sexta-feira, 5 de março de 2010

hector

Parou de chover. Começou a ventar. Como se o mundo sem querer, te deixasse pensar.
Em não morrer, e em dias de amar, como se a vida com querer, te levasse a sonhar. Na chuva que pára, no vento que corre, como a vida com gente, de amor que não morre.

Pára Hector, estás outra vez com aquele olhar, de menino que não és, de abençoado da sorte, sai e corre a trabalhar, o sustento não voa em palavras de ninguém, vai-te miúdo fantasma, dá aos braços, consome-te ao sol, mirra ao frio e foge à fome, mostra-me as mãos, que as quero sujas, de lama que não de tinta, de sangue que não de arabescos de escriba.

- Vai trabalhar caralho, são horas e tua mãe doente, e teus irmãos, e teus irmãos? Mas quem pensas que és? Porque te chamei Hector ? A ti... que és ninguém!

Recomeçou a chover, foi-se o vento sem olhar para trás. Como se o mundo sem querer, não se deixasse ele ousar. Em viver, e em dias de ficar, como se a vida com querer, não amasse pensar. Na chuva que corre, no vento que morre, como a gente com vida, que descobre um lugar.

Hector morreu aos 10 anos. Feliz. Homem já. E na chuva escreveu, o vento que não morreu!

3 comentários:

Vitor disse...

Amigo Jan,há que fique incomodado, mas eu não!...puta de vida a do Hector…e ouvi algures:"A dor é como o vento,sentimo-la mas não a vemos"...Que história caralho!

Abraço

redjan disse...

Vitor: nah.... não há quem se incomode muito. Nem com o Hector, nem com o palavreado taberneiro. Pensa bem .. vais ver que tenho razão !

Vitor disse...

…Pois pensei… aliás nem o precisava fazer! Dizes o que pensas, escreves o que muito bem te apetece, e o que te vai na alma, coisa que muitos, por este ou aquela razão não o fazem, e só por isso tens a minha admiração, mesmo com linguagem de taberna…aliás, coisa que os “engravatados”davam o cú e oito tostões para o fazerem, mas a puta da gravata…!!!E não sei se será assim tanto taberneira. Já ouvi pior no parlamento…mas esses, têem imunidade política, e estão-se a cagar para os Hectores deste planeta, não é?

Dentro ou fora da taberna, com ou sem vernáculos, vai escrevendo, e incomodando… pois a mim não me incomodas nada, antes pelo contrário!

Abraço,AMIGO