terça-feira, 25 de março de 2008
rei ninguém !
Por entre ícones em gigante mármore e o ressoar musical de seus passos em batidas que se perdiam naquele imenso mundo de arcos, claustros e salões, onde se regiam as gentes e se moldavam em decretos vidas de vulgar pessoa, titubeava o pobre menino Rei, preso a medos seus e a uma teia fatal, infalível, de fracos devotos e poderosas cobiças que à sua volta gravitavam, num mundo de divinas luzes, de cleros e austeras leis, de conluios e punhais de morte, num desfiar de dias falhos de luz ou calores maternos, paternos, fraternos até. Aos doze reinava, com punho guiado por nobres e servos de Deus, por entre missas crescia, por entre guerras partia, por entre si e seus passos se afogava em tão cruel destino real, pobre menino sem vida. Rei era seu título, palácio o seu lugar, vida o seu secreto sonho proibido. E assim, dos seus passos escutava o ecoar, como se neles navegasse só, em mares sem fúria ou rancor, como se em desobediência real e divina o pudessem guiar para lá daquelas paredes, daquela prisão onde fermentava a trama, se comprava com velas, temores e queimas de incenso o perdão da traição à Palavra. Reinava pois só, em reino de coisa alguma, onde não havia tão simples e mágico momento em que olhando para dentro de si, viviam as gentes a condição de ser-se alguém ! Ganhou nome e cognome, loas lhe teceram e memória guardaram, a ele, logo a ele, que nem viver experimentara! Por entre tantas vidas de nada ....
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9 comentários:
Texto fantástico...
Roubaram a vida a este menino... Deram-lhe titulos por uma vida sem escolha; uma vida sem vida...!!!
***MUAH*** adorei
Quanta espiritualidade...
Muito bom.
beijos
Relembrei um livro que li,algures no tempo,de um menino que numa provincia da Ásia mandava qual rei,poderoso,...mas sem vida própia,pois essa pertencia a crenças e religiões...e assim não cresceu...e assim morreu.
Texto inspirado o teu!
Pois é...
Era uma vez um menino homem, não rei, talvez um pouco rei mas do seu mini castelo... um menino rei que diz que anda... Pouco inspirado!!!
pfffffff!!!
Kiss*
Muitas vezes o Rei vai nu. Muitas...
Abraço.
Olá Red, grande texto que fiquei a pensar como queremos sempre tudo qeu não temos e tão pouco valorizamos o que a vida nos oferece.
Espreita lá e diz-me se gostas.
Beijo.
Lina
O poder, esse grande amigo da solidão...
Estava com saudades do café...
E de um cigarro, daqueles que ainda se vão fumando nos sítios em que se pode, e daqueles que sabem...
Oi Red, se tu, rei da escrita, fores capaz e quiseres, descer uns degrauzinhos (muitos) até chegares à caixinha (algures na cave) - tenho lá um desafio para ti; penso que podes gostar de o fazer.
Red Kisses (o verde neste momento não está com nada e estou numa de te dar graxa)! :]
rei? talvez antes escravo de uma vida....
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