quinta-feira, 31 de julho de 2008

manhã de pássaro ....

Manuel, franzino ser e menino, vagueava na costumada manhã, a mesma caminhada de sempre por entre coisas e pessoas que aprendera a tomar como suas, mais chegadas, menos chegadas, sem qualquer chegada até, em vazio sentido ou fraco abraço. A vida não lhe era madrasta, não se sorria porém em momentos muitos, era coisa de não aprofundar, como se tal lhe facultasse disponibilidade para se entreter num crescimento de anatomias simples,fossem fisicas ou se quisessem emocionais. A última vez que se perguntara pelo significado de algo, dera-se mal, a resposta viera repentina em imagens de vazio, aturdindo-o em qualquer vontade de questionar outros porquês. Assim, limitava-se a seu papel de circunstância, fazendo parte do horário de vida de alguns outros, sem sequer cuidar que sentimento lhes atribuir ou dedicar. Naquela manhã no entanto, reservara-lhe o destino, coisa cujo significado se lhe resumia ao dia por ainda vir, a peripécia de lidar com cheiro desconhecido, coisa terrena e ao mesmo tempo do além, tal era de vazios composto o seu mundo de franzino e despercebido menino. Chegado à praia, à de sempre, sua e de mais ninguém em manhãs de chuva de inverno, sentou-se descalço e fechou os olhos, sentindo nas frias e pesadas gotas o abraço da fúria de mundo que o não ignorava, antes lhe entrava pela alma e lhe sacudia seu fundo bem fundo, onde acreditava poder um dia ressuscitar. Saído da letargia de paisagem de solidão onde pertencia, abriu os olhos e tremeu perante a imagem de passarinho ali perdido e deslocado, destemido que até sua mão voou, amigo único que suas lágrimas sentiu, seu coração virgem invadiu sem medos ou cerimónias:
- Ficas comigo ?
Que sim, respondeu, que ficava, com ele e aquele bocado com cheiro de coisa desconhecida, poder mágico de fazer correr água e apertar um pouco de vida que de franzina se tornara em pedaço ao Homem inalcançável, assim vôo levantaram, o pássaro seu amigo e a esperança, de que pássaro se fizesse, tudo em si daria, a vida trocaria por aquele bocado apenas, nem sonhado ou a medo desejado, de ser livre sendo ninguém !

sábado, 19 de julho de 2008

Deusa Mãe

Deusa Mãe e coisa nada
Mulher de altar nenhum
Deusa Mãe, vida parada
Destino de homem algum

Olhas vida, calor e fome
E gente com fome e calor
Vida que a ganância come
Deusa Mãe sem teres amor

Olhar velho numa criança
Velhas rugas sem mudança
Alma fraca e corpos vãos
Juntos sem rezas de mãos

Naquele deserto de vidas
De medos por um Deus Pai
De coisas assim perdidas
Em caminhos por onde vai

Esse pobre e triste homem
Escondido de ti Deusa Mãe
Levado em vidas que somem
Ganância com nome ninguém

quarta-feira, 16 de julho de 2008

vida de vento !

vento
de som que dança
em vida e liberdade
tento
olhar a esperança
de ser livre sem idade

e voando no vento
sei pois que tento
olhar-te momento
e na vida me sento
com ventos de alento
em dias de tormento

venta vida, venta dia
a vós guardo mordomia
como quem ama vazia
vida sem gente vadia
de vento sem cobardia
de voar sem nostalgia

sabias vento que quando passas e nada deixas, em ti guardo e vôo por meus dias por ti trazidos ?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Poland in mailbox !!



Today I found this book in my mailbox. It's about a great country and was sent by two friends, Luka & Katerzyna, to whom I had the pleasure to show a tiny little bit of Portugal last year.
Gonna start reading today ...

Thanks K & L !!!

terça-feira, 1 de julho de 2008

do nada ....

... como se nada houvesse, como se o nada em seu espaço tropeçasse, do nada e para o nada, feito olhares com cores, cores de asas e garras, belezas opostas em desencontros de lonjura, como se um rápido passar deixasse vontade de prender qualquer coisa por ali, sitio de coisa nenhuma, algures em sitio algum, impessoalidade de palavras não trocadas, encontro não tido nem sequer na possibilidade imaginado, e por mais bocados em letras rascunhados, em momentos sem futuro desenhados, em coisas vãs de vãs multidões, como numa arena futurista de coisas pegadas com desapego, num espelho público de pessoais caminhos, intimos bocados, desse nada, o tal nada que houvesse, que dizer, como olhar não querendo entender, o surpreendente momento em que a ténue luz de coisa alguma refletida se sonha num olhar de ideias que com cores aparece, dias depois, tantos dias depois, de no nada tropeçar ... como se nada, o nada, houvesse !