Zu era uma palanca. Que não nascera palanca, mas sim pássaro de cidade sem asas. Por isso Zu voava escondida, com o vento quente que aquece as alvoradas, vagueando com trote selvagem em selva sem árvores. E assim Zu respirava os dias que sonhava escondidos em seu olhar, coisa negra vestida de beleza e mistério, deixados em lado nenhum, num tempo de horas esquecidas e trazidas de longe, muito longe, da terra com meninos índios que guardam os anciãos de sua tribo. Zu era então palanca índia, com olhos de deusa inca. E Zu, que sendo palanca sabia sonhar, sonhava assim ...
Por onde me trazes noite quente
Onde ficaste, pássaro de cidade?
E serei palanca eu, sendo gente?
E as noites de esquecida vontade
Porque não se caminha duas vezes
O vôo livre dos pássaros palanca
E ainda que da ida tribo viesses
Eras vento, quente, apenas vento
E ficou Zu, a palanca da tribo dos meninos índios, cuidando da vida em terra sua e de ninguém, trotando, voando e olhando, estranhando o vento que lhe negociava miragens. De cidade !
sexta-feira, 17 de julho de 2009
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2 comentários:
"E em noites de lua gorda quem olhasse com cuidado, por detrás das sombras dos olhos e dos sussurros das árvores, podia vê-la passar de raspão na prateada esfera redonda, relinchando e dando às asas, depressa e devagar... depressa e devagar..."
:)
(amei)
Por onde voas tu, Red?
Já tenho saudades tuas.
Um beijo grande
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