sábado, 28 de abril de 2007

paisagens .... !!!

Na fuga descontrolada de um velho cérebro sem esperança passam sem piedade as assassinas memórias ... do tempo de jovem, do tempo com vontades, do tempo com pessoas, do tempo com tempo, do tempo com sabor a liberdade, do tempo em que ser velho era a miragem infinita, do tempo em que se tinha alguém... agora, nem o pensamento era seu, era de uma vida passada onde por acaso estivera, onde por acaso se esquecera de viver! Estou velho de morte, comporto-me como um bébé descontrolado, mudam-me de novo as fraldas, quero apenas o calôr de alguém que não há... não há de facto ninguém, quer dizer esse tipo de alguém ! Aqui, morrem os velhos e cuidamos de de não querer crianças, é lugar de combatentes lobotómicos meu amigo, não é lugar de gente doente e carente, de vida e quereres! Antes de partir reolho as paisagens da minha vida, uma aguarela fraca e sem contornos e desejo pensar que apenas a minha loucura é assim ! Ao fim do dia, arrastam o velho mal cheiroso e dão uma festa de jardim com flores, onde se fuma e ri alto! E em duas telas se vive a mesma paisagem, numa um velho, noutra uma criança, e ambos sorriem, um de esperança outro de desilusão ... e ambos partem para outras paisagens !!!

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