Maria seguia veloz, seguia quiçá perdida, seguia e seguia, como se a certeza dos dias não lhe trouxesse mentira ou hesitação, olhando sua meninice como coisa lá longe e sem memória, Maria era mulher e escolhia vestidos para as ocasiões, tantas e outras, povoadas de seres que nunca lhe adormeceram as noites de histórias agora tão longe, no tempo e na vontade, em coração de teima em guerrear.
Eram diferentes as noites de Maria. Repletas de gentes e de vazios, em músicas de psicadélicas fantasias, de liberdades certas, de fugas para lado algum, Maria era Maria e isso era coisa de deus. E Maria entendia os deuses, com eles brincava o jogo das auroras, dos destinos de rumo e mistério, com a certeza, com a beleza, de quem nada teme por nada querer.
Manuel, bem Manuel não existia. Não ali em mundo de Maria, não em lado outro de pés na terra, Manuel era fantasia, a fantasia, dos dias não nascidos em religião nunca rezada. E os dias em seu desfilar traziam e levavam as mãos, de Maria e Manuel, numa dança futurista de deuses de neón, na louca correria dos dias sem começo nem fim. Por isso, talvez por isso ou apenas por tal, Maria e Manuel desceram à terra e dividiram os medos sonhados, o nada perdido em caminhos de lendas e vidas suas. E tomaram um café, presentes e ausentes como só os destinados à verdade das coisas de nada podem fazer.
Adeus, disseram à saída. Foi bom ver-te por aqui.....