Cala-te mendigo, em teu olhar
Tão sujas tuas mãos, de nada
Fracos, teus olhos de abandono
Cabelo, cheiro e pés de morte
Ainda lembras o sitio de amar
De manhãs e noites de mão dada
De deuses e orações sem dono
Almas de uma corte sem sorte ?
Perdida a vontade de te querer
Os lugares teus para conhecer
Em paisagens de sol e tanto ver
De mil dias e tempo de teu ser
Perdoarias mendigo meu esquecer
Tanta indiferença sem perceber
Que de vida de gente vi morrer
A vontade esquecida do teu sofrer
A verdade te diria, essa verdade
Tão dura, suja, feia e com rosto
Teus olhos veria, em mim guardaria
Neles leria, veria e aprenderia
O bocado de gente e medo guardado
Lugar que temo e onde te vejo posto
Mendigo, morro e sonho com o dia
Em que teu cheiro e vida amaria
sábado, 5 de abril de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
É um prazer lêr
Um constante aprender
Ter coragem de dizer
Tal a forma de escrever
às vezes dificil de entender..!
Há muitos anos um arrumador de automóveis disse-me que o que mais o magoava não era que não lhe dessem dinheiro, mas que nem sequer o olhassem na cara e o tratassem como gente. Por isso, gosto da forma como humanizas este mendigo. Tamos que ter este olhar bondoso sobre os outros, destituído de qualquer sentimento de superioridade.
Beijo, D.
Postar um comentário