sábado, 5 de abril de 2008

mendigo !

Cala-te mendigo, em teu olhar
Tão sujas tuas mãos, de nada
Fracos, teus olhos de abandono
Cabelo, cheiro e pés de morte
Ainda lembras o sitio de amar
De manhãs e noites de mão dada
De deuses e orações sem dono
Almas de uma corte sem sorte ?

Perdida a vontade de te querer
Os lugares teus para conhecer
Em paisagens de sol e tanto ver
De mil dias e tempo de teu ser
Perdoarias mendigo meu esquecer
Tanta indiferença sem perceber
Que de vida de gente vi morrer
A vontade esquecida do teu sofrer

A verdade te diria, essa verdade
Tão dura, suja, feia e com rosto
Teus olhos veria, em mim guardaria
Neles leria, veria e aprenderia
O bocado de gente e medo guardado
Lugar que temo e onde te vejo posto
Mendigo, morro e sonho com o dia
Em que teu cheiro e vida amaria

2 comentários:

Anônimo disse...

É um prazer lêr
Um constante aprender
Ter coragem de dizer
Tal a forma de escrever
às vezes dificil de entender..!

Doramar disse...

Há muitos anos um arrumador de automóveis disse-me que o que mais o magoava não era que não lhe dessem dinheiro, mas que nem sequer o olhassem na cara e o tratassem como gente. Por isso, gosto da forma como humanizas este mendigo. Tamos que ter este olhar bondoso sobre os outros, destituído de qualquer sentimento de superioridade.
Beijo, D.