sexta-feira, 1 de junho de 2007

the devil ... can wait !!!!

Há anos que sabia sofrer de um sindrome, eventualmente comum a outros mortais, mas que no meu caso roçava a perfeição: o sindrome do pagamento na caixa! Revelou-se desde cedo e evoluiu para um estágio em que mais do que me incomodar, fazia já parte de mim! Desde sempre, desde que a mim competia pagar as compras que fazia, que a chegada à caixa trazia sem falhar alguma emoção ! Ou eram artigos sem etiqueta, ou sem preço, ou sem referência, ou sem pai e mãe, não interessava, o facto é que na altura de despachar a coisa dava sempre para um café e um cigarro se por ali houvessem ! Mais tarde, começaram outras nuances, como o papel da máquina ter de ser substituido, quando não a própria máquina, ou nos melhores dias a funcionária em fim de turno ! Caixas a fechar no momento exacto em que nelas enfileirava já nem contavam para a estatistica! Cheguei ao ponto de nem estranhar se a menina da caixa me dissesse que tinha de aguardar pois ia ter um bebé! Aprendi a viver com isso, mais, a gostar do momento! Alguns conhecimentos se fizeram em tantos e tão prolongados momentos de quietude forçada! Nos últimos tempos o diabo chegara ao ponto de introduzir um elemento novo que com gosto acolhi ! O cliente anterior ! Poderia e deveria ser aproveitado semelhante manancial e assim o fez a rabuda figura! Adiante, amigos como dantes! Numa versão de mais arrojo, apareceu também a figura do ... cliente seguinte ! A velhinha fatigada, a mãe com bebés, a grávida, o idoso, o jovem, o adolescente, tudo era motivo para perguntar se por ventura me importava de ceder o lugar ! Concerteza, por quem sois, eu vivo parte da minha vida aqui ... sou da casa!
E no entanto ontem, qual noticia abrupta que se recebe por norma a meio da noite ... chego ao caixa para pagar e .... NADA! Isso mesmo, nada! Olhei para o lado , para os dois lados, para cima, para baixo e nada! Olhei para a caixa, o objeto e a menina e ... nada de novo! Ninguém atrás, ninguém à frente, eu ali só e desamparado, na desconhecida tarefa de pagar e ir embora sem mais delongas ! Senti-me abandonado, parte de mim desmoronara mas .... cést la vie, tudo tem um fim!
Ainda combalido e a pensar na coisa, chega o fim da manhã do dia seguinte e no regresso a casa entro num posto da BP, para uma rápida aquisição de um maço de Marlboro! Tudo calmo, apenas um cliente e três funcionários ! Espero a vez que se anunciava fulminante quando sinto um tremor vindo do nada! A pessoa à frente, um tipico falador, conversador engraçado, aproveitava a tarde de promoções do posto ... ' leve três e ganhe um copo ' , e gracejava enquanto adquiria! Ao melhor estilo brasileiro, era artigo a artigo, nada préviamente decidido! E quando já sacava o cartão, lembrava-se ainda disto ou daquilo ( uma daquelas pilhas quadradas que nem sei para o que servem marchou também ) ... e então sim , pague-se! Não sem antes meter o cartão dos pontos, espere, nunca sei onde o tenho, ai esta cabeça ... espere... desculpe... mais uma graçola ... mais um artrigo ! Ele ali estava no seu melhor: O SINDROME !! E quando a pessoa sai da frente e me preparo para pagar com a esquerda e com a direita apanhar o maço, voilà ... a mãe do dito cujo , e se o dito não era novo imaginem a progenitora, a mãe surge em palco e toma que por aqui me avio! Sem graçolas mas com uma puta de uma surdez ... conseguiu que a peça se mantivesse em palco mais uns bons dez minutos ! Eis senão quando, um dos funcionários que à volta gravitavam se lembra de dar uso ao corpo, pegar em si e chamar ... o próximo por favôr.. para esta caixa!
A medo olho para trás e numa fila de cinco pessoas já dá-se o milagre: nem mães, nem pais, nem pessoas de idade avançada ou por avançar! Arrisco e ... atiro-me, já mal me lembrando do que me levara aquele teatro de torpor!

- O que deseja por favôr ?
- Um taco por favôr, dos de basebol! Um não, dois... melhor três : um para o cabrão do velho, outro para a mamã dele e o terceiro para o capeta que se atrasou 24 horas!!

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