quinta-feira, 23 de abril de 2009

tal não é ....

E longe, que longe, parece estar soldado
O dia de seguires teu sangue
O dia de abraçar o grito
Gritado em cabeça tua
Feito deus da liberdade
E que longe, que longe soldado
Parece o tempo ter ficado
Nas noites que foram tuas
Nos dias vazios de esperança

... já pensaste soldado, nos que te cruzaram o caminho, nos olhos de quem ficou, nas mãos vazias de quem não voltou, no vento trazido por quem nunca te chegou ..

E em ti
Por ti
À vida se agarrou
Vindo do tempo das flores cantadas
Arrancadas
Onde os sonhos tinham cores
E nome de liberdade
E tantas foram as noites
E os dias
De sangue sofrido na alma
De segredos apenas de dor
E tanta a coragem tua
Soldado
E na alma em que não crês
Na bravura que não vês
Ensinaste soldado

.. o caminho da gente assim, o lugar que fizeste teu, o passado que nunca morreu, sabias tu o caminho, descalço em paixão de vôo livre ...

E viste não sem espanto
Em ironias do céu
A loucura da certeza
Da liberdade assim lutada
E de novo
De novo soldado
A beleza de teu olhar
A certeza do teu amar
Do grito da gente que sente
E na revolta de quem não mente
E do esquecido dia lá longe
Trazido por noite fria
Veio a luz que eras tu
Nasceu teu soldado filho

... e aí soldado, diz-me que não conseguiste esconder, coração grande de mãe coragem, de quem morre pela cria, e aí soldado ... começou teu caminho nunca acabado, de novo foi teu o passado, e não morreu teu olhar..

De soldado
Que não sabia morrer
De loba
Que não pôde nunca ceder
E teu é
E tanto de ti tem
Quem trouxeste e trouxe também
O soldado que partiu
Em busca de vida sem vazio
Se morreres um dia soldado
Sabe que ficaste por cá
Naquelas mãos de criança
Naquele sorriso que é teu

... e não te vás sem guardar ... o quanto entraste e ficaste, em cartas que não escreveste, em sorrisos que não desistem, por todo o lado onde lutaste, por aqui mesmo também, no mais improvável dos sitios, no mais escondido lugar que são as tuas palavras ... que me atrevi a aprender, que não me impedi de escrever.
E não conseguindo evitar, atrever-me-ia a dizer-te assim ...

De ti veio o momento
De longe, lá bem longe
Da planície esquecida
Do frio que te acolheu
E meu fizeste
A mim me deste
De longe trouxeste
O bocado de vida sem fim
Naquelas mãos de menino
Com olhar de perdão e amor
Que ensinaste a olhar
Nos dias calmos em teu caminho
De soldado que não morre
E naquele amor
Naquele amor, soldado
É teu o sangue que corre

3 comentários:

Anônimo disse...

...Fantástico!

V.P.

Anônimo disse...

Se esta expressão artistiva fosse expressão plástica eu diria que seria uma pintura abstrata que nos convida a penetrar e a ver o que nela quisermos ver e assim deleitarmo-nos-nos com essa liberdade.Teria cores fortes aqui e ali para espevitar ainda mais o tom fervilhante do fundo. O médium seria o acrilico pela aceleração que este permite. Enfim gostaria de o ver pendurado numa das paredes por onde circulo habitualmente.

redjan disse...

VP: thanks

anónimo: Dito assim, visto assim ... ganha vida a vida daquele soldado!