quinta-feira, 17 de junho de 2010

vida, de Sophiz ou ninguém mais

Sofhiz sempre amara enrolar os dedos por um escuro e liso cabelo que aprendera a fazer seu secreto lugar, sem as pessoas que não eram pessoas, sem as gentes que sua velha avó lhe ensinara a evitar guardar no lugar dos cheiros e paladares, das mãos que se tocam, trocam e nos envolvem levando-nos... - ' cuidado petiza, não cuides que os sonhos tenham lugar ou hora .. ' - recordava, na voz e em cheiro de pó-de-arroz, na certeza de vida de uma mãe de mãe!
Que pena que naqueles dias, em momentos de olhar para o velho lugar da cadeira de baloiço de Emma, velha avó de vida e sábios conselhos, as respostas teimassem em vestir-se de dúvidas e incertezas, de momentos com tanto nada e pouca gente de valer a pena. Os cabelos, de novo os cabelos, de escuridão e comprido charme, recolhiam Sophiz no temor de acordar e entender que apenas nos idos desenhos de menina de escola saberia a cor do amor, dos dias dados e recebidos, naqueles sorrisos que desde sempre adormeciam a fantasia das palavras cantadas, no temor de acordar e sentir que se perdiam os dedos, se perdia a magia e o labirinto de longos cabelos que eram ela, eram tudo e os sonhos, eram preces, e fugas e pragas ...eram Shopiz em sua vida de menina teimosa de esperança.
Tarde, tarde uma vez mais, por sítios de lado nenhum e coisa apressada, jurara ver rapazinho de cabelos soltos também, vira-lhe a loucura e a leveza, a ignorante certeza, de voar indo e fugindo aos bocados dos dias iguais:
- Mas por onde vais, para onde vais ? ... amaria ter-lhe perguntado!
Mas era tarde, porque tarde era sempre que se esquecia de Emma e suas palavras, sabia-o Sophiz deixada prender .. por outros sem vida ou pouco dela. Tão tarde ... que se esquecera de perguntar.
- A lado nenhum. à vida apenas! ... sonhara ouvir. De resposta à desistida questão.
- A lado nenhum ... respondeu Juande! Juande que não existia senão em cabelos de Sophiz!

2 comentários:

Vitor disse...

Vou lendo uns quantos livros que por casa tenho, não muito, mas vou lendo…mas leio-te sempre, porque em meia página, escreves a vida de uma vida, a vida de Sophiz! E que deliciosamente bem escrita está…e assim te lendo, despenso alguns enfadonhos livros que tenho.

Abraço

redjan disse...

Rsrsrsrs Vitor. Obrigado .. mas és maluco, um bom e grande maluco que tenho na vida !!