segunda-feira, 25 de maio de 2009

mariquito

Mariquito caminhava de volta a casa, brincada que estava a rua, fingida a escola, estafada a bola em correrias sem igual no mundo. Era hora de ter fome, de sonhar acabá-la, tentar matá-la por entre sopas de fraca postura e muita água. Mariquito sabia-se pobre e por isso sonhador e feliz.

Na esquina vazia de sempre, na loja das velas, oferendas, caixões e outros quejandos, parou-se-lhe o passo num repente que até a ele lhe pareceu estranho, logo a ele, Mariquito, quedado e fadado para desbravar as coisas ao tempo e modo que lhe apareciam, desapareciam ou sequer aconteciam. A imagem sumida para lá dos vidros com a poeira batida ao sol inclemente parecia-lhe coisa familiar, era homem importante, cara conhecida, a merecer respeito, temor e atenções mais, assim virado para a cruz e seu mistério jurou ouvir-se perguntar:

- Mas... quem és tu?

Gostou de saber e conhecer, era rei o homem, rei das pessoas e dos lugares, do amor e dos sofridos, de quem pouco tinha ou tudo possuía, rei da vida e dos animais, das cores, do céu, dos mares e outros lugares, rei com coroa ainda que de espinhos, filho d'Ele e mensageiro do seu verbo...

- E de mim, da minha vida, és rei também?

- Não Mariquito ... rei de tal não sou ... ando por aí e por ti.... quando há um espacinho, em meio às tuas correrias ... mas escuta-me, rei da tua vida, rei mesmo, de quereres caminhos e vontades, rei és tu, assim e para sempre, enquanto te lembrares desta esquina e quem tu és.

Mariquito chegou a casa e o frio e a fome pareceram-lhe pequenos, mais pequenos.
Sentia e sabia agora que era rei também !

3 comentários:

Artur Guilherme Carvalho disse...

Boa Malha!

redjan disse...

art: boa malha sim ... o mariquito !!

Vitor disse...

Amigo…tu e o Mariquito…por cima do zinco!!!