O vento quente trazia o fim da tarde, trazia os cheiros do rio, as memórias de tantos dias atrás, dias que eram anos de gente e momentos guardados, vestia-se o vento quente em luz e pássaros livres.
Juande não queria mais, aprendera em canto seu a grandeza das coisas simples que lhe invadiam a alma, com a certeza de que o vento não mentia em sua magia de liberdade, e assim se amavam em cumplicidade sem nós nem laços, de secretos abraços, assim se davam e juntos sonhavam, que grandes fossem, pequenos também, seus passos em imaginados traços, de vidas com fins de tarde.
E Juande olhou o céu, o Céu, o seu e dele, do vento, o Vento, e escreveu-lhe ...
Quente, vento quente
Eloquente
Em vida e mistério
Em nosso Império
Em mim guardado
Em ti voado
E vento, quente vento
Facundo
E fácil o momento
De nosso mundo
Em que me vi
Em ti
E o vento parou e chorou uma chuva quente e Juande sorriu, como sorriam os soldados em dia de descanso na batalha, onde adormeciam meninos sem a cobardia canalha, de quem não sentia o vento, de quem perdera o momento, de entender e olhar, sem medo de amar, os bocados de fim de tarde.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
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4 comentários:
OK,estás de volta, no teu melhor…momentos de inspiração e,assim sim...!!!
Abraço
Thanks amigo .... palavras de amigo !
muito bom...crisalves
Chuva quente num fim de tarde, pleno de memórias, de cheiros, de intensidade...
Gostei muito, John!
Abraço
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