me engasgo
Eu, gente ninguém sem dono
Com ninguém fujo
Com ninguém fico
Se te deixar perder velho meu
Se te esquecer em mundo teu

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

private one....


... some books are travelling !

sorte, curiosidade, estupidez e destino fodido..

Saio de casa a correr para levar as crianças à aula de natação, chegado perto do carro, merda... esqueci-me da chaves em casa, ' pai, olha o que encontrei no chão ! .. ' as chaves, ali mesmo, caídas à espera. Sorte... Nem deu para subir e desesperar dois andares acima.

Tiro uma pizza do congelador, ai as pressas e pouca antecipação, havaiana no caso, os miúdos gostam. Sento-me a ler um pouquinho do romance que ando a devorar, uma das personagens principais, entra a fazer tempo numa pizzaria e, voilà, aviou uma havaiana também. Curioso, como te entendo Lisbeth ..

En passant pelo Domingo Desportivo que cada vez me seduz menos, ouvia ontem a explicação do iluminado de serviço, tipo de personagem que em qualquer das televisões dificilmente esconde a sua tacanhez jornalística:
' Há um contacto do guarda-redes a provocar a queda do atacante, mas o modo como este cai é exagerado, fez bem o árbitro em não assinalar a grande penalidade.' Brilhante. De estupidez.

Uma semana depois de ter atribuído o epíteto de Bailone do séc XXI, numa tirada que mereceu post por estas bandas, o sr. Salvador vê outro elemento do apito fazer das suas, roubando ao seu clube o dobro das grandes penalidades que o tal por ele etiquetado havia feito no jogo anterior. Acrescentando este o pormenor de validar ao adversário um golo em posição irregular. Aiii .. e agora ? Com que nome o apodas ó Stallone dos arcebispos? O destino, como´certas boçalidades, é fodido !

não resisto a ....

...transpôr para aqui a versão da frase emblema de Obama, versão portuguesa, que me enviaram por mail:

"YES, WEEKEND"

ps: dá moral ao post abaixo !!!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

inevitável ...


... falar do homem do momento. Tomou posse como presidente dos Estados Unidos e isso era por si só coisa de dar enredo a postagem de blogue que se preze de não andar no alheio total da realidade. Ser o 1º negro a fazê-lo dá-lhe, para além de estatueta na curiosidade estatística, um factor extra de análise pelo mundo glutão pronto a julgá-lo, assobiá-lo, analisá-lo, apalpá-lo, criticá-lo, abraçá-lo e todas as coisas acabadas em ' á-lo 'de que nos possamos lembrar. Resolvi imaginar o que seria se lhe juntasse um dado mais para influenciar juízos acerca da sua capacidade para o cargo. Tomada uma das primeiras, senão a primeira das suas decisões, a suspensão por quatro meses de todos os julgamentos em Guantánamo, surgiu-me então aquele que seria por certo o desafio supremo, a exigência sublime, para Barack XLIV.

E se Barack governasse assim em Portugal? Suspendendo um julgamento de semelhante projecção ?

Péssimo inicio. PÉSSIMO. Começar a governação pondo em prática promessas eleitorais ? Mau ... Que é que esse gajo quer, quem pensa ele que somos ? Totós ? A oposição. até aí histérica a requerer tal suspensão, dava um salto de rabo para a pila e começava a infernizar o ambiente, que assim não... que era prematuro e bláblá e que mais que também, que pelo menos devia adiar a coisa, sei lá, uma comissão de inquérito, um referendo, um telefonemazinho a Bruxelas a, pelo menos e devido à grandeza da coisa, solicitar uns cobres extra para ajudar à hercúlea tarefa. Aturdido, atónito, quiçá meio apalermado, mal sonharia o marido de Michelle que o pior no entanto estaria para vir. Dando sequência à ordem presidencial, a máquina administrativa punha-se em campo e descobria, com espanto e pela primeira vez, que de todos os julgamentos ora suspensos nenhunzinho tinha dado um passo de jeito em frente sequer, tabelavam por entre recursos, adiamentos, repetições, incidentes de suspeição, arguidos doentes, arguidos ausentes, advogados eloquentes, sessões dementes. Mesmo com a ' Judite ' ao barulho e a contratação de investigadores a recibo verde ... levaria pelo menos o dobro do tempo da suspensão decretada só para desencantar por onde andariam aqueles processos e julgamentos que o nº 1 queria em águas de bacalhau, por falar nisso, no bacalhau, o Natal está aí não tarda, só falta o Carnaval, a Páscoa e o Verão ... e o homem quer a coisa a mexer , quer rebentar com o pessoal, não respeita ninguém, nem os trabalhadores, os processos, vê lá tu, o que ele foi desenterrar, mais ainda para os suspender, ainda se fosse para guisar com batatas e mandar ao constitucional, por falar nisso, esta josta de ideia deve ser inconstitucional, já falaram com o moço da voz fininha? .. ele que bote falação, se não ajudar pede-se ao professor, não a um qualquer que eles andam que nem nos vêem, pede-se mesmo é ao prof. Sousa que o que ele disser está dito e bem de certeza.

À segunda e terceiras medidas Barack já teria percebido que entre os doze trabalhos de Astérix e ser o 44º, 1º em cor, de Portugal, antes aqueles que este, saltinho ao google por certo lhe traria novas, que não frescas nem boas, já o César, Julio de nome primeiro, tinha mandado capangas para este local e o recado de volta .. ' que não fazíamos amor nem saíamos de cima. ... ' não o animara a conquistas posteriores. A 4ª, medida bem entendido, dar com o Terreiro do Paço e fazer-se à estrada, que é como quem diz. Tejo e Atlântico, que se faz tarde e ainda o esperam para jantar.

Sorte. A do homem do momento. É bom no que faz e não lhe tocou no sorteio jogar na liga Sagres. Que faça por eles, pelos desgraçados dos americanos que ninguém grama mas a quem ninguém larga da mão na hora de pedinchar vistos e abébias outras, que faça por eles, assim o ajude o senhor.... opsss, com letra grande desta vez. .. o Senhor. the Lord, ou God, como nas de um dólar !

Deus te abençoe Barack. Olha se o papá tem antes seguido o Obikwelu ?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

passarões ....




Pena que tenha sido na rádio ... perdeu-se um momento felliniano, não mereciam, nem o Federico nem o sr. Salvador, acabadinho de ver a sua equipa perder e logo dá de caras com um microfonezinho só para ele, a coisa era para o País todinho, ai era ? .. então tomem lá verborreia da boa, por aqui me avio e ficam já a saber que além de engraçado sou culto, que é lá isso de me tomarem por bravo duck, nada a ver não senhores, aqui vai faladura da minha, indignação e da boa, como já vi malta lá do sitio botar:

- Este árbitro é o Inocêncio Bailone do século XXI ....

Inocêncio quê ? BAILONE ? Ó homem, mas onde é que foste buscar uma coisa dessas, se o Woody Allen te joga a mão vais directo para um daqueles cromos que só ele sabe desencantar. Estranho que o repórter não tenha retorquido em espanto perante a transposição secular de figura mítica existente apenas naquela cabecinha, coitado se calhar também não deu pela coisa, é novinho, estava cansado ou é daqueles que acha que levantar ondas ou pegar bois pelos cornos é coisa de surfistas ou toureiros. Mas... BAILONE sr. Salvador ... ? Olhe que as finas ironias com que se bajulam manipuladores e manipulam bajuladores requerem ainda assim algum trabalhinho de casa e hoje em dia, com o Google sempre à mão, um gajo leva três segundos para descobrir que o sr. Tertius Zongo é primeiro ministro do Burkina Fasso, por isso desculpe-nos lá, mas se vem com tiradas à sr. José Maria ou Jorge Nuno, pelo menos acerte no nome do homem. Ainda por cima Calabote tem tanto a ver com Bailone, como Cachalote com Simone, cum raio, você estava mesmo nervoso ou é sempre assim? E tirando o desacerto da coisa, assim ao jeito de falhar uma fuscaçada com uma de canos cerrados a meio metro de gaiola cheia de pardais, cuidado lá com as questôes videntes, deixe-se lá de entrar por atalhos, a Maya já nos cuida deses assuntos. Roubo do século XXI ... o quê ? Um penalty evidente negado ao seu clube, mais um golo limpo, dou de barato e assino por baixo versus outro penaltizinho também, feito pelo seu assalariado Frechaut sobre o rapaz Suazo ( não viu, já sei que não viu, ou viu mas não se lembra, a sua BAILONADA comprova a pouca solidez no campo elefantino da memória ..) .. isto é que transforma o sr. Baptista, Paulo de baptismo ( vê, não lhe chamei Macarrone nem nada ao género, não custa nada !! ) numa figura marcada por tão acintoso ferrete, para todo um século ao qual ainda nos faltam noventa e um anos para ver o término ? Amigo, tenha lá calma e ... fé ... vá ouvindo as noticias e leia um pouquito se conseguir, não, não insinuo que não saiba, mas pode ver mal ou não ter tempo bem se vê, ponha-se à escuta às escutas e verá que não é caso para tanto, para atribuir desde já o seu Òscar de Reencarnação da pessoa Inocênco Calabote. E Inocêncio, por falar em ti, volta rapaz, estás perdoado até à 5ª geração ... a coisa aqui de inocentes tem-nos muitos, por prescrições e falta de outras coisas acabadas em ' ões' ... já na questão de calote, que não de Calabote, é cada tiro cada melro. menos o sr. Salvador que baila sua indignação num conto ficticio de bailonesca personagem, calhando vinha mal recordado, mal segredado, pelos amigos com quem toma café. Ah .. e se voltares não te espantes se te chamarem menino do coro, aquilo que fizeste rapaz, aquilo é coisa do mais puro e ingénuo amador, devias corar! E se em vez de ' menino do coro ' te chamarem Bailone, esquece, a coisa da bola hoje em dia dá para tudo! E para todos !

Bailone ? Ai se o Woody te apanha !!

às vezes ...

... deparo com uma coisa destas, escrita por alguém que conheço e não resisto ...

pessoinhas !



Todos os dias temos oportunidade de ler, ver e ouvir as opiniões desta ou daquela pessoa, sobre assuntos tantos que vão desde o preço do pão, os buracos na estrada, às mais intrincadas previsões e conjecturas sobre a evolução, senão da espécie humana, lembremo-nos de Darwin, pelo menos à da espécie lusa, esta sim a trazer-nos em maiores cuidados, logo abraçando e açambarcando com naturalidade a parte de leão, salvo seja, da nossa atenção e respectivo menear de cabeça em acordo ou talvez não. Uns há que pelo seu verbo fácil, ar de gente em quem se pode acreditar ou pela exposição lógica e inteligente de uma verdade La Palissiana, que assim lhes confere uns créditos mais, uns há dizia, que caiem no goto da gente e assim vão sendo apreciados em suas aparições, perdoados em suas falhas ou omissões, principalmente os que utilizam o espaço televisivo como palco dos seus malabarismos verbais, mais expostos mas simultaneamente mais endeusados. E há os que, por via de um estrelato conseguido por artes de analistas do olimpo, passam para a escrita a continuação da sua evangelização das massas, romanceando em pesados volumes ou páginas de jornal. E estas, as massas, agradecem e meneiam de novo, vendo a oportunidade de formar opinião sem a parte chata e trabalhosa de perceber o porquê das coisas. Um destes magos da opinião sábia e saloia, que adora ouvir-se a si mesmo, leva a coisa mais longe, achando por certo que cada coisa que diz, pensa e afirma, é não só inquestionável, como pertence ao campo das coisas escritas com a graça, luz e ironia dos iluminados. Sentadinho no seu canto, gosta de analisar e esmiuçar o assunto sobre o qual vai botar divina faladura, separa toda e qualquer verdade que vá contra a dama que defende, qual menino que põe de lado a cebola no prato. Acontece que a cebola por ali é bem mais que as batatas que acaba por servir, não se dando ao cuidado de tentar perceber que quem o lê, das duas uma, ou é um crente ajoelhado e de cérebro pouco que a tudo lhe dirá 'amén', ainda que este o mande vender a mãezinha, ou então, em duas penadas desmonta uma argumentação baseada numa manipulação tosca e demagogia de pacotilha.
Acabo de ler a pessoinha, chego a ter dó do seu esforço de apoucar uma realidade na qual o moço parece viver obcecado, ele e outros tantos como ele, que assim lhe garantem audiência ao escrito semanal, numa masturbação colectiva de frustrados mentais. Uns aplaudindo e grunhindo, o outro agradecendo embevecido o reconhecimento de sua pessoa ímpar na certeza de seu cagar. Dizem-me que o elemento escreve romances de grande porte. Imperdíveis. Grandes devem ser, pois que tendo-me sido oferecidos, ocupam cerca de seis centímetros de largo em seu lugar de estante, de onde saiem apenas para que o pó se limpe com maior facilidade. Já quanto ao segundo epíteto ... estarei também de acordo, pois que perder três trambolhos, só mesmo de propósito.
Parece todo este escrito um arrazoado de críticas avulsas ? Talvez. Mas é apenas a reacção que me suscita este tipo de pessoinhas que, do alto de seu banquinho de artista prestidigitador de palavras, acham que todos seguem pela bitola dos palermas voluntários que papam a sua receita requentada de verdades de La Palisse, mostrando o perfuminho que querem das damas que defendem, escondendo-lhes o cheiro pútrido e assobiando para o ar quando lhes convém. Dos que o lêem duas coisas têm garantidas: o ' sim pois claro ' dos imbecis e a piedade dos outros. Nada mau ainda assim, leva mais que o merecido!!

domingo, 18 de janeiro de 2009

mar


Amava o mar
Amava amando
Um amar sem mando
E sem desmando
Como se o mar amasse
Me amasse
M'amasse
Sem me amassar
A massa e o ar
O mar
E assim amado
Amarado em amor
Amassado, abraçado
Amarrado em calor
E em cor
De mar a amar
Num amar de mar
De amada dor
Esse mar sem cor
Que num estupor
Me deixa o mar amar
Mas amar amando
Como voando
Sem o amar terminar
E assim gritar
Que ama o mar
Quem ama amando

photo by redjan

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

desendeusados

Devagar, devagarinho
Matando
Olhando o passarinho
Sangrando
Rezando-te deusinho
Assobiando

Morram, que morram
Velhos
Loucos de outra cores
Indefesos
Que fujam, ou corram
Esquecidos

Deus, deus que procuro
Fingindo
Escondido em teu muro
Assentindo
E velas piores que judas
Acendendo

Mortos e sangues tantos
Bebidos em ódios rezados
E missas e salmos tontos
E deus da orgia e pecados
Oferenda que não pediste
Mas o diabo também não
Finjo-te o deus que existe
À morte dou meu coração

Morrem aqui, morrem ali
Morrem esquecidos
E mortos nasceram em ti
Foram paridos
Em sortes de deus que vi
São desamados
Sem nome, memória em ti
Desendeusados

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

a nuvem e o oceano ....


Manel olhava o ar, com aquela certeza de que era fresco, dele e para os seus dias, corriam estes com a calma boa dos sitios e lugares onde bordava seus tecidos de coisas de vida, apanhava as gotas da chuva como as tempestades de calor,onde não temia fechar os olhos de noite e deixá-los vaguear por oceanos inesperados, que o levassem a terras desconhecidas, lhe trouxessem pessoas chovidas da sorte, de pequenos lugares que não conhecia, pequenas cidades perdidas lá longe que fossem. A nuvem, aquela mesma que agora o cobria, puxava-o com a força dos sonhos sem medo, assim foi e se deixou ir, não sem a promessa que saberia esconder a paixão da viagem, sentir o beijo e aperto de coração daquela vida mistério que aprendera em criança, que lhe pegava no maior bocado de si e lhe ensinava a cor das lágrimas do querer, o tamanho nunca visto de amores desenhados nos sonos sem fim. Acreditava, assim queria acreditar, que longe, lá longe em sitio certo e nenhum, a noite agarrava e passeava de mão dada com a nuvem irmã e sua sorte, assim atravessada em mar gigante feito bocado ali à mão, corria a buscar em seu dicionário de coisas que se sentem, fugia para a magia aprendida na força e mistério das palavras em francês ... e dizia aos cavaleiros da noite que com ele ali voavam, sei o caminho de volta, cumpro minha promessa de em meu canto ficar. Manel sentia o ar pois, o fresco da manhã que o acordara e levara em passeio tão estranho quanto longinquo, como se apenas se tratasse de coisa de noite anterior, em que acordado a vira, as horas longas, tantas, quase oito juraria, dividira. Respirou e guardou aquela lufada de sorte impossível, guardou-se escondido em promessas ao lugar seu!

photo by redjan

sábado, 10 de janeiro de 2009

mar e rocha, quando ela bate nele !


As horas voavam e, como sempre, Marilu seguia em passo apressado para não perder o comboio, essa era sua sina, chegar sempre às últimas e perder a chance de agarrar lugar sentada, amanhã haveria de ser diferente, jurava com a mesma força e certeza de tal não acontecer. Chegada a composição ao cais, lá se arrastou com a carneirada em passo de pinguim, entrou por onde e como pôde, mais não desejou que qualquer coisa a que se agarrar com uma das mãos, que a outra serviria para lhe facultar a leitura para viagens como aquela, assim, quase sempre assim, fazia Marilu o percurso Porcalhota-Rossio que a havia de levar ao escritório. Naquela manhã, embrenhada que estava em leitura de conto de amor, levou tempo a aperceber-se que o inicialmente leve toque em partes suas, por trás bem se vê, se repetia numa cadência que não deixava margem para dúvidas, num crescendo de quantidade, qualidade e pressão, a coisa era propositada, invulgar e bem feita. Refeita do choque da descoberta que lhe distraía a leitura e, pior que isso, a trazia numa polvorosa húmida, que mais que preocupá-la a fazia engasgar em seco, deixou a coisa arrastar-se até ao ponto em que mais não, tal foi após ter gozado uma doce e violenta descarga eléctrica que lhe percorreu as entranhas e ecoou num gigante gemido interior de que não tinha memória em si. Sem aviso, que a coisa não era pública nem de requerer tais atenções, espetou uma cotovelada fortíssima no parceiro de trás, juntando à falta de aviso no gesto, a cirúrgica aplicação na força e local, como aprendera num prospecto de ginásio de Krav Maga, e que tomara por certo e seguro ser de uma inutilidade a toda a prova. Puro engano.
Alberto, Rocha de apelido, seguia sossegado em sua viagem, assistido pelo fiel parceiro de sempre, um lindíssimo Golden Retriever, com artes e conhecimentos de geografias citadinas, com lealdades e solidariedades tais que dele faziam um cão guia de truz! Foi pois como um raio que recebeu aquela descarga de cotovelo, que por pouco não o prostou de borco, dando-lhe que fazer nos dez minutos seguintes, qual fosse a tarefa de tentar reencontrar espaço para conseguir respirar, não ver era uma coisa, não meter ar ao bucho outra totalmente diferente e que não ia lá com cães-guia. O cão, esperto como só os cães das histórias sabem ser, apercebeu-se de imediato que o dono carecia de um amparo extra e, ainda que contrariado, viu chegar a hora de terminar suas focinhadas carinhosas pelo entremeio daqueles jeans com aroma a pecado e algum tesão. Chegou-se ao dono, que de imediato deu sinal de trela que a coisa era de estar sossegado e por ali, pois que alguém mal lhe queria, já que pelo menos a carteira não o era.

Chegada a viagem ao Rossio, vendo o personagem de bengala e cão ainda um pouco combalido, Marilu esqueceu pressas e correrias e cedeu uma mãozinha de solidariedade, ajudando-o a desenvencilhar-se por entre a turba formigueira e mais rápido chegar ao ar livre que lhe parecera o homem necessitar. Acabaram por dividir atenções um pouco mais, num café tomado no quiosque ao lado da paragem dos táxis, e onde nenhum dos dois resolveu trazer à colação as estranhas incidências na viagem acabada, limitando o assunto ao frio que fazia e a perguntas e palpites acerca da vinda da chuva ou não. O Golden, semi cabisbaixo, questionava-se se porventura sobraria para ele, tal era a capacidade detectivesca do Rocha seu dono, e palratória da moça cheirada, que ali sorvia o café por entre uma conversa sem nexo. Chegaram as despedidas, de alivio para uns e tristeza para outros e partiram, cada um a seu caminho, que a vida custa a ganhar.
No dia seguinte, Marilu, acometida que fôra por uma insónia que a não deixara dormir e a que não era alheia uma investida cadenciada em partes suas a que vinha dando pouco ou uso nenhum, saiu cedo cedinho de casa, chegando pela primeira vez à estação a horas tais que à chegada do comboio estava ali à portinha mesmo, o que veio a ter o nunca visto resultado de conseguir lugar sentada. Ainda mal refeita da conquista, largava o comboio seu aviso de saída da estação, Porcalhota ficava para trás, olhou ao lado e não sem surpresa e o seu quê de emoção reencontrou o cego da véspera, já ele se apercebera que ela chegara, o cão também, que nisto de olfactos a coisa piava fino e o perfume dela não era coisa de passar despercebido, outros cheiros mais escondidos também não, dono e cão em sintonia.

- Desculpe, nem me apresentei ontem ... Maria de Lurdes, ou Marilu, mas os amigos chamam-me Mar !
- Que prazer, Alberto, ou Beto, mas os amigos chamam-me Rocha ...
- Engraçado ... fica-lhe bem . E o cão, o seu cão, como se chama?
- É o meu guia ... chama-se Mexilhão.

A viagem decorreu em animada cavaqueira, o Rossio chegou em três penadas, desta vez não houve incidentes, para tristeza de um e uma, gáudio de outro. O cão, esperto como só os cães das histórias sabem ser, sentiu algum remorso e leal desconforto ao perceber-se com novo papel no dito popular, substituída foda por culpa no momento de Mar bater no Rocha, e tudo por farejados cheiros nela ... em sonhos desejados, à evidência negados e afinal atreitos a finais de falta de ar colectivo!




sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

no creo en perfeccion, pero que la hay, hay !

Perfeição. Estranha esta palavra. Debate-se a sua existência, existe sim segundo uns, que não retrucam outros, que se foda se sim ou não, penso. Perfeito pois. Deve existir, quando não sempre, certamente em algum lugar, leio saramago e sei que sim, lá está ela, encapotada de modo tal que sugere controvérsia de criar bicho, melhor, bichos, do sim e do não, arrogante a pessoa, nada contra, irritante em seu pedestal de porra nenhuma, acrescento, mas perfeição sim, puta de tal e total, quando pega e sai a correr em contos e histórias que há muito se libertaram das grilhetas pontuativas e da lei da morte, vai quem pode não quem quer, entenda quem entenda e a tal sorte se alcandore, pimpampum, assim reza a lengalenga infantil, pimpampum, três tiros três melros, não lhe encontro bocado que não vista o traje de perfeição feita bocado letrado, não gosto da pessoa mas disso não tratamos agora, não me conhece o visado nem tal se vislumbra ainda que em histórias como as suas soubesse desarrincar coisas de ser e não ser, à perfeição um dia me insinuasse num desesperado querer de o cheiro lhe saber, mas que nada, disso nada, de novo o contraditório de jus e direito, que nada, que impossibilidade de leitura sem tráfego sinalizado, mais ainda um espanholismo de juntar água, e da fraca, controverso pouco tanta a incoerência, do alto dita e debita, saberes de mariazita, não vai a gota nem a bota com a perdigota, e daqui não se sai, a lado nenhum se vai, azar, de um e outros, que se quede zangado por merda nenhuma aquele, que se fiquem longe da magia daquela perfeição que o veste sempre que agarra, numa caneta, nas palavras, e faz golos de maradona, bom de pés, não de mãos, perfeito também, os outros! como pode não gostar-se de ter o génio feito arabesco em mãos que folheamos, como pode o génio trair em palavras ditas as escritas, que se foda, ninguém me perguntou nada, a perfeição existe sim, deixá-la ir sem lhe tocar era coisa estulta, vou ali continuar a ler o homem ... ' não é todos os dias que aparece na nossa vida um elefante ' ! e ai jesus, que bem que sabe ver minúsculas assim aprendidas ....

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

deserto ...


Tão longa e infinita a areia em tua paisagem de rainha sem dó, texturada em mistérios de poder , longos teus abraços de lânguida secura, como a morte sedutora, de alma redutora, exibindo dotes de magia travestida, longas pernas de mulher fatal, braços de homem adónis, peitorais de hércules sem fim, em ti caminham loucuras vãs, de sangue manchadas, em sangue pintadas, um sangue barato e esquecido, no teu solo de queimação meus pés ofereço em troca, num rodopio de judas novos, de mães vendidas, vidas esquecidas, que vi em ti deserto mulher, espaço de fraco perfume sequer?.. onde secaram célere bocados únicos de gente de um dia ido, perdido, de cruzes e velas vestido, longo foi o caminho, infinito em areia movediça, escaldadiça a caminhada, longa a cruzada de demónio teu, como bem falavas, que bem vestias, cheiravas, assim te vi do céu, nesse céu que subi em espirais do mais volátil desejo, o de ganhar perdendo e deixando, perder-me sem te perder, assim falavam os sábios meus, que eram braços moldados teus, malfadados braços teus, lembras-te? sei que sim, lembras-te pois e bem, que luxúria na longa noite, que dolorosa a lenta ida de uma vida que quiseste um dia dançar, jurei proteger, voou, de mim, em ti, num estuporado vazio desculpado e não imaginado. Parto. Ao sitio escondido volto, segredo irreal, desnudo, de um ser e de um ser-se na multidão. De gente livre e descalça que voa sem cuidar de marés mortas, de longas e quentes mortes e sortes. Vê-me voar, exangue, mas vê-me voar, pois do alto resgatarei as pégadas ao esquecimento. Lembras-te de mim deserto?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

maria ...


Chegara a hora do escuro, o momento em que voavam os pássaros do medo, chegavam os frios abraços das palavras esquecidas e se arrumava em mão bem fechada a vida de uma vida, sempre soubera esperar pelo exacto vento que trazia o cheiro húmido da terra e mares, como se de um trágico mensageiro velho e desconhecido se tratasse, como se não fôra nela e sua vida de espaços vazios de gente, gente desprovida de vontades tão simples como saber a cor do sol, a textura da chuva e a força dos vendavais, como se não fôra ali que parara a fada contadora de histórias de impossíveis lugares, que no entanto guardara, onde entretanto se guardara, num segredo de bocados únicos. Maria olhava as nuvens e sabia. Do seu caminho e de suas forças, de seus segredos de alto do céu, sempre as ouvira chorar o choro dos deuses e dos outros, trazer os sonhos esquecidos em tempos no tempo, chovendo chuvas de palavras voadas num mar de tanta e coisa nenhuma. Queria um dia gritar alto o quanto soubera amar, mas não tinha a fórmula do amor, quanto quisera, mas não conhecia equações que explicassem o tamanho do querer, quanto soubera, jurara ir e agarrar, mas não sabia como mostrar que as coisas não têm tamanho se nem seu lugar sabem escutar. Chegara a hora do escuro pois, Maria sabia, sentia, revivia, amava, guardava e escondia, olhando o vôo dos pássaros do medo, que sobre ela voavam com respeito! Apagou a luz, e com a janela aberta, bem aberta, todas as janelas que a cercavam em todos os dias que se olhava, adormeceu.
Lá fora, passavam os ventos calados, choviam bocados do mundo dos pássaros e de outras pessoas. E voavam os pássaros do medo!


foto by redjan @ bocados de tudo

domingo, 4 de janeiro de 2009

coisas de jeans e passeios em cercanias de mar ...


Caminho distraído paredão afora, ano novo afora, preocupações adentro, coisa de ter o mar por perto e vizinho, quando vindo do nada, voilà, cruzo-me com visão de deixar questão, a coisa arrastou-se-me, levou-me o pensar e o olhar, tento concentrar-me de novo mas não vai às primeiras, não, não é alienígena questão de que falo, terrena sim, do mais terrena possível. Um par de pernas enfiado ' nos limitezinhos ' em jeans de chamar à atenção, subir a tensão e outras que tais sem 'n', dão-me que fazer, esmiuço dificuldades matemáticas e impossíveis caso o capeta e o destino me apresentassem a hercúlea tarefa de à pressa ter um dia de tirá-los, aos jeans bem entendido ... nahhhhh ... coisa de belzebu, chego a pensar que melhor seria haver-me com um enchido fumado, constituído por aparas de carne ensanguentadas, gorduras e vísceras de porco da Raça Alentejana, finamente fragmentadas, adicionadas de sal, alhos secos pisados, pimentão doce e pimentão da horta em massa e por vezes, cominhos e vinho branco.
Olho o mar e volto à terra, abençoo e amaldiçoo estas coisas de apertos de tentação, recolho o vento na face, vem salpicado de mar e acordo... Melhor assim !

one day @ ... my kitchen and life !



- Pai, podemos acordar ?
- Já estamos meu filho, já estamos acordados.
- Então podemos sair da cama?
- Que queres de pequeno almoço?
- Hum, deixa ver .... panquecas, pode ser panquecaaaaas !


Hora pois de viver, salto da cama, passo na sala onde encontro o Rato de volta do computador e seu romance policial em embrião .... que queres de pequeno-almoço ? ... hum ... ovos mexidos por favor ... entro na cozinha, mal sabendo que dela farei meu escritório de vida e dia ... Sentados por ali os três, por entre syrup's, ovos com queijo philadelphia em torradas, arremedos de mocha java, começamos o dia ziguezagueando entre palavras inventadas do Kuka e jogos de magia do Rato. Acabado o repasto primeiro, loiça, tanta loiça para lavar, enquanto outros lavam dentes e a cara, as mãos e o rabo, que nisto de higienices não se facilita. Tudo lavado, pratos e corpos, começo a pensar num cigarro e café, se em casa se na BP, oiço ao longe o inconfundível som do Disney Channel, quando me entra cozinha adentro o ' meu mais velho ' com receita da Bimby acabadinha de sacar na net, impressa e tudo de modo a facilitar a minha ida às compras dos ingredientes necessários. Corrida à rua, Pingo Doce com filas tipo saldos do Harrod's, por ali não me governo, ai não mesmo, páro então para uma bica e cigarro calmantes, busco um Mini Preço escondido, compro o material listado, volto a casa e à cozinha, arrumo a loiça já seca e preparo-me com a bata de assistente de cozinha do Miguel. ' Dá-me isto e aquilo, mais aqueloutro, espera, já não, tem calma ..' , por entre as ordens vou limpando a bancada... ', ' Miguel, temos sempre de ir mantendo a coisa limpa ' ... ' Ok, mas passa-me a cebola, já descascada, claro ... ' e lá avançamos em passo certeiro até ao fricassé final, adoro ver o Rato a tomar conta das operações, o Kuka apareceu curioso e não escapou, encheu as mãos de farinha e nela passou os pedaços de frango como mandava o mano e a receita. Mesa posta, hoje por mim, minha vez claro, tudo à mesa, de novo conversas de gente pequena, média, de gente grande de volta a ser pequena, como reaprendo nestes momentos a minha altura de portos seguros, longinquos no tempo que não na memória de que faço arma. Tudo bem almoçado, com a tal de receita da Bimby e mais umas maçãs devidamente descascadas e cortadas aos pedaços, tomo um café inventado em intervalo à pressa, mãos ao lava loiças, tudo a escorrer, cigarro e finalmente me vejo sentado a ler as gordas d ' A Bola, tradição secular em vida minha. Pelo sim pelo não, deito olho ao tempero do lombo que espera ida ao forno mais para a noite, tem tudo e mais do que me lembre, alho e orégãos, pimenta preta e sal, azeite e vinho branco, tudo ao ataque entranhando-se por entre golpes estratégicos no naco, pego no pyrex e sinto-lhe o cheiro, de cozinha e vida, de filhos e conversas à mesa.
Não passaram duas horas, juro que não, mal passei as vistas pelo elefante do saramago em sua viagem .. ' Pai .. podemos lanchar? ' .... como é possível, lá estou de novo, torradeira em acção, um quer chá com leite, outro ao leite junta chocolate em pó, tão diferentes, tão iguais a mim, mais um ror de migalhas e loiça, devia ter um espelho por ali, sempre fazia introspecção enquanto gasto o superpop limão, tantos são os minutos que ali vivo, eu sei, bem sei, a máquina de lavar ali ao lado, feita decoração, mas é assim, sou assim, acho sempre que é num instante e fica feito. Olho as horas e já passam das cinco, usamos então a mesa para pinturas em mundo Crayon, do pai natal do mais velho para o mais novo, anda o Rato a encher a barriga de ' American Dad ' ... ' Pai, devias ver este, anda ver este ... ' , nem tento, mal faço menção de me mexer salta a sacramental ' Onde vais paizinho ? ' .. ' ... a lado nenhum descansa .. ' olho a parede, lá estão os ponteiros, quase sete, hora de aquecer o forno, preparar condições para nova tarefa/receita do Miguel, o risotto fica por conta dele, meu Deus os pratos de novo, parecem praga a saltar do escorredor para o armário, dali para a mesa, da mesa para o lava loiças, numa dança repetida de gestos de coisa banal e boa. Não passou uma hora e lá estamos, suculentos os pedaços, de lombo e conversas, de risos e perguntas de dificil resposta das bocas de um pinguço de cinco anos e pouco vs adolescente maior que eu, acaba a coisa com um pré-comprado gelado de unânime aceitação, derreto por um café último, mais seu amante cigarro, lá dentro lavam-se dentes, pôem-se pijamas, arrebanham-se histórias a ser contadas, oiço um zapping por entre a Fox e o AXN, sei que o dia segue dentro de momentos, deitando um, acordando outro que adormeceu no sofá, adormeceu sem sono, assim jurara pouco antes.

Desligo a televisão, vou apagando as luzes, o silêncio não me encanta, passo no quarto deles a dar um último beijo de boas noites, entro no meu e oiço o respirar do Francisco, que me vai convencendo que é só mais aquela noite a ficar por ali. Fecho os olhos, gostei do dia, tenho de descansar pois falta pouco para a luz aparecer de novo. E com ela os pequenos almoços ....

sábado, 3 de janeiro de 2009

voltinhas !!



Joana, ou melhor Joanne Rowling, andava pelo Porto no inicio dos anos 90, conheceu Jorge, apaixonou-se e casou, teve um bebé, uma menina. Muito pouco tempo depois experimentava as agruras de um casamento resolvido com uma ' berlaitadas ' pelo meio, mais uns ciumezinhos e posse daqueles que poucos cús aguentam. Deu às de vila diogo, bazou com a miúda, uma mãozita à frente, outra atrás ou nem isso. De volta a casa, sem cheta, fez-se à vida. Passados uns anitos, poucos, as histórias que escreveu foram editadas em 64 ( sessenta e quatro !! ) linguas e venderam à volta de 325 ( trezentos e vinte e cinco ) MILHÕES de cópias, tornando-se na segunda personalidade feminina mais rica do mundo, sendo condecorada pela Rainha e dando nome a um asteróide entretanto descoberto! Ai Jorge, onde é que tu já ias nessa altura rapaz !!

Barack nasceu em Nyang'oma Kogelo, distrito de Siaya, no Quénia. Foi andando para os States, estudou, conheceu Ana, melhor Anne, Dunham de apelido, apaixonaram-se e tiveram um bebé, Barack também. O rapaz foi ajudado a educar pela avó materna, não era mau diacho de todo e aos quarenta e sete anos tornou-se o 44º Presidente dos Estados Unidos, o primeiro negro, coisa de pormenor.


Em finais de 2002 o menino caso Casa Pia nasceu. Seis anos depois ... 500 sessões de julgamento depois está feito um rapagão.


A vida dá muitas voltas. Nalguns casos em frente. Noutros nem por isso !

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

sms's de santo natal e de próspero ano novo! ps: com saudinha e da boa claro!!

Por esta altura, finais de Dezembro, acontecem duas noites que nos obrigam a dar por elas. O Natal e o final do ano/começo do seguinte. E com elas as inevitáveis ceia e seus presentes, mais o ' reveillon ' e seus momentos de despreocupações.
Os rapazinhos das operadoras de telemóvel, pedem aos seus departamentos de marketing que aproveitem em força esta época em que não queremos que ninguém da nossa lista telefónica pense que os esquecemos em momentos de tanta ternura, na primeira noite, e de esperança na segunda. Vai daí ... magicam uma frase acerca do Pai Natal, se possível com uma graçola a roçar o erótico ou surreal, as renas também se dão a jeito para uma piadola, sendo que de todas as nove, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder, Blitze e Rodolfo, é esta última a que inspira mais ditoches, armam-se também umas larachas à volta do Menino e das palhinhas. Na noite última do ano montam-se também umas mensagens com graças à volta disto e daquilo, se possível com sexo e colesterol à mistura, desejos sinceros e comoventes de familias inteiras para famílias inteiras, que venha saúde, dinheiro, felicidade e mais uma série de coisas que inevitávelmente durante o ano temos sempre um pouco, tivémos no que acabou, teremos no próximo, se não for o caso pois podemos é admitir que a pessoa anda numa maré de um cabrão de azar tal que dificilmente um ' sms' sacado às pressas poderá resolver. Mandam-se bolos e estrelinhas mais foguetório, numa montagem de letras a que já nem as p ... das criancinhas acham graça... Montado o cenário, as tais graçolas a brincar com as bolas do pai Natal, a enrabar o Rudolph e a lamechar desejos sinceros expressos num ' sms de pacotilha '... as operadoras enviam uns quantos para alguns dos seus assinantes escolhidos aleatóriamente. Depois .. depois é um ver se te avias, se a coisa resulta para marcar manifestações, o que dizer do resultado nesta altura, em que venha o diabo se algum de tantos milhares de amigos que albergamos na agenda telefónica vai ficar a pensar que o esquecemos. No finzinho do mês, alguns milhões de euros foram gastos em bláblá de ' espera aí que o pai já vem', as operadoras dos nossos amigos de cú cheio, agora menos cheio em tempo de bancos falidos, aproveitam e somam um impensável reforço que sabe a 13º e 14º mês juntinhos.
Nas ruas, por entre o frio e a solidão, os mesmos de sempre continuam a penar, os votos do ano anterior não deram em nada, os deste ano devem caminhar para o mesmo adivinhado destino. Chegados a 2/3 de Janeiro, o pessoal da limpeza recolhe algumas toneladas de cartão e plástico, a maior parte despachada com os restos do bacalhau e perú de 24, mais as passas e garrafitas de espumante afrancesado do 31, com um bom bocado de ' recordações de gregório ', que a noite foi de arromba. Em menos de quinze diazitos, duas semanas vá lá, uns milhões largos são largados em sua função de nos mostrar queridos amigos, felizes amigos. E que interessa se até o sorridente inventor do ' Magalhães ' diz que 2009 vai ser ... fodido mesmo? Isso é só para a semana...
A todos um bom mês de Janeiro, ou pelo menos uma boa semana de 1/1 a 8/1 ... E vão mandando uma mensagem querida de vez em quando .... porque lá para o próximo Dezembro não há cú para ler nem a primeirinha...

Beijos e Feliz Carnaval, sendo a folia que se segue...