sábado, 14 de agosto de 2010

Joachim e Amélia

Joachim está ali encostado e sente um calor que sufoca. Havendo pouco o que fazer, o que querer, muito pouco talvez, Joachim agarra-se aos rostos que lhe garantem sua certeza última, sua esperança maior, seu pedaço de gente entre antigos e idos iguais, quer entender os risos esparsos em fugidios momentos de lucidez, d'outros que não dele, d'abençoados e não por ela escolhidos... longilínio o braço da loucura amante e isso sabe-o ele... de rostos sem traços e caminhos sem destino, pobres mortais de mentais iluminuras, tão cheio seu encostar abafado, Joachim quer sair mas sabe tarde, muito tarde, não tem volta seu caminho das coisas desacreditadas e por isso sufoca, quer chorar como se soubesse, quer chamar os nomes como se pudesse, quer morrer como se fugisse.
A sala está cheia por ali, de fumo e vazio, de risos alarves em pessoas de sortes vãs de tão fracas. Amélia repara naquele homem ali parado, encostado, acabado, desistido. Quer amá-lo mas tem medo, quer agarrá-lo mas não tem tempo. E ri. Ri. Ri.
Joachim chora e Amélia ri.
Juntos enlouquecem e se enlouquecem.
Juntos morrem!

3 comentários:

Artur Guilherme Carvalho disse...

Boa malha. Gostei bastante. Feaz-me lembrar "Gritos Mudos" dos Xutos. Abraço
Artur

Vitor disse...

És um "puto"com mente de homem,que ri,ri...da vida,mas levando-a muito a sério,escrevendo a preceito e com todo o jeito que a coisa confere.

...é bom rir contigo,amigo!

continuando assim... disse...

por ali vivem e morrem ...numa sala cheia de fumo------

e os cigarros apagados nuncam apagam o fumo neles pensado ....

beijo

teresa