Os pássaros de Outubro partiam, o cheiro a maresia voltava em seu charme de pouco sol, Manel voltava a pisar o gasto caminho de seus dias de pesca e solidão, o mar feito sua vida e memória, os gritos da criançada agora perdidos por escolas cinzentas que não lembrava já, apenas os baldios percorridos em quentura de mão de Celeste, velha Celeste da sua familia de Deus que não a dos homens, que bem caberias aqui, estas rochas são teus caminhos de mãe emprestada, aqui voaria teu avental de mulher eterna, sabes Celeste que não morrem os cheiros, sabes mulher que aqui te oiço em prantos de noites caladas, de tuas noites caladas de amor emprestado em cara de gente da cidade? ... e os pássaros Celeste .. os pássaros que voam sem parar porque não esquecem seus caminhos, e os peixes, peixes de uma vida minha, perdi a conta aos que conheci ... e as rochas, tanto mar ali batido, tanto amor ali esquecido ... amo Outubro Celeste, e seus dias de frio sem lugar no coração... aprendi a amar sim .... e apenas seguindo tuas palavras!
Ida, da vida desaparecida e despedida, com missa e rito de terra, há tanto mesmo que ninguém ousava recordar, a velha governanta não perdera nunca os olhos de seu menino, amava-lhe com saudade as mãos desajeitadas para a escrita, por ora velhas e retorcidas por uma inclemente vida de água e sal ... e lá do alto, do alto por onde voavam os pássaros de Outubro, aconchegava-lhe as noites, ajeitava a manta protectora de invernos sós e de ninguém mais ... e recordava como um dia entrara em sua vida o mais improvável amor ... Como os pássaros que ensinara a observar, Celeste não perdera seu rumo nunca, não esquecera pois a hora, em que a vida a fôra buscar...!
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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