quinta-feira, 15 de abril de 2010

de assafarge ao largo 7 de dezembro ...


Dali, da pequena Assafarge, ali ao Baixo Mondego, sai um caminho, um trilho. De esperança muita e distância sem fim nem horizonte. Sai a pessoa. Uma. Duas. Saiem muitas! E leva-as a mão de deus, qual não vem ao caso, leva-as o vento, levam-nas os dias de chuva, leva-as a força aprendida pela onda do querer. De Assafarge. Até ao fim do mundo se caso for. Pode ser Lisboa. Pode, mas não é. Pode ser Lourenço Marques, se a coisa se der em 1956!

Entro alheado mercearia adentro, encanta-me, sempre me encantou, o aspecto comercial da coisa e arte de venda a retalho, de bens da cesta básica e afins. Dos esfregões, às lâmpadas, passando pelas ' minis' que ali me levaram, essa era a encomenda do mestre d'obras a que dava serventia e ali me mandara em recado. Duas ' mini's' uma preta, outra branca, não era nem racista nem de gosto escuso. A cena passa-se, devo referir, no Largo 7 de Dezembro, que não sei se homenageia a criação do primeiro estado americano, o bloqueio de espanhóis e franceses à Cochinchina ou a descida do Vasco da Gama à segunda do Brasileirão, é pois nesse Largo que pela primeira vez deparo com um livro à venda numa mercearia. Cheirou-me a coisa boa. Como bom é o cheiro da vida simples e das mercearias de bairro. Reconheço a fotografia do autor. Já vi a pessoa em qualquer lado. Já vi sim, e de certeza. Pago as ' mini's encaro o homem merceeiro e solto:

- É o senhor o autor?

Levei quarenta e cinco minutos para sair a entregar a encomenda ao mestre d' obras! As minis.

E conheci quem sai de Assafarge para nos contar uma história. Com cheiros e cores, com gentes que em tempos fomos nós também.

Obrigado Orlando Pinto, senhor de Assafarge, Lourenço Marques e do 7 de Dezembro também !!!

ps: o livro vende-se na Bulhosa do Oeiras Parque ... Agora é convosco!

Um comentário:

Vitor disse...

Dasssss…pela capacidade que tens de descrever o que vês e sentes, e só o fazes quando o mesmo te agrada, e pelo instinto cinéfilo (salvo seja), de farejar coisa boa da escrita mesmo sem ser lida, estou capaz de me indagar do manuscrito… até como promotor és exímio, na forma como nos cativas e “tentas” no livro,encantando-nos na introdução ao mesmo…falando naquele registo tão teu e peculiar, só ao alcance dos que escrevem por paixão, e não por obrigação…
A extensão do comentário deve-se a alguma ausência minha dos mesmos…para compensar…e olha que no “outro lado”, não morde ;-)

Abraço