quarta-feira, 2 de maio de 2007

conforto, tanto conforto .....

... no meu sofá de mediocridade, onde me sento e refastelo, num mundinho de não quero, não posso e não mando ! Cuido que assim vou lá, cuido sim ....
E como gosto dos pobres exibidos, da desgraça em cabeçalho, sou magnânime, dispensador de migalhas, dou a esmola a quem já dela nada faz senão rastejar um pouco mais, mas não dou mão, não dou mãos, fazem-me falta para as manigâncias, esta vida é fodida e eu bem sei, e não me papam, sou pisador subrepticio, chico de alarve esperteza ! E sei que era fácil, tão fácil, tudo mudar, sentir o prazer de ser alguém, de ser de alguém, mas já não me lembro de como parar, nesta escadinha de pisa e calca, mais... um pouco mais apenas, quero ainda ir mais além, já tenho mas não me chega, tenho tudo e tanta coisa, menos tempo eu sei... tempo para parar e te ouvir, te ter e te sentir .... sai daqui velho, gastaste o teu tempo .... ajuda-nos e morre, choramos-te alto num enterro de parca tristeza, com horário e tabelado, vai-te daqui, leva as histórias da tua vida ..... Quando fôr igual a ti então te compreenderei, como é de morte a solidão onde não posso chorar, posso apenas cheirar mal e a velho.... suscitar ascos e medos e pressas !
E sei que quis um dia que fosse diferente, sonhei com amor e com amores, onde abria os braços para ter a vida. Mas rápido me ensinaram a ser grande, a querer grande ... a ter tudo sem nada ..... nem velhos, nem histórias, nem lugares nem passados ! E sei que nada posso fazer, sou esperto e atrevido, cobarde de preguiça cheia... e pelo simples preço de não viver, pensando em não pensar, finjo que não acabarei também, com os cheiros do abandono, sem ouvintes para a vida que foi minha....
Entretanto, que se f..... passam-me o comando e cago d'alto no assunto! Sentado, no meu sofázinho de faz de conta, mudo de canal, de história, de mundo e de vontades ! E assisto ao filme da noite ... o império dos mortos vivos!!

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