segunda-feira, 11 de abril de 2011

pedras no caminho ... violinhos no CCB


Em certos dias cai chuva. Em dias iguais torra uma brasa dormente. E iguais são as gentes. Aos dias. Às chuvas. Aos sóis.
Calho sentado em frente ao palco. Espera-me o concerto. Que me calha pela frente, que irei sentado sentir ?
Um mundo. De banais crianças. De vontades imensas e braços desconcertados, alinhados, pensados, vadios e loucos em sua geometria, num concerto impossível, de acertada vontade.
E voo sentado mundo afora, na beleza imparável da liberdade das crianças, que são tantas e uma só, que nada sabendo dão a lição maior que sempre esquecemos, que na vulgaridade dos dias de chuva ou sol quente, pontapeamos pedras raras que afastamos com desdém.
Porque quando paramos, não sabemos parar. E vendo as pedras, as não entendemos. E ouvindo a música a tememos em sua divina veste.

- Foda-se, pensei, não era afinal local de falar, menos ainda de praguejar ... foda-se, porque será que nunca aprendemos que as pedras são dias escondidos, são secretos caminhos que a vida nos mostra e nos dá, como momentos de gente criança?

Deixei-me viajar nos arcos que dançavam nas cordas, como os índios em suas fogueiras, os negros em ancestral sabedoria, como os nativos das cidades sem dono e como os monges em clausura, viajei feito pirata, feito tuaregue, feito isto e aquilo, e entendi a magia pintada num golo único de meninos pélés, nas pinceladas celestiais e de cidades mártir, na escultura dos deuses e dos voos das baleias, e ia e ia, cavalgava naqueles arcos que eram setas, que eram gritos, que eram pedras, que eram tudo e nada mesmo, simples pedras raras no mesmo caminho de sempre.

Temi confundir de novo os dias. De chuva. De sol. Com pedras de afastar. Mas guardei a liberdade de voar com os arcos. E neles agarrar a alma. Minha! Assim podendo chamar o Poeta,

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

e chamando-o, tendo-o, junto e voado até mim, vindo naquele torpor, pude mirá-lo no olho são e perguntar: que alma quero afinal viver ?

Um comentário:

Vitor disse...

Amigo,os filhos nossos,desta ou daquela maneira,são sempre os mais perfeitos do mundo...o teu sabe disso.

Abraço