São talvez três das primeiras figuras que entram na nossa infância adentro. O diminutivo atira-nos de imediato para uma coisa querida. E a história, essa leva-nos a um mundo onde o lobo ( que, bem vistas as coisas, é afinal e também um animal fofinho na sua versão bébé ), onde o lobo, dizíamos, é coisa a evitar. Os três manos porquinhos reflectem cada qual sua característica: um é brincalhão, outro preguiçoso e o terceiro é prático e avisado. Com tanta historinha, guardamos os bichos no nosso imaginário e apenas os traímos quando, na idade adulta, aviamos um leitão na Bairrada, a caminho de um qualquer jogo do Glorioso no norte.
A parte II de toda esta aventura, surge em idade mais avançada na nossa vida. A fim de evitar a repetição de diminutivos, com o objectivo paralelo de criar impacto na vida de todos nós, que levámos com estes três queriduchos em simultâneo com o Sindbad e o Tintin, a todos tendo guardado espaço e lembrança por igual, deus resolve fazer uma reposição da série, porque deus é tudo, é poderoso, e pode bem copiar o AXN e a FOX, só que desta vez deixa de parte queridezas e subtilezas e apresenta o fenómeno em seu tamanho natural. E nós, meio atordoados, relembramos a saga e de novo abrimos as portas ao reino da porcaria.
Aos quase cinquenta anos, posso dar-me por realizado, quase feliz, por ter já reencontrado os bicharocos de infância. Três porcos, três verdadeiros porcos de alma e espírito, três porcões em toda a sua plenitude. Um veio vestido de pobre anormal abandonado, comeu do meu prato e foi-se andando com coisinha roubada, gaguejando ( literalmente ) escusas esfarrapadas para o flagrante em que se deixou apanhar. O segundo, pois esse veio com ar de símio e tiques de gorila gritador, um cobardolas escondido em tromba de menino mau, um valentaço a arrear nos fracos ( e fracas, e fracas ! ) um valentaço na escuridão dos corredores e labirintos escondidos onde se elevam os cagarolas acagaçados. Este passou-me ao lado , apenas gastando o meu nome em suas aleivosias. O terceiro ... bem o terceiro chegou mais tarde mas ainda assim não perdeu pela demora. Um pobre nanico armado em gente de bem, um anão de sapatinho italiano, um bandideco de terra de abrunhos e com alguma verborreia. O típico anormal que numa marina sonha em ser dono do iate e afinal tem entranhada a viscosidade do lodo.
Admitindo que a entidade divina reguladora das reposições dos filmes de infância saiba manter ao menos em número igual a quantidade de personagens, tenho já a minha conta de porquinhos e porcões.
E, querendo ser justo, todos cumpriram o seu papel. Os leitõezinhos da minha meninice e os porcos feitos gente em fase mais adulta. Em ambos a natureza revelou a sua grandeza e omnipotência. Histórias mágicas de BD vs Filmes de vomitar. Os jardins vs As poças de merda e outros esgotos.
Saibamos regar uns e evitar pisar os outros.
Porque ser feliz ... é fácil.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
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Um comentário:
Pois...comam lá a bolota,mas cuidem que a malta está dando conta...e que bem contada está esta pocilgada,leia-se,cantinho dos três porquinhos...ele há cada porqiunho!
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