domingo, 14 de dezembro de 2008

ventania ....

Mais que a preocupação do caminho das nuvens, Maria trazia-se em cuidados com a sorte do vento ele mesmo. O marasmo, repetido e bafejado por calmarias de além mar, mantinha-lhe o acordar diário numa ida e vinda de coisa alguma. Não que tivesse deixado de acreditar nas virtudes que sabia terem-lhe cabido por herança, genética e consequência de longas tardes também, por entre conselhos e sabedorias várias transmitidas em histórias de sua avó, bisavó e demais antecedentes.. Isso nunca! Sabia-se com destino de fim de filme, coisa americana caso disso fosse. A questão era que ... do lado do horizonte nada lhe espreitava que não fosse mais do mesmo, do fado repetido em ladainhas de mães e mais o rosário de outras antigas mulheres. Todos iguais, nenhum que prestasse, e no entanto por entre eles vivera, com alguns aprendera mesmo o doce sabor de se sentir querida e desejada. Em coisas de mãos dadas por fugidos namorados, protecções de irmãos nais velhos, saudades trocadas com austero pai de desajeitados colos e ternuras. A hora, de encontrar caminho seu, sem as agruras de façanhas perdidas por temidas, Maria sabia pois que, cedo ou tarde, a hora chegaria de pôr vista e coração em cima, salvo seja, salvo fosse, de pessoa que lhe descobriria caminhos e risos escondidos, afagos destemidos e divididos numa igualdade de loucuras sonhadas. Naquela tarde, imprevista tarde, trocada em intermináveis e surreais vontades, namoradas em mundo virtual de desconhecidos palpitares de coração, Maria estranhou o vento em sua ausência, atormentou-se com o cheiro da chuva que lhe acenava em tarde de inverno e abriu a janela. Deixou chover , como se a chuva a quisesse por sua e foi ! Há tempos que não olhava parada a chegada de tão inesperada ventania. Abençoou as tardes passadas a escutar histórias de homens iguais e os temores por quietudes e solidões e foi! Em busca de passada ventania !

11 comentários:

Ana GG disse...

Fizeste batota! Já tinhas o texto escrito. Assim é uma luta muito desigual, aliada ao meu fraco poder de improvisação e à minha falta de dotes literários.

Tenho um bocadinho dessa tua Maria, às vezes...só às vezes!

Gostei muito de ler tua ventania!

redjan disse...

Escrito antes ? Nah ... u know me better than that ... escrevi depois que lançei o tema ...

E às vezes .. é bom ter-se .. daquela Maria..

Glad u liked it... ;-)

Ana GG disse...

Tão bom ler-te!

:)

redjan disse...

Well Comadre .... coisas não faltam para ler ... desde o longinquo Janeiro de 2007 que debito por aqui palavreado em forma de escrita..

Vou mandar atestar de café, cigarros, cookies,gelado e uma manta .. para que nada lhe falte em conforto na leitura!

Ana GG disse...

Comprade, obrigada pelo acolhimento!
Vai ser um prazer "lê-lo" de fio a pavio.
A minha casota também estará sempre aberta para si.

redjan disse...

Fio a pavio seja ... até que te doam os olhos ou te advenha o enjôo..

Casota ? Mas ... no inicio não eram gatos ? ;-) ... opsss.. isso eram coisas de ... territórios. Pois !!

Ana GG disse...

Casota porque é humilde. Ou será casebre?

Eram gatos pois, e filhos e pais que quase não são pais de filhos.

;)

P.S. Quem se safou com isto foi o gato gordo que não ainda foi caçado.

Os scones? Já estão prontos? Eu levo o mel!

Vitor disse...

Há outras forma de passar as tardes de domingo, mas ao que parece, a de hoje foi um diálogo bem sucessido, na escrita e, nos comentários…desculpem a intromissão;-)

Resto de bom domingo.

Ana GG disse...

Procura no olhARES, já lá tens o teu sofá!

redjan disse...

vitor: u bet

GG: omw !!!

XR disse...

A ventania fez-me o favor de arejar as ideias e lembrar-me de algo antigo a trazer à superfície. Querem ir fazer-me uma visitinha for something completely different ?