domingo, 7 de novembro de 2010

Fernanda Mouro Vaz

Morreu Fernanda. Dito assim, é fácil de entender. Simples de absorver. Fernanda passa, com a sua morte, a ocupar um espaço diferente no mundo. Paradoxalmente, passará a fazer-se sentir mais ainda, dentro dos espaços que conquistou em vida de corpo. Onde passará uns larguíssimos anos mais por entre os vivos. Viva, portanto. Morreu Fernanda e cumpriu-se o ritual da passagem à terra que a guardará agora. Tal como quem teve Fernanda. Dentro de si.
Conheci Fernanda muito atrás no tempo, passámos a familiares por intrincado labirinto de laços de família. Mãe de Francisco. O Francisco que casou com Ana. Ana, minha irmã.
Fernanda era exemplo prático de uma educação com valores por vezes esquecidos nos dias de hoje. Na procura de sua correcta transmissão, de tais valores, tornava-se por vezes uma mulher de traços duros, de palavras poucas, porém atentas. Adorei todos os momentos em que a fiz rir, surpreendendo-se ela mesmo. Com a ousadia das minhas parvoíces. Com seu próprio riso. Busquei sempre o nosso caminho inventado, onde dividíamos o gosto pela família que era afinal dos dois. Perdoava-me as tontarias, abençoava-as rindo com gosto. Em momento algum falhou em sua bondade. Em momento algum tirou em demasia sua máscara de dureza. Em momento algum deixou de rir comigo. Em momento algum deixará de estar viva enquanto eu por cá andar!
Beijinho Dona Fernanda. Morreu, mudou de lugar de vida, passou a fazê-lo no sítio onde os corações se apertam em segredo. No dia 6 de Novembro. O mesmo dia em que nasci. Estamos guardados para ter laços não acha? Imagino-a a rir. E amo recordá-la assim!

2 comentários:

continuando assim... disse...

::)) ----------------- :(
gostei
bj

Vitor disse...

Disseste,está dito!...que assim seja então.