sábado, 3 de abril de 2010

manuel, pobre manuel

E mandou a história que se rezassem os nomes
E esqueceu o povo quem eram, de onde vinham
De onde brotava a corja
E porque perecia a alma
Gente feita bicho
Vida parida
De morte
Ferida

E nas galdérias promessas vendidas aos palermas
No fascínio do mundo daquela gente canalha
Ajavardada ganância
Que, vida, te fez puta
Esperto, te fez parvo
Homem, te fez bicho
E rezados os nomes como mandava o missal
Abençoados os porcos, bichos divinos

Perguntava-se Manuel, homem de nada e de terra alguma, se lhe houvera falado assim seu pai, homem sujo e amargo, mas sábio senhor de si ... ' que não te fuja a alma meu filho, antes te percas no vinho, antes te sangrem as mão de trabalho, que seguir gente esta, esta gente do caralho ' ... e Manuel que nunca o entendera, Manuel que agora o queria, para saber, para saber apenas, de onde lhe viera ciência tal, de homem rude e cheiro suado, de homem que foi até ao fim, que bichos não estavam no enterro nem em choros de funeral. Gente apenas. Mulheres de escuro, homens bêbados. Mas gente. Gente sim. Apenas!

E que os ignorantes sejam poupados ao desenlace
Cuidem camaradas d'essa eterna verdade entender
Que a podridão da alcova e fracas riquezas
De dedos no cú e cheiro de mulher fácil
Colhe os espertos, tão espertos
Que morrem de olhos abertos
Com alma e morte
Fingidas

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