quarta-feira, 14 de maio de 2008

muro de silêncio !

Parado jazia atrás de si, alto, quente, enorme e intransponivel muro de coisa nenhuma, parado barrava a vontade de se voltar, parado gritava as impossibilidades com que cruzara e tropeçara uma vida que agora não olhava, não via, a vida dos dias que não voltam atrás, a viagem de volta a lado nenhum, aos cheiros e dores, perdidos, tidos e abandonados em dias de coisa vazia. Parado ali estava, muro de transparência volátil, chumbo maior e peso de penas, penas fracas, penas doridas, tardes largadas em corridas de medos sós. Orava em frente ao altar daquele momento, prometia e pedia ao céu que não via, barrado estava, quente e grande era o muro que o fechava, de coragem pouca assim vedada. Quis chorar como menino, gritar como gritavam os loucos, quis dizer os nomes e levar-lhes pedaços, quis ser e voltar, os olhos içou em desafio, as mãos guardou em temor, tocou o muro e passou-lhe a mão em arrepio fantasma. Acordou e nasceu, saltou o fim dos fins e voltou. Àquele dia de calor escondido entregaria a cruz, a sua e a dos homens, a eles entenderia e saberia amar. Saltando muros de gente feita, onde as palavras se escondiam em música e embalavam sonhos perdidos!

5 comentários:

Cati disse...

É quase uma experiência religiosa. O embater no muro que não existe senão na nossa cabeça. O destruí-lo com a força do olhar carregado de coragem...

O mundo louco lá está, sempre no mesmo lugar, embora nunca igual.

Beijo*

Maria Manuela disse...

As saudades que eu tinha de te ler...

bjo

Ai e Tal... disse...

:) Um beijo

***MUAH***

Unknown disse...

Fantástico!

Anônimo disse...

Às vezes lutamos contra moinhos de vento porque os vemos... mas na realidade é contra o próprio vento que o fazemos.
Acreditar, ter fé, é cair, doer, levantar e renascer. E o vento lá estará em cada momento ora dificultando ora ajudando o percurso.
Fica bem, Red
Beijinho