sábado, 7 de fevereiro de 2009

longos caminhos

Nos longos caminhos de curvas mil
Em relógios de ponteiros sem tempo
Parado estava o olhar vazio
Porque no silêncio dos dias assim
De bocados e bocados sem bocado
Reza a história e as gentes também
Que não há aviso nem mordomias
Em tais longos caminhos mil
De curvas turvas
E parados olhares
Vazios ponteiros
De dias idos
Sofridos
Perdidos
Em nada escondidos, como não tidos
Os caminhos de curvas mil
Onde se te envergonha a soberba
De bobo de rei em marcha pateta
E nos relógios das horas sem sol
Nos dias das sombras dos pobres
Por onde anda a estrada tua
Vinda da morte do momento
Em que se perdeu em curva perdida
O longo caminho que nunca nasceu
E afinal
Que bonito parecias ser

12 comentários:

XR disse...

E afinal
que bonito parecias ser
no início, tão verdejante
entre portões de ferro forjado
caminho direito, alisado
na pedra fria um relógio
as horas do sol ainda com tempo
leve rampa descendente
entre azedas e hortelã
passado o portão
termina a ilusão
pés doridos batidos no chão
o corpo amparado ao bordão
dobram-se as costas cansadas
terra batida, terra pisada
passos, milhares em curvas mil
singrando com destino ao seu destino
ou simplesmente sem destino?
cala-se o choro à criança
olhos perdidos na próxima volta
uma rocha ali ao lado
uma árvore, um enforcado
mais um que desistiu da viagem
quando esgotou o tempo do tempo
nas horas perdidas de sol
sumidos ponteiros liquefeitos
nas mil curvas do caminho

Ana GG disse...

Parado está o meu olhar vazio nos longos caminhos de curvas mil do teu poema.

Aflita que estou sem saber o que escrever, mas com vontade de dizer que gostei.
Achei-o triste...pena que o caminho não chegou a nascer, seria bonito com certeza.

redjan disse...

XR:geeeeesus, what a commente :-) .. tx

GG: que triste que nada e que bonitas as coisas que prometem e nunca chegam a ser .. e quem diz que não nascendo nasceu na mesma ?

XR disse...

John, a forma como terminaste parecia um convite a uma continuação e não resisti ;-)

Mas há caminhos que nas suas voltas mil se cruzam com outros caminhos igualmente perdidos de sol e do tempo e nessas alturas pode-se optar por trocar as voltas e partir noutra direcção, descobrindo novas coisas e novos destinos à medida que se caminha ...

Ana GG disse...

De facto a beleza das coisas que prometem e nunca chegam a ser pode ser deliciosa porque não contém em si quaisquer riscos...mas não deixará sempre uma incógnita...como poderia ter sido o que nunca foi?

Como pode "não nascendo, nascer na mesma"? O meu pragmatismo não me deixa vislumbrar tão além...isso é coisa de poeta.
:)

P.S. E onde está o sorriso a que tenho direito, com nariz e tudo?

redjan disse...

XR: e fizeste bem em ir por ali fora...

GG: o pragmatismo... ai como o entendo .. poeta não vejo em porra de lado nenhum mesmo...

... e quanto ao sorriso , segue um, com dois narizes e tudo!

:--)

Anônimo disse...

(...)
Porque no silêncio de dias assim
(...)
De dias idos
sofridos perdidos
(...)
Dias, que nos voltam para dentro...fazem parte da vida...

Beijo
Graça

Anônimo disse...

Caminhos de mil curvas e ao virar de cada curva a surpresa de uma vida vivida em bocados por vezes sem bocado nem tempo nem espaço... olhares vazios que escondem tanto desse caminho bonito que muito prometeu e que nunca chegou a ser... não terá chegado a nascer? mas sem duvida sentido...ou apenas transformado num outro... terá ele conhecido o fim?

isiS*

Vitor disse...

Tá divertida a coisa…talvez por esta altura não tanto, já que o benfas não só não ganhou, como lá teve que ser o habitual roubo do tamanho da torre dos Clérigos.
…Mas não deixem de se divertir por isso.

XR disse...

Ai Vitor, Vitor, que para ti todos os caminhos se tingem de mil voltas de vermelho ;)

John, esqueci-me de te desafiar a pegar num dos meus para continuar ... depois do Mar o oposto:
Seca

Vitor disse...

E a pensar eu que era o blogue do Red...afinal enganei-me ;-)

Mag disse...

Red e XR (siss), please do continue :)