Fugido à pose de astro-rei, atreveu-se o menino sol a nascer como de costume, impondo seu êxtase de coisa matinal abundante em cheiros e cores do mundo, nas tribos que o haviam sabido guardar, por entre as poeiras das savanas, as lianas de recônditas selvas virgens, os asfaltos arruinados em estradas de ninguém, a quietude dos olhares perdidos nas cidades dos deuses sem deus. Nascido assim, vulgar e repetido, brutal e sem igual, quis o sol ser ele apenas, dando nada mais que a sua indizível e infinda magia de tesouro amado, de mistério venerado, de lugar divino sem lugar algum. Nasceu o sol e começou o dia, um dia mais, de coisas boas sem nome próprio, coisas boas, apenas coisas, de tribo apenas, dos humildes aprendizes das histórias dos anciãos, vividas nele sol as sábias palavras do homem só.
E saltou ao caminho vindo do nada, quiçá vindo do céu ou de mais longe, como se houvesse longe em sonho assim, uma lenda feita menina, de palavras com cores e cheiro, de sussurros cumplices em bocados segredados, em murmúrios de desejo, de sonhos de peito aberto, como se com o sol contasse, na noite visse um sol escondido, a lenda contada e escondida por sitios de santos com nome de Pedro, fossem de norte ao sul, d'este ou oeste, guardassem longe os medos, assim as lendas contavam as fadas.
E nascido assim o sol, deixou-se embalar e rumou à noite, e assim vividos os dias, assim acreditados os caminhos, pode ele menino saber, que diferentes são os momentos quando a noite tem outra cor!
domingo, 22 de novembro de 2009
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4 comentários:
Como diria Saramago…” As coisas saem-me com facilidade”…eu diria…”com facilidade te saem as coisas”…coisas de escritores!
Red(com ousadia),
naquele final de dia, quando a noite começa a ter outra cor, o menino sol preferiu não se pôr,escondeu-se, e voltou para trás. Atrás da lua resplandescente, espreitou a noite toda, queria conhecê-la, afinal já lhe tinham contado que sempre que se punha, ela aparecia recortada em quartos, em lua cheia ou numa silhueta transparente. Já a tinha procurado outras vezes, mas deve ter sido nas luas novas, por isso não a viu. Quando a encontrou, das duas vezes em quarto crescente e minguante, não a reconheceu. Estava habituado a Vê-la redonda, cheia e com uma luz branca leitosa, que iluminava tudo em seu redor, sempre que se tinha atrasado a pôr-se. Nessas alturas, em que quase se cruzava com ela, o encantamento era tão grande que se perdia a olhar, até desaparecer sem dizer nada. Nunca quis aproximar-se demasiado para que não fosse visto, tinha vergonha, corava, era um menino Hoje, tinha enchido o peito de menino a caminho de astro-rei, de que ainda só tinha a pose e tomava coragem...e aventurava-se a perceber, que diferentes são os momentos quando a noite tem outra cor.
Amigo Vitor, Bingo.
Pepetito nasceu menino, ”nunca o iria esquecer… as palavras aprendidas feitas coisas no seu coração de rapaz simples, …”. Cresceu e contínua a ser Pepetito, “… passarinho de frágil alma, de certeza calma…”, voou com os outros pássaros sem lugar de sonho e com pássaros de lugar sem sonho … mais tarde voltou a voar com Pássaros De Sonho, Sem Lugar, para um lugar de pássaros sem sonho, e para outro lugar sem pássaros de sonho … acabou num lugar de pássaros sem sonho.
Pepetito, nós nascemos para ter asas...
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