sábado, 10 de outubro de 2009

pepetito

Da janela, da velha e eterna janela, Pepetito mirava a lonjura do céu e a calma das coisas, nele e por elas aprendera o caminho secreto para o tesouro das coisas escondidas, quietas e sentidas, sem mais que a simplicidade de existir em comunhão. Pepetito nunca o iria esquecer, aquele lugar onde saboreara pela primeira vez a beleza sem fim de uma esquecida erva daninha, o tamanho gigante do olhar num animal sem dono, o calor guardado na terra pisada, as palavras aprendidas feitas coisas no seu coração de rapaz simples, de ignorante das letras que não das iras e recompensas divinas, seus eram os horizontes pintados por Ele, as noites de ninguém para ninguém, de estrelas no céu que o frio apartavam em sonhos de paixões cantadas. Pepetito não sabia disso nada, sentia apenas tudo, como se a liberdade do grito em dia de nascença não se lhe tivesse apagado nunca, seu nome a guerreiro fosse homenagem e aos generais de certezas sábias representasse aviso. Pepetito iria conhecê-los, ai sim, iria sim, generais de vida encontrada, de ciência fraca, esmagada e sabida em terra de gentes vazias e por isso, talvez apenas graças a isso, não esquecera nunca aquela janela, a textura daquela parede quente em que se descobrira, encostando-se, tão somente se encostando, quatro anitos terias Petitozito ?.. isso, .. serias coisa de pequeno tamanho, e um mundo pela frente, tão cheio de perdidos trânsfugas, de amor acobardados, de estupidez completos e repletos, tão longe da mesma janela que era a deles, que era a do mundo envolto na simplicidade das manhãs, no cheiro eterno que não morre em vida tua, acabada ainda que esteja, mas com ela sempre e para sempre, o fácil caminho de entender sem letras a força selvagem de teu grito por deus de todos. Amaste aquele lugar Pepetito ... esse é teu lugar pois então... dizia de si para si em lugar de pouco segredo, e que vivam sem viver os amedrontados das idas certezas, da fraca frente que às vagas de fácil cama fizeram, por eles chorará a turba certa que a todos deus garante, a eles não aqueceu a textura, a eles assustou a enormidade de simplesmente se ser.

Um comentário:

Vitor disse...

Conto contado, de forma encantada, em tom de palavras escritas, sentidas, e enigmáticas. Assim ao jeito de cada um as interpretar a seu bel-prazer…