quarta-feira, 6 de maio de 2009

o segredo da pele das zebras



Impávida, carregava em sua geometria a preto e branco os caminhos da humanidade, ora em definidos e precisos brancos, ali em pretos descoloridos, como na amálgama de quereres esquecidos pelo bicho Homem que a nunca lera em tal detalhe. E naquele carrocel, labirinto de segredos e vergonhas onde imperava a pequenez do outrora grande e filho d'Ele, caminhavam lado a lado a gorda e brihante ganância com a mais pequena das coisas pequeninas, reis e escravos, balofos e esqueléticos, suados e anafados rindo dos que à mãos das moscas sucumbem no pecado maior do cego assobiador. E como numa fábula, ali se ouviam cantar e dançar amores desamados, se ouviam os silêncios ensurdecedores dos gritos em olhares de quem não morre nunca, se viam nascer e morrer às catadupas coisas feitas Vida em corpos de gente. E na fábula, na contada ou noutra ainda não inventada, os bichos fugiam assustados por entre os caminhos da pele das zebras, guinchavam, urravam, piavam e esbracejavam, como se os braços tivessem e esbracejar fosse feito de valer a pena, e corriam e corriam, rezando pelo fim dos fins onde não coubesse o bicho mor, e fugindo fugiram e chegaram, ao fim da coisa e começo de coisa nenhuma, e gritava indignado o leão, pobre rei da selva menor, que mentiam os homens e que não iam a Roma, não iam dar a Roma, nem todos nem nenhum dos caminhos, e falou o macaco velho, porque era ancião e sábio e isso diziam as fábulas, que dali, daquele buraco negro viera a Vida para explodir em gente.
Na grandeza confluente de um negro trotado a canhão, chegou porém quem escrevia as coisas e inventava os fins. E na geometria daquele caos decidiu dizendo ... que ao buraco caminhe e termine a agonia da magia que um dia viveu no fantástico mundo da pele das zebras !

foto from ... Valter Dinis ... a big Bro of mine !

6 comentários:

Vitor disse...

É difícil resistir à reflexão…com estes textos, feitos histórias.

Anônimo disse...

Adorava estar dotada de um mimetismo fanérico igual à da tua zebra, para entrar, sem ser vista, no teu mundo onde brincas com as palavras, dotando-as, ora de sentido, ora jogando com elas apenas pelo deleite que elas parecem te proporcionar. Esse mundo imagino que seja um mundo cheiro de fantasia, com muitas fontes que jorram palavras, onde matas a tua sede de escrever. Gostava sim de ficar lá ao cantinho a observar, para poder compreender!

Anônimo disse...

Adorava estar dotada de um mimetismo fanérico igual à da tua zebra, para entrar, sem ser vista, no teu mundo onde brincas com as palavras, dotando-as, ora de sentido, ora jogando com elas apenas pelo deleite que elas parecem te proporcionar. Esse mundo imagino que seja um mundo cheiro de fantasia, com muitas fontes que jorram palavras, onde matas a tua sede de escrever. Gostava sim de ficar lá ao cantinho a observar, para poder compreender!

VDT disse...

Boa Bro, este deixa-nos a pensar...
Thanks 4 the credit!

Kasia Fiołek disse...

Nice photo! :))))

How are you?

redjan disse...

vitor: são palavras, histórias ... nada mais !

anónimo: fica e bebe um café!

vdt: a foto, essa sim ... está um estrondo!

kaza: CONGRATS !!! ;-)