terça-feira, 20 de janeiro de 2009
pessoinhas !
Todos os dias temos oportunidade de ler, ver e ouvir as opiniões desta ou daquela pessoa, sobre assuntos tantos que vão desde o preço do pão, os buracos na estrada, às mais intrincadas previsões e conjecturas sobre a evolução, senão da espécie humana, lembremo-nos de Darwin, pelo menos à da espécie lusa, esta sim a trazer-nos em maiores cuidados, logo abraçando e açambarcando com naturalidade a parte de leão, salvo seja, da nossa atenção e respectivo menear de cabeça em acordo ou talvez não. Uns há que pelo seu verbo fácil, ar de gente em quem se pode acreditar ou pela exposição lógica e inteligente de uma verdade La Palissiana, que assim lhes confere uns créditos mais, uns há dizia, que caiem no goto da gente e assim vão sendo apreciados em suas aparições, perdoados em suas falhas ou omissões, principalmente os que utilizam o espaço televisivo como palco dos seus malabarismos verbais, mais expostos mas simultaneamente mais endeusados. E há os que, por via de um estrelato conseguido por artes de analistas do olimpo, passam para a escrita a continuação da sua evangelização das massas, romanceando em pesados volumes ou páginas de jornal. E estas, as massas, agradecem e meneiam de novo, vendo a oportunidade de formar opinião sem a parte chata e trabalhosa de perceber o porquê das coisas. Um destes magos da opinião sábia e saloia, que adora ouvir-se a si mesmo, leva a coisa mais longe, achando por certo que cada coisa que diz, pensa e afirma, é não só inquestionável, como pertence ao campo das coisas escritas com a graça, luz e ironia dos iluminados. Sentadinho no seu canto, gosta de analisar e esmiuçar o assunto sobre o qual vai botar divina faladura, separa toda e qualquer verdade que vá contra a dama que defende, qual menino que põe de lado a cebola no prato. Acontece que a cebola por ali é bem mais que as batatas que acaba por servir, não se dando ao cuidado de tentar perceber que quem o lê, das duas uma, ou é um crente ajoelhado e de cérebro pouco que a tudo lhe dirá 'amén', ainda que este o mande vender a mãezinha, ou então, em duas penadas desmonta uma argumentação baseada numa manipulação tosca e demagogia de pacotilha.
Acabo de ler a pessoinha, chego a ter dó do seu esforço de apoucar uma realidade na qual o moço parece viver obcecado, ele e outros tantos como ele, que assim lhe garantem audiência ao escrito semanal, numa masturbação colectiva de frustrados mentais. Uns aplaudindo e grunhindo, o outro agradecendo embevecido o reconhecimento de sua pessoa ímpar na certeza de seu cagar. Dizem-me que o elemento escreve romances de grande porte. Imperdíveis. Grandes devem ser, pois que tendo-me sido oferecidos, ocupam cerca de seis centímetros de largo em seu lugar de estante, de onde saiem apenas para que o pó se limpe com maior facilidade. Já quanto ao segundo epíteto ... estarei também de acordo, pois que perder três trambolhos, só mesmo de propósito.
Parece todo este escrito um arrazoado de críticas avulsas ? Talvez. Mas é apenas a reacção que me suscita este tipo de pessoinhas que, do alto de seu banquinho de artista prestidigitador de palavras, acham que todos seguem pela bitola dos palermas voluntários que papam a sua receita requentada de verdades de La Palisse, mostrando o perfuminho que querem das damas que defendem, escondendo-lhes o cheiro pútrido e assobiando para o ar quando lhes convém. Dos que o lêem duas coisas têm garantidas: o ' sim pois claro ' dos imbecis e a piedade dos outros. Nada mau ainda assim, leva mais que o merecido!!
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8 comentários:
Há-os, sim, talvez mais do que devia haver, garantidamente mais do que aquilo que tenho paciência para aturar. Falam de tudo como quem sabe com a pose que assegura aos papa-tudos que "sabem realmente o que dizem", cuspindo teorias insípidas que fazem os outros agarrar a barriga de riso.
Posso garantir que pessoinhas assim fizeram de mim consumidora de séries em que prefiro tentar adivinhar antes do fim do episódio quem é que estripou o tipo ou como é que a velha do andar de cima apareceu morta ou afinal quem é que foi pelos ares no jipe.
Porque para eles não há duas reacções mas sim três: entre o "ai jesus, ai sim pois claro" e o "tadito, mais valia estares calado, não ?" faltou a do "deixa cá mudar de canal que já não há cu que aguente este gajo".
O mentir, omitir, o que hoje é, amanhã deixa de o ser e por ai fora, passou a ser ou sempre o foi, prática corrente deste país. E como tal albergue ideal dos Tavares, Rebelos e Searas, que debitam a seu bel-prazer tudo o que lhes convém e a outros, sem que haja coragem do outro lado da barricada de desmontar tal concluiu…vá-se lá saber porquê?
P.S.Com a qualidade deste texto, facilmente punhas a suplente o “maduro” da escrita, qual ceguinho, quando lhe convém, que periodicamente tem como missão irritar a “malta”cá de baixo.
xr: talvez mesmo m ais do que devia haver .. pois !
vitor: tirando a parte da qualidade do texto ... ah pois é... ;-)
Se estamos a falar do M.S.Tavares, tb tenho 3 livros seus na estante e, na altura, gostei imenso de ler “Não te deixarei morrer David Crockett”. Gostava imenso do carisma do homem, do seu ar de menino mimado, de mauzão e contestatário…confesso que tb ajudava o facto de ser um defensor acérrimo dos fumadores.
Actualmente,e desde que a sua arrogância passou a roçar o absurdo, deixei de o suportar e pura e simplesmente optei por não o ouvir, não o ler e não olhar sequer para o seu porte altivo…assim evito uma mais uma irritação desnecessária.
gg: é da pessoa mesmo. E para ler pessoas que não gosto enquanto ' papagaios' leio o saramago das minúsculas e seu génio, abstenho-me de o fazer em relação a romances bonzinhos, segundo dizem, carregados de imprecisões, segundo leio em disputa verbal, e outras coisas mais, segundo artigo de revista semanal, daquelas em bom. Ainda que sendo os últimos do mundo, não sei se leria as historinhas do deusinho falador, nem mesmo se não houvesse mais nadica para fazer. Acérrimo defensor dos fumadores ou ... dos direitos dos fumadores, cagando nos seus deveres? É diferente e não tem glamour, apenas aquele ' porque me apetece' tão nosso, tão ' tuga '.
A arrogância roça o absurdo ou ... entra-lhe pela traseira adentro, é mais isto, acho, tipo irritação...zorra, como sugeres !!
Perdi-me. O que é que o bicho fez agora, além de se manter parvamente surdo só ouvindo a sua verdade???
art: a oeste nada de novo .. mas deparo-me com o botador de sentenças n' A Bola .. e lá me saiu um desabafo ..
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