sexta-feira, 30 de novembro de 2007

velho abafo !

Frio de morte, chuva fraca e perdida, noite sem estrelas! Lembro a paisagem em que tudo acabou de novo, lembro o cheiro da derrota , o corpo esmagado, a mente afogada, mãos e pés sujos, palavras imperceptiveis num grito de desespero como quem busca uma mão, crente em fantasmas, fantasmas de gente viva de passos apressados, de autómatos em fila de espera.
Aquela noite era de fim, creio que ambos sabíamos, pela ultima vez a mim se encostaria, pela ultima vez do nada faria tudo para lhe amparar babas e ranhos, choros e imprecações, goles sorvidos em frieza de amante garrafa, aquela era despedida entre dois lixos acabados que em si tentavam descobrir significado nos olhares. Partira já o velho companheiro de esganas e pulguedo, fodido o destino na hora da ceifeira chamar, foi de fome e escanzelado, rápido me entendi no seguinte momento de idas, em sintonia me vi com o unico que de mim fizera seu com a paz com que se agarra parte da coisa com nome de vida. Não deu naquele Inverno para chegar aos plásticos balõezinhos de solidariedades merdosas vestidas de luzes e desejos de boas quadras, há muito o sabia eu, as tosses avermelhadas e tremuras continuadas anunciavam tempos de despedida.
Chegaram então os humanos, munidos de competências e distantes certezas, - ' Está morto, nada a fazer ', e lá foi, partiram e levaram , corpo meu a que me abraçava, onde sentido fazia ainda viver.
Em tempos esquecidos já, algo tinha sido também, forte e belo abafo, razão de espaventos e meneios, curta a vida fracas as memórias, gasto, roto e fora de modas ao lixo entregado acabara, até aquele mágico destroço me ter consigo levado e para sempre me fazer seu. Vi em tanta noite de chão chegadas e partidas de gente que ao seu caixote era lançada também, naquela fria noite desisti também e no entanto fiquei, ali abandonado como se nada fosse. Quieto como só velhos casacos sabem ficar, olhei no infinito mundo dos desprezos e soube que por ali passaria o próximo companheiro. Que como todos saberia chorar o caminho de pessoas que apenas o deixaram de ser ! Sem saber ...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Clotilde !

Clotilde desce escorreita a ladeira, rotina diária que a separa da vila. Gaiteira e despreocupada acena de volta ao carro que lhe buzina, os olhos já não são o que eram, as pernas sim na força e formas de suscitar lascivias e há que esconder fraquezas oftalmológicas. Dentro do carro que vê mas não vê, acenam-lhe D. Manuela , aparentada de papagaio e cusqueira doméstica, Josélito o Quinteiro e seus convidados da cidade, Carlos Jorge e Manuel João, espantados com a ligeireza da anciã que do alto da sua morena figura os leva a imaginar idos de grandeza no coreto domingueiro. Clotilde fica para trás e no espelho retrovisor desaparece à medida que o grupo retoma a conversa de ocasião. Chegados ao destino, a casa de repasto pertença em sociedade do anfitrião da tarde, segue D. Manuela seu caminho, entram os restantes no acolhedor espaço onde Alina, doce emigrante de olhos que escondem desejos nascidos numa Roménia que para trás vai ficando, os recebe com a surpresa de quem não espera já alguém em hora que passava do fecho.
- Boas Alina, ainda se toma um cafézinho?
Um fugaz brilho no olhar traiu a surpresa da visão inesperada, da visita mensal daqueles amigos do patrão..
- Curtos e escaldados ?
- Normais, em tamanho e temperatura ! Os três, por favor.

Na mesa ao fundo acabavam a refeição o sócio executivo da coisa e familia, lá regressou Alina, retomou a tarde a calmaria do lugar ! De volta ao lugar de Pocariças, deixado em segurança e descanso o amigo destas saídas da rotina esmagadora dos dias da cidade, regressaram pelas vias rápidas Carlos e Manuel aos afazeres que sem piedade lhes esmagavam os ócios há tanto esquecidos. Numa cumplice gargalhada arrancada à lembrança momentânea da juventude perdida de Clotilde, sabiam estar a certeza do acerto na escolha para aquele inicio de tarde passar.
- Repete-se?
- Sem a mais pequena dúvida!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

aprendendo a voar !

- Pai, brinca comigo, brincas ?
- Brinco meu filho, brincamos a quê ?
- Aos pássaros, leva-me a voar !
- Claro, voamos para onde ?
- Para o mundo das histórias que me contas !
- E voas a meu lado passarinho ? E sou passarinho também ?
- Não, voo nas tuas asas, nas tuas costas, és um pássaro grande, passarinho sou eu !
- Vamos então, olha que alto voamos, que grandes asas temos, que bonito o que vemos ...
- Mais rápido Pai, mais alto, mais longe, não tenhas medo estou agarrado !
- E que vês tu filhote, que vês tu aí atrás ?
- Pai, o mano voa sózinho?
- Sózinho por vezes, comigo noutras, é um passarinho já grande, voa já nos seus ventos ...
- E um dia serei como ele ? Voarei também só ?
- Só, com ele, comigo, voarás tu e em bando, a liberdade te ensinará !
- E com quem aprendeste tu ?
- Com um passarinho dourado com nome de abelha ...
- Ainda voas com ele ?
- Claro filho meu, se olhares para o lado, vê-la-ás, voa sempre comigo !
- É por isso que vejo o mano também Pai?
- É filho, creio que deve ser !

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

hoje não vem ....

Manhã cedo repetia o ritual, mesa posta de pão e vinho, as mãos fortes do pai que tanto o fascinavam e assustavam, tanto caminho lhe ensinavam. Bebido às pressas um copo de leite imaginado naquela mistura herdada de pobreza longinqua, compunha a velha roupa de sempre que mais que proteger do frio dele soubera fazer-se amiga e suscitar clemência.

- Vai para a escola, aprende os caminhos de gente ! E volta para ajudares a tua mãe, não te quero na floresta !
- Sim pai, volto logo !


Os dias repetiam-se numa desilusão continuada, nada aprendia na escola a não ser a lonjura de amigos, a incompreensão da professora que por certo nem o nome lhe sabia, o frio que se tornava mais frio naquelas paredes de prisão sem grades. Naquele dia decidiu dar a vez à proibida floresta, dela tomou direcção com um calor no coração que o não deixava enganar. Algo ali lhe pertencia para lá do arvoredo. Assim se aventurou Raul, franzino menino de oito anos, por caminho que de vida queria sua ...
De inicio tudo lhe parecia grande e assustador, árvores que tocavam o Céu, ruidos de bicharada que não aprendera em livro algum. Quis voltar atrás, antes a solidão das letras, mas como encontrar os passos que a medo desbravara ? Sentiu um tremor invadi-lo, abraçou-se em si como que buscando o calor do colo de mãe, soube então chegado o momento de encontrar o fim às velhas histórias do avô onde vivia a magia da imortalidade dos heróis.


- Estás perdida, criança ? Que fazes no bosque maldito ?


Olhou para a voz que lhe parecia vir de lado nenhum, um velho sumido e acabado saía da penumbra do emaranhado de troncos, ramos e verde em que se transformara a paisagem. A calma que o invadiu nunca soube explicar, mas o velho seguiu numa manhã e tarde de vida e histórias, de antigamente e de hoje também, onde soube aprender e ouvir o fascinante segredo de pessoas inventadas, vividas em comunhão de medos e quereres, de buscas em dentro de si mesmas. Nada reviu do quotidiano de fracas vontades que penosamente abraçava em mundo onde caíra e sempre ficara. E na magia daquele corpo definhado, no calor daquela voz rouca, de mãos ossudas e quentes, passeou num paraíso que apenas em contos de fadas conhecera. Chegada a noite , com estrelas e suas cores, encontrou-se de volta à clareira por onde havia iniciado tão estranho dia. Regressou a casa, acalmou as preocupações da mãe aflita, a ira do pai desobedecido, castigado não jantou e extenuado adormeceu sabendo-se encontrado.

- Perdi-me pai, apenas isso. Perdi-me !

Passados os dias de ajuizador castigo, saiu em nova manhã de rotina escolar. Percorreu meio trajeto, entrou em conhecido carreiro por entre selvagens bocados de natureza e viu-se de volta ao unico bocado de vida que até então lhe fizera sentir a alma. Não estranhou a quietude, não apreendeu inquietação alguma, não se espantou que da voz de um parado lobo lhe saissem as palavras...

- O velho não vem hoje, talvez não venha nunca mais !

- Eu sei, vim para tomar sua história, para seguir sua vida. Chamo-me Raul e aqui quero aprender os deuses que fazem dum velho o caminho de uma alma e vida !!

domingo, 25 de novembro de 2007

post repescado da semana ...

e a 30 de junho escreveu-se neste canto :

recycling .....


Vietnam, Sarajevo, Mogadiscio, Kosovo, Baghdad, Kabul, Port-au-Prince, Darfur, Tehran, Pyongyang ...

Mankind ..... will you please stop recycling stupidity ???

sábado, 24 de novembro de 2007

dos dias que nascem !




E no dia que nasce
Vazio de coisas e tempo
Num desejo sem lugar
Apenas sombras de nada
Lugar de espaço algum
Querer ir e respirar

E de bocados imaginados
De alturas subidas
De frios aquecidos
Acreditadas as vidas
Perdidas aos poucos
Em dia que nasce

Vida assim te vi
Vida assim te quis
Vida sei que és
Algures num lugar
Olhando em mim
Em noite que dás

Escuro sitio com luz
Uma mão por ali mais
Começos sem fim
Num olhar parado
Que descobriu o caminho
Dos dias que nascem

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

around redjan ...

Redjan, es el término colectivo para los miembros de cuatro clanes semiautónomos que viven a lo largo de la costa y en las tierras altas del sur y el centro de Sumatra, una isla de Indonesia. Se consideran a sí mismos como los habitantes autóctonos de la región. Su lengua, el redjang, está estrechamente relacionada con el malayo, pero posee una escritura tradicional, para preservar la cual se han realizado esfuerzos recientemente. El cultivo del arroz es de particular importancia para los redjang y cada familia mantiene un pequeño campo de arroz próximo a su hogar, sin perjuicio de su ocupación económica principal. La conversión en masa al islamismo en la mitad del siglo XIX ha erradicado virtualmente los remanentes de su religión indígena.

... ou as coisas que se descobrem por vezes !

Sou então um habitante autóctono duma região, neste caso a minha ... falo redjang, o que me agrada saber seja lá o que isso fôr, bom saber que pelo menos qualquer coisa me sai .. Cultivo arroz, coisa importante para mim e minha familia e dele mantenho um campo em lugar próximo , realidade que com uma ou outra nuance aceito como minha de facto... e sem prejuizo da minha actividade principal, ora lá está, confirma-se, para além do ' rice moment ' outros tenho em que parto em busca do sustento da prole. Quanto à erradicação da minha religião indigena, tirando o motivo que tal teria originado ... aí não sei se bateu em cheio, se foi à trave !!

Aqui fica então um pouco à volta do escrevinhador !!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

a oeste ... nada de novo mesmo !!




... ou uma fotografia em que ninguém ficou bem ??

Olho para a capa da ' Sábado ' desta semana, 15/21 nov, e pelo titulo em destaque cheira-me de imediato a tuguice da boa. Entro revista adentro, folheio e absorvo o artigo à capa chamado e pergunto-me como é que tanta gente consegue ficar desfocada na mesma pelicula. ' As ciladas secretas da PJ ' assim reza o apelo à leitura por parte de um povo que, bem sabemos, se pela por um enredo destes que supera de longe e aos pontos qualquer acidente com luzinhas do INEM ! E compra-se então 2,75 euros de jornalismo bravoduckista feito à medida de inanimados cidadãos. Lida a peça, a principal, lidas uma ou outra mais que tentem em desespero convencer-nos a gastar mais no mesmo ... espremida a questão, apetece apenas perguntar o que faziam por ali :

1º O JORNALISTA. Apresenta como trabalho de investigação, como peça das boas, um artigo que mais não revela que o relato de meia dúzia de deixas certamente caidas no seu colo através de fonte amiga lá da Policia. Isto dando por certo que não estaria nem no local nem nas imediações das situações em que descreve as ciladas armadas pela PJ à canalha banditesca. Fica assombrado com a esperteza da coisa, assombra-se consigo próprio também e arranja maneira de fazer a capa. Anda fraco o ânimo, a capacidade de investigar, curto o orçamento ou .... já vale tudo mesmo?

2º A POLICIA. Admitindo que tudo o que vem relatado coincide no todo ou em parte com a realidade, apetece perguntar porque raio é que o passador de dicas, a tal de fonte, resolve num golpe revelador de arrojo e inteligência, trazer a lume, melhor, a céu aberto, as manigâncias com que conseguiram apanhar, tornear, ultrapassar, caçar os bandidos em falso. Não passaria na cabeça do rapaz ou rapazes que não sendo a banditesca gente agora apanhada os ultimos elementos da espécie, estariam a avisar os próximos de como não deixar comer as papas em cabeças suas ? Ou pensariam as insignes tolas que a arraia não iria a duzentos à hora comprar a revistinha que à colação e em encarnado trazia o brinde publicitado ?

3º OS BANDIDOS. Ou melhor, presumiveis bandidos, pois que embora sabido seja que deram, fizeram, puseram, aconteceram, racharam e deram cabo, até transitar em julgado levam com o ' presumiveis ' antes, na senda de qualquer outro cidadão que tendo passado por estabelecimento de ensino em forma de 'campus' leva com o Dr. e/ou Sr. Engº no cartão de crédito. Não tendo certamente colaborado com, nem corroborado partes da brilhante peça jornalistica, o minimo que se lhes exige será o de na próxima vez que a algum lhe toque um interrogatório ou investigação pela proa, não caia na canção do bandido, perdão da policia, e se espalhe ao comprido depois de ver a solução do problema escarrapachada em publicas bancas, quase se como de um exame do secundário se tratasse ! Escutas, bluff's e teatrices de inspector, material a sair no teste !

NÓS: Nós, de cidadãos, pessoas que por aqui andamos, nós os Tugas, os gajos porreiros e solidários desde que não nos cause transtorno e o possamos declarar no IRS bem se vê. Que fazemos nós no meio de tudo isto ? Uns ... comprarão certamente a revista mais vezes, quem sabe se na próxima virão escarrapachadas ciladas ' updated ' aos irmãos Dalton e sus muchachos! Outros dirão que até deu para passar o tempo de espera no dentista enquanto passeavam os dedinhos em tão pusilânime artigo, pelo que .. deixa lá estar! Terceiros argumentarão que .... ' eh pá, mas é assim mesmo, queres o quê ? Entre isso e o regabofe das televisões ... vai lá vai !'.

Tremida pois a foto de fio a pavio .... mas recear o quê? Para a semana há mais garantido. Entretanto podemos ir vendo bocadinhos de televisão nos intervalos dos anuncios.

PS: Na mesma revista leio uma pequena peça sobre e à volta de VPV. Depois de na escola me terem ensinado que água e azeite não se misturam, realizo agora que a pessoazita com alguma cultura e à soma da mais pura idiotice com arrogância não acontece o mesmo! Principalmente se tal mistura se der num pequeno ser que se masturba intelectualmente falando para outros e tão pequenos seres. Que compram e gostam muito destas revistas com fantásticas capas de coisa alguma e vêem tantos anuncios na TV... porque ... porque .... porque sim !

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

cores .....

Vendidas sem medo
Em feira de azares
As fomes e ódios
As mortes sem nome
E sem dia ou lugares
Árvores de fruto azedo

E na simples podridão
Repastos divinos
Despojos de guerra
De quem esmaga uma mão
Inventou a cobiça
Seu paraiso na terra

E de principios e fins
De risos selvagens
Em vastos confins
E tristes miragens
Dividiram-se horrores
E os homens por cores

domingo, 18 de novembro de 2007

ensina-me ....





Palavras e palavras ditas
Tantas e nunca ouvidas
Por gente, gente apenas
Ou por gente nem isso
Medos escritos
Em rascunhos de papel

Morres-me há uma vida
Olhas-me sem me ver
Que não existo, cuidas bem
E sonhas-me em deuses teus
És fraco e o mais forte
Pesadelo de vida perdida

Por ti
Por mim e nós
Quanto te quis
Entender e amar
Aprendesse eu a chorar
Lágrimas de sal e vida

Perdoem-nos abandonados
Levem-nos em viagem vossa
Não esqueçam, perdão vos peço
Por em vós não ter lido
O caminho um dia pisado
Por almas de tantas cores

E olho-te
Lastimo e imito
Os olhos em teu olhar
O que dizes sem falar
Dá-me teus deuses
Ensina-me a respirar

post repescado da semana ...

e a 4 de maio escreveu-se neste canto :

gotas ...

como uma chuva, com tantas gotas
de suor, de sangue, de dor
de lágrimas que não chorei
como se o medo se vestisse
como amanhã não houvesse
fujo para ti, fujo de ti
agarra-me vida, mostra-me por favor
não imagino por onde ir
para onde fugir
posso apenas querer ficar
como se soubesse acreditar
que afinal serás minha
no universo que tenho
numa gota de gente e amor

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

vou ali ... já venho , com awards pelo meio !!

... ossos do oficio !

E entretanto recebo e passo de novo uma pequena distinção que afirma, segundo quem ma entregou, que este blogue não é ... mauzinho de todo !



Wow... that's a start ... e obriga-me tal distinção a :

- indicar quem me atribui o epiteto:
cati from meu pequenomundo louco.

- atribuir o prémio a sete blogs que considere que até nem são maus ...

- fazer referência ao criador deste prémio - skynet, do blog Nós Por Cá
... e assim, aproveitando antes que me vá e volte, cá estão os que aponto a dedo e entretanto não nomeados por outros lados:

colheita1963 - as partes do todo - vidas simples pensamentos elevados - B612 - I blog your pardon - meia laranja & just a lazy cat ...


take this humble statement from red !!!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

show must go on ...

vem daqui ...

Chapter Four

Para Joana foi como se que automático segui-lo até ao outro lado da rua, subir dois lances de escadas em crescendo de falta de ar, esperar que aquela chave finalmente abrisse a velha porta onde tantas vezes se despedira dele e ....

- Finalmente querido futuro genro. Esperei a tarde toda para que nos pudéssemos despedir deste dia como sempre desejámos - exclamou Júlia, mãe da futura que no cabeleireiro se ultimava para a inenarrável cerimónia que concebera para a boda!

- Entra Joana, quero que conheças a Júlia.

Joana sentia ainda o quente das mãos de João a ocupar-lhe a mente e invadir-lhe outras partes mais, baixas por sinal. Num rompante que nunca viria a explicar nem a entender, agarrou em Júlia, encostou-a à parede, beijou-a de alto a baixo com a languidez reprimida e confessou:

- Para moça dos seus setenta e muitos ainda viravas uns frangos !

João entendia agora quão ténue eram as linhas do amor. Assistiu consternado áqueles dois corpos que às pressas se engalfinhavam, ligou para o café em frente e encomendou mais meia de leite. A manhã estava a arrasá-lo e ele tinha ainda de ir à Amadora assistir ao treino do Estrela. Saiu de fininho, deixou a porta aberta e roubou o tapete do vizinho da frente. Também isso nunca conseguiria explicar pela vida fora!

No cabeleireiro, Joana Júlia de João, a noiva, trocava com com a manicure falas e carícias várias.
- Não me vais largar só porque vou casar pois não querido ?
- Achas JJJ ? ... depois de até a uma cirurgia de redesignação sexual me ter submetido para disfarçar a coisa ? Nunca te abandonarei querida e nunca voltarei a deixar crescer o buço !!

Nesse momento, João, o infiel e manso corno, afogava-se já na terceira meia de leite seguida, a única terceira que conhecera na vida! Foi quando um estrondo de cacos lhe chamou a atenção...
- Tu aqui Cornélio ? Não houve treino ??

continua aqui

a + b = c




Carissimos Senhores
Patrão, Médico com consulta agendada, Notável Notário com escritura marcada, Amigo a rever em almoço, Clube do coração, Namorada em perspectiva de passeio, Filho à porta de escola, Empregado de habitual esplanada com Sol e Mar:
A todos vós me dirijo de baraço ao pescoço, na boa senda e exemplo da atitude Egas Moniziniana, qual mortal que não culpas tendo, as assume e suas torna. Pela enésima vez, enésima e mais qualquer coisita vá lá, deu-se o caso de ao nosso compromisso ter chegado com alguns minutos de atraso, largos bem sei, largos a ponto de horas lhes podermos até chamar. Creiam que me embaraça a situação, daí o adorno com que me vos apresento. E no entanto, que como os ' mas ' estão sempre à mão, creio ter encontrado por fim um porquê, um talvez, um ' se calhar é isso ', que por um lado dê alguma lógica, alguma razoabilidade aos atrasos que mais que o escovar de dentes fazem parte inevitável do meu dia a dia. Não que não saia de casa com uma almofada, de tempo bem se vê, que possa acautelar os garantidos imprevistos, passe o paradoxo, com que a estatistica me metralha e esmaga a paciência quando, sentado e parado ao volante folheio ' A Bola ' e tento encontrar a transcendente causa de me encontrar no mesmo pedaço ou troço de via, com centenas de outros desprevenidos companheiros em catatónico trânsito.
Mas, passemos ao que me trouxe, à resposta que penso ter encontrado nos recantos do inimaginável campo onde as turbas em rebanho se passeiam, onde à voz transparente e subrepticia do irmão velho obedecem num submisso baixar de cabeça, guardando a gritaria para outros futebóis.
Tudo tem a ver amigos, companheiros de ocasião ou parceiros de pontual momento, com o descalabro, a aventura irracional, o desespero de um momento que acreditamos poder ter, ao ligar a televisão e em retorno receber algo que ultrapasse o espelho diário da mediocridade aos pacotes de tanta novela, tanto concurso, tanto marreco, coxo ou homem elefante da era moderna exibido em shows de histéricos e de juntar água apresentadores . Tudo passa por acreditar que ao peneirar o esgoto da programação, consigo encontrar o tal momento com que me decidira recompensar. Ora, no orgulhoso antes quebrar que torcer, lá esmiuço a coisa madrugada dentro, e quando encontrada a rara peça, com ela me deleito. Aqui é que a porca torce o rabo, naquele momento é que são elas .... Levo com quinze minutinhos de enredo e cai-
-me qual martelo pilão uma catrefada de anormais anuncios, que para além de meterem nojo pela falta de oportunidade dariam para, seguindo a sua prosápia aconselhadora, me abastecer de josta e bosta que duas arrecadações e uma 'box' fechada atafulhariam. E são sempre os mesmos, e é sempre a mesma pôrra de inutilidades exibidas que me dão cabo do serão duramente vasculhado. Estúpido e ingénuo como só os crentes seguidistas conseguem ser, avanço até ao segundo intervalo, na vã esperança de que o mundo tem salvação. Puro e cruel engano, lá vem a seita dos oportunistas em bicos de pés, na sua senda de impingir desde sabão azul e branco da era moderna, passando por créditos e dinheiro tão fácil que até o mundo das putas se desmoronou!! Reparem porém que nada me move contra o facto de que voz amiga me segrede estudos comprovadamente cientificos que aconselham à utilização de mágico tira nódoas. É mesmo e apenas uma questão de errado posicionamento horário. O mesmo que me leva a não iniciar ' rapapés' de cariz convidativo quando me deparo com a cara metade a enfiar a roupa na máquina. Além de que a ajavardada quantidade de certeiras medidas pode levar a que ao meu filho acabe por oferecer uma lixivia de estalo por alturas da visita do velho Pai Barbudo, tal se tornou caótica a minha capacidade de captação!!
E é então que se dá a coisa minha gente .... fodido, mal pago, com um sono de morte ferido por mais uma noite de conversa fiada, procuro consolo num sono que em si começa destroçado e apenas pela manhã atinge parte do espaço zen. A partir daí irmãos ( permitam-me a intimidade fruto deste partilhado destino ) , a partir daí dizia, é sempre a somar, é o despertar tardio, as pressas inimigas do bem feito, a condução com paciência zero, as buzinadelas e dedos espetados, a leitura de jornais, a conspiração das desatenções e .... VOILÀ ... o inevitável toque entre carros, a mágica imagem da desgraça alheia, o masturbar secreto e intelectual perante um igual que naquele momento consegue estar mais em baixo que nós....
É sempre o mesmo pois, o rebanho que não se revolta e que não toma nota UM A UM dos nocturnos enervadores mor, e não se vinga riscando-os da lista mensal, gastando na concorrência que por lá não nos toma as partes traseiras à má fila !!!!!
Acreditem amigos, é apenas por isto que por mais que tente chegar a horas, seja onde for, seja porque for, apenas o consigo por vezes quando saio de casa com 24 horas de antecedência, isso mesmo, vinte e quatro, e vivo assim a vida com um dia de avanço. Por isso passei a aproveitar os deprimentes anuncios como se assistisse de bancada a condenados sorridentes a caminho do cadafalso. E cada tiro, cada melro. Se vissem a minha lista de compras perceberiam que passei a deitar-me mais cedo. E ainda assim aos compromissos aparecer a tempo, um dia antes talvez !!
A comunhão do momento depressivo e soltador de impropérios em direcção a plateia alguma faço-o na Marginal e na 2ª Circular, amantes forçadas da minha vida! No vosso caso, outro pedaço vos reservará a intimidade e comunhão. Mas repararão que a origem é-nos comum. Nas madrugadas televisivas de menininhos obedientes !! Ou não !!
Certo pois que compreenderão alguns dos atrasos que vos terá levado a pensar que de desleixo se tratava, aproveito para vos desejar um Santo Natal, provando assim que previdente e atempado me soube tornar ....
Deste vosso que tanto vos estima,
Red

terça-feira, 13 de novembro de 2007

uma imagem ... dois dias .. onze bloggers


Tropeçara na imagem em momento que não sabia encontrar. Abriu os olhos e decidiu ali mesmo que saberia entender o porquê das chuvas de cores e palavras que do nada lhe caiam ao colo. Olhou então para dentro de um sonho que não sabia se acordado, se esquecido, se apenas por viver ! E navegou na penumbra de pensamentos que desejou elevados, como se de um velho lobo lhe surgissem, como se se completasse nas pequenas partes de um todo. Pequeno mundo louco, onde se via e queria e sentia absorver uma metade inteira de um laranja vivo que os olhos lhe aquecia, como se um perdão se lhe pedisse nas asas de uma boneca saida de uma caixinha de botões, de um preguiçoso gato que em telhados vivia a saltar. Voava perdido, agarrado no vento de magia que as palavras nunca faladas lhe sopravam, amava aquele bocado de nada ser, de tudo viver, dentro de um corpo que nada mais que liberdade lhe exigia, que nada mais que o infinito perseguia, que no meio de uma multidão pudesse esvair seu cheiro, seu toque, sua cor de pele transparente. E viu olhos e estrelas e máscaras de corações, punhais de cores gigantes, de cores quentes que vida tinham, quis parar e não parou, quis sonhar e acordou, largou as regras e gritou ao mundo, áquele mundo de gentes que ali não estavam, que descobrira o seu caminho, que de todos era também ... o doce caminho da puta da liberdade que nunca sonhara sonhar! Abençoou a imagem e compôs umas palavras. De vida apenas !!!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

com uma vénia ....





... a um louco, livre e louco, tiro o chapéu, corro descalço para lhe agarrar as palavras, para que me ensine o segredo de voar num momento assim !

domingo, 11 de novembro de 2007

dispersão

De miudo partira, de sitios mudara, de quereres se aprendera a fazer! Olhava-se agora, parado em seu lugar de velho só, agarrado às falas e momentos idos, a abraços e cheiros que um dia soubera guardar! Raio de memória que com ele brincava, em que gaveta esconderia bocados rasgados, colados, vividos numa vida que arrastava há tanto tempo perdido? Manhã cedo repetia vontades, se prometia caminhos, num pulo saltava e voava na busca chorada da pessoa que lhe calhara ser, amigos jurara prender, lágrimas soubera em segredo derramar. Em livros aprendera, em letras se quedara, a nomes teimava apegar-se, de coisas, de gentes, de lugares, de inacabados sonhos, de dias que guardava como se dele tivessem sido! De novo a noite caía, de novo se enroscava num conto de crianças, se aquecia num corpo agora engelhado. E no coração da noite que em si e a si rezava, pedia apenas um fim. O fim ... ! De vida vivida que se acabava sem sentido abraço. Numa amálgama de caminhos descruzados, num horror de vã dispersão !

e eras simples flor ...




Parada estavas
Quieta me chamaste
E me disseste
E me ensinaste
Doce o caminho da vida
Escuro o canto que esconde

E em tua cor vi
A força dos abandonos
Onde morrem sem abrigo
Onde secam pobres putas
Marés de gordas ganancias
De almas que foram gente

E em teu corpo aprendi
A embalar a corrente
E a entender a solidão
De medos que forte esmagam
Sonhos de dias quentes
Desenhos de mão de criança

Olhei-te pois por ali
E teu abraço guardei
Tua imagem minha fiz
E eras simples flor
Com força bruta de ser
Que a vida não deixa morrer

Parei
Olhei
Vivi e morri
Sonhei
Pensei
Este momento para ti

post repescado da semana

e a 2 de abril escreveu-se neste canto :

santa areia da praia ...

... onde tudo se passa ! Dormito descansado, com a cabeça à sombra tentando resolver de vez o mistério que leva as pessoas a meterem-se no carro, enfrentarem a condução da colegada veraneante, tentar arranjar lugar para parar, nunca a menos de quilómetro e meio e sempre com a ajuda do mitra que quando é necessário é como o Pato Donald, ninguém sabe dele...dormito dizia eu, quando em excitação me acorda o meu passarinho com o brinquedo novo que arranjou pela areia, não balde nem pá, mas um engenhoso cordelzinho com uma carica agarrada, tipo mini venda de um Luis de Camões, a fazer conjunto com um trapito semelhante a uma mirrada fita de desejos baianos... Brinca filhote... deve ser divertido...
- Importa-se ?
Levanto os olhos e deparo com um aviãozão, morena e em pelo, nem sei por onde começar a olhar, dou uma primeira vista geral rapidinha e começo a babar....
- Importo-me ? Se isto não é um sonho... importo-me com quê? Que pegue em mim e me leve para o estacionamento e me castigue sem perdão? Que a agarre e fuja consigo assim para o parque do LIDL e por lá passemos o resto do dia em jogos de banco de trás? Seja o que fôr.... acho que não me importo nadica mesmo... o que vai ser então?
- Acalme-se homem, porquinho infestante de praias, babador de mama alheia... pergunto se se importa de pedir ao seu filhote que me devolva o biquini.... fugiu-me com ele o maroto quando me oferecia em pleno ao sol...
- Vês filho ? Como te dizia era bom.... mas brincas mais tarde deixa lá.... uns anitos mais tarde !

sábado, 10 de novembro de 2007

foi engano !!

Estupido e quieto
Mudo e sem graça
Tanta tecla, tanta inacção
Olhei e olhei e olhei
E não tocaste
Nem disseste
Nem te mexeste
Vou atirar-te da janela
Voas pela varanda, inutil
Para nada mesmo serves
Inutil e imbecil telefone
Chegou-te o fim

RING... RING

Opssssss, querido amigo
Volta do voo forçado
Traz-me as novas
E o amado e sua voz
Por favor regressa amigo
Isso, que bom passarinho
Alô ? Quem fala ?
Sr. Quê? Parece parvo !
Vai-te infeliz aparelho
Agora te mato de vez

not that I like lions .... and you know that, but ...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

cinco greguerías & have a nice day !!

Tiradas de lado nenhum, criadas para um desafio do ' iblogyourpardon ', aqui vão as primeiras cinco greguerías da minha vida :

Um lustro aos cinco anos comemora-se em si !

Num grosso nevoeiro se perde uma chuva miudinha !

Mãe é Mãe. Mãe nunca é Pai !

E na estrada da Beira, há beira da estrada também !

Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa !!


E o que terão gregueríaziado bloggers como The Wolf , Danielle , Lazy Cat & CL ??

terça-feira, 6 de novembro de 2007

e dois foram ....

... os dias: 16 de Novembro de 1994 e 9 de Junho de 2003 !

De entre os 16436 já passados, naqueles a Vida entrou-me! Pela Vida! A minha !!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

limitações concebiveis

Sentado, fazia dias sem conta, pouca era a esperança de encontar gémea alma! Sonhos de grandeza em dias de outrora, festas de luzes mil, palacetes ajardinados, terras de vida sem margens, vãs as caricias trocadas entre bocejos de solidão e luxuria !! Saltara de conde para duque, de marquês para visconde, dançara com rainhas, com reis se amantizara, cheirara os perfumes proibidos de um caminho herdado num mundo de grandes vazios. Cobrava-lhe a vida agora o terreno preço a pagar na viagem celestial, viera o senhor cura, tantas vezes cuspido e gozado em orgias de mentes alucinadas, em pó sopradas, em liquidos escorridas.

- Curai-me então Senhor Cura, qual o milagre que a Deus rogarei?
- Arrependeste-vos? Quereis então o Divino perdão ? A tudo esqueces e para o Céu queres partir ?
- Céu falaste Cura ? E parto desta orgia de vida de ilimitados prazeres ?
- Se assim o quiserdes fraco espirito..
-Dizei-me apenas .... é verdade que por lá, é sitio de limitações concebiveis ?? Fico então, morro de fraqueza de espirito !!

... que triste não estou !!!

Bipbip... Bipbip ... e não chega ao terceiro, já o desliguei e me sentei na cama, estore elétrico a dar passagem à entrada da luz, pouca ou muita mas coisa nova naquele momento do quarto, dentes a lavar, cara feliz no espelho, meio litro de leite a aquecer, passagem no quarto da criançada ... ' levantar meninos ... escola à espera ' ... pequeno almoço a três, torradas, papas e copo de água, pasme-se, farda de um, roupa balda de outro, carrinha da escola, carro do pai, marginal com passagem em posto da BP para as eternas bica e bola, essa mesmo, ' A Bola ', cigarro escondido e às pressas, paisagem de mar e sonho, miudos na escola, vida à espera, mais café talvez, vida à espera, dia bom para viver, amigos que ligam, amigos que falam, dia a dia desembrulhado, e isto e aquilo para sentir entrar, projetos mil a dar vazão, almoço de mar em frente, de rio ao lado, combinado nº 8 com prato em cima do jornal, e os miudos que voltam, com tpc's e banhos a pedir paterna supervisão, bonecada e msn's pedinchadas com olhos de cãozinho triste, leituras a meio da tarde em varandas com restos de sol, e mais quem liga e fala, trocas de vida e saberes, vozes que entram e ocupam seus lugares, ideias que começam e acabam, dão espaço e mote a momentos de abraços ao longe, jantar na mesa, gelado à espera, dentes lavados e pijamas postos, mais cinco minutos pai, posso adormecer na tua cama ? ... e conversas de gente e vida com filho teenager do meu coração, e a história papá, não te esqueças, a luz da casa de banho acesa e a porta aberta, mãe que liga e saudades mata, pai que nunca esquece o nome inventado de há quarenta anos atrás, e o sossego do guerreiro, tempo de ler e blogar, de zapping's repetidos na desesperança de encontrar o tesouro que prenda um serão, o sono bom que invade o corpo, repetição do movimento de escovas dentifricas, a entrada na cama, o balanço do dia em que me senti parte da coisa, das coisas, de mim e de outros corredores destes dias em que fazemos da vida aquilo que sabemos e sentimos que merece os nossos bocados! Na mente passa-me o passado, senta-se o dia que corre, imagina-se o amanhã, onde estarei, onde espero estar, onde quero pertencer e fazer parte de muitos bocados imaginados noutras cabeças que descansam também .....

Li, respirei, vivi, fumei ( opsssss!! ), cafézei, entrei, saí, pus e tirei. Bloguei um pouco também ... daquelas palavras que se enrodilham em coisas vividas, não vividas, felizes , tristes ou magoadas em mundos que um dia aprendi a ver! De longe. De perto. De muitos minutos de mim ! Blogo assim .... não cuidem que triste estou !!!

por certo te inventei ..



Dias tantos, noites mil
Traços de vida sem fim
Palavras assim escrevemos
De caminhos sem medo
E em desaparecido momento
O tempo soube parar

Tenho-te o tacto e o sabor
Cheiro de lições aprendidas
Amar sem cuidar o perigo
Soube-te e ainda te sei
Em ti me aprendi amigo
E por certo te inventei

Num abraço
No olhar
No lugar teu
Nos dias meus
Que quis teus
Em nosso espaço

domingo, 4 de novembro de 2007

estranha viagem ...

Ouvira o estrondo e sentira vazio o lugar .... de passados sonhados, presentes vividos , futuros desaparecidos em terras de vagos sopros. Quis olhar a janela , descobrir a ténue silhueta que no fundo de caminho nenhum seguia na costumada desistência daquela jornada de mistério nascida!
Vencido pelo cansaço de memórias sem rosto, deixou-se afundar em seu lugar , entregou-se ao velho colo que desde sempre o acolhera, adormeceu num secreto canto, enxugou-se de pensamentos e partiu para lado algum. Perguntou-se se estranharia naquele chegado final de viagem que vazios os lugares estivessem. Olhou para o seu e guardou o espanto. Ninguém também, como há muito se tentara acreditar! Levantou-se e saiu! Do nada para o nada !!

post repescado da semana

e a 13 de fevereiro escreveu-se neste canto:

ilusões .....

... e de repente era chegada a altura de olhar, lá bem para onde se chega a ter medo, lá bem para dentro de mim! De inicio era confuso, não parava de reconhecer o sorriso de quem acredita, estranho mais ainda, aqueles são os meus olhos, aquele sorriso nasce dentro de mim, olho o trajeto e reconheço o meu cheiro, o meu modo de caminhar! Pergunto-me onde estou, mas afinal, sou tão eu ali... mas onde estou ? Vejo-me velho, mais velho, e no entanto a mesma inocência no acreditar, cais e levantas-te ... será assim até quando, mas porque teimas em acreditar ?Acordo então de manhã, uma manhã igual à de ontem e às de sempre e encontro a resposta que procuro.... quero ser e estar aqui enquanto houver ilusão, enquanto desejar que sejam elas... as ilusões, a chamar pelo menino que um dia me lembro de olhar a vida e querê-la... e saber tê-la para si .. !!

sábado, 3 de novembro de 2007

friends from a blogger world :

e onde por vezes páro para um café, um cigarro, e um manjar de palavras :

zé : vidas simples pensamentos elevados

art: as partes do todo

big bizou: colheita de 1963

miguel: pretérito imperfeito

the wolf: pensamentos de um velho lobo

daniela: meia laranja

carlos lopes: I blog your pardon

a minha infância: olivesaria

katarzyna: K's Chronicle

maria joão: arejo

e ainda : cati & sof ... duas das first blogger friends que me iniciaram neste intercâmbio de meio loucos !!!

Hope you like it .... se e quando por lá resolverem gastar e trocar: minutos na esfera do blogue, por momentos de prazer em forma de letras e não só !!