quinta-feira, 17 de maio de 2007

nem quero olhar ...

Grande o medo de olhar ..... de olhar para dentro de si, medo grande de perceber onde teria errado, quando escolhera mal o caminho, esse caminho que percorria como cego sem vontade, mudo e surdo, onde cabia apenas uma pessoa que desesperadamente construia, como um puzzle sem peças que encaixassem, onde não se estendiam mãos para mãos estendidas, onde olhares de desespero batiam sem entrar, vidas que apenas nos queriam um momento, o momento que não tinha, senão para essa fuga que teimava em acontecer, atrás de quem ou quê? Por onde andava, onde se perdera, por onde deixara entrar a solidão, porque se inventavam desesperos, tantos desesperos, nossos, de outros, de vidas que nunca chegam a nascer .... E porque andaria às voltas atrás desse algo que um dia soubera ter, num vislumbre que tentara aquecer dentro de si ? Onde, quando, mas em que momento se fizera desaparecer e alinhara na fila de morte, de morte de vontades e de quereres, por quanto vendera o seu tesouro de 'sentires' ? E porque viveria em segredo e solidão a mais pura criação, o seu ' eu ', porque havia abandonado aquela criança, porque cedera a crescer, a saltar da vida e não para a vida ?
Acordou do pesadelo, o primeiro na sua tenra idade de seis anos ! E jurou não crescer ....
Mas cresceu ....
Não crescemos todos afinal??

Um comentário:

José Ceitil disse...

parafrazeando o meu amigo Aventino na mensagem que me mandou para o telemóvel, "não fui eu que disse..." que, "se alguém te quiser dar um conselho, não aceites porque se fosse bom não to dava, vendia..."
Da vida, da nossa, sabemos nós e por isso vemos e sentimos as coisas da maneira singular que nos identifica e distingue dos outros.
Os sonhos e os pesadelos são objecto de estudo de psicólogos e psiquiatras e interessam-lhes científicamente e também, já agora, porque vivem disso. A nós interessam-nos na medida em que preenchem os nossos sonos e alimentam os nossos desejos de fantasias e prazeres ou de medos e angústias. Mas são nossos e só nós saberemos o que na verdade significam e como lidar com eles.
No meu caso e apenas porque sou mais velho, já dormi mais que tu e o que te digo é que todas as idades são boas e o segredo está em crescer em todas elas. Ou aprender, que é a melhor forma de crescer que eu conheço.
Um abraço e boas férias, amigo.